O crescimento da demanda global por alimentos, combustíveis e madeira criará uma pressão inédita e insustentável sobre os
remanescentes florestais do mundo quando a população passar dos atuais 6 bilhões para 9 bilhões de habitantes, segundo dois
relatórios divulgados na segunda-feira (14).
O crescimento da demanda global por alimentos, combustíveis e madeira criará uma pressão inédita
e insustentável sobre os remanescentes florestais do mundo quando a população passar dos atuais 6 bilhões
para 9 bilhões de habitantes, segundo dois relatórios divulgados na segunda-feira (14).
O texto da Iniciativa por Direitos e Recursos (RRI, entidade dos EUA) diz que esse fenômeno pode agravar o aquecimento
global e ameaçar povos indígenas.
"Pode argumentar que estamos à beira da última grande ocupação fundiária global",
disse Andy White, co-autor do relatório intitulado "Vendo as Pessoas Através das Árvores".
"A não ser que algumas medidas sejam tomadas, os donos tradicionais das florestas, e as florestas em si, serão
os grandes perdedores. Isso significará mais desmatamento, mais conflito, mais emissões de carbono, mais mudança
climática e menos prosperidade para todos."
A RRI é uma coalizão global de ONGs ambientais e conservacionistas, com foco específico na proteção
das florestas e no gerenciamento e direitos dos povos nativos.
O relatório diz que, se não houver um rápido incremento da produtividade rural, uma área equivalente
a 12 Alemanhas terá de ser devastada para dar lugar a mais produção de alimentos e biocombustíveis
até 2030.
Praticamente todo o aumento deve ocorrer nos países em desenvolvimento, principalmente em áreas florestais.
O segundo relatório, intitulado "Da Exclusão à Propriedade", diz que os governos ainda são
donos da maioria das florestas nos países em desenvolvimento, mas pouco se empenham para garantir a permanência
e os direitos dos seus povos, que habitualmente se comportam como os seus melhores guardiões.
O RRI diz que os governos não conseguem conter as incursões agro-industriais sobre as terras indígenas.
Cita como exemplo o cultivo da soja e da cana no Brasil, que deve saltar de 28 milhões de hectares atualmente para
128 milhões até 2020 - com grande avanço da fronteira agrícola sobre a Amazônia.
"Enfrentamos um déficit de democracia, afetada pelo conflito violento e pelos abusos aos direitos humanos",
disse o advogado ganense Kyeretwie Opoku, especialista em direitos civis, ao comentar os relatórios.
"Devemos tratar das desigualdades subjacentes consultando os povos da floresta e permitindo que eles tomem decisões
próprias relativas às ações da indústria e à conservação", acrescentou.
Fonte: Portal do Agronegócio
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