Simadi
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. - 29/09/2010

Empresários na política

Em artigo publicado no Brasil Econômico desta quarta (29), presidente da Fiep defende que empresariado se torne agente de fortalecimento da sociedade e de saneamento da política pública

O empresário brasileiro precisa exercer uma liderança cada vez mais relevante para ser um agente de fortalecimento da sociedade e de saneamento da política pública. Não é apenas pagando impostos, gerando empregos e produzindo riquezas que vamos cumprir o nosso papel de promotores do desenvolvimento.

A primeira atitude é mudar nosso velho discurso. É preciso ir além da afirmação de que o crescimento econômico resolverá os problemas do país. Ir além da reclamação contra os altos impostos e da luta pela redução dos juros. Da reivindicação por políticas públicas de concessão de privilégios setoriais.

A segunda coisa que devemos fazer é parar de falar apenas para nós mesmos. Nossa tônica eminentemente corporativa não consegue dialogar com o resto da sociedade.

Foi assim que até hoje participamos da política com uma agenda setorial, seja através de estudos de alto nível encaminhados às autoridades, seja articulando lobbies nos parlamentos ou nos poderes executivos ou financiando candidaturas nas eleições. E continuamos atores políticos subalternos.

Os governos, agindo com esperteza, deixam pendida sobre a cabeça do empresariado a espada da fiscalização. Os empresários se deixam intimidar por medo de retaliação e do uso discricionário dos instrumentos do Estado.

A consequência é que, quase sempre, o empresariado entra no jogo da velha política. E esse jogo é armado para nos impedir de fazer a diferença também na política. Na verdade, não há muito que temer, porque o empresário é um cidadão que tem direito de assumir seu protagonismo político e de não ser ameaçado.

Basta que nos organizemos para agir proativamente, não como quem pede alguma coisa a alguém, mas como quem faz o que acha que deve ser feito. Com determinação e desassombro.

Estou convencido de que nós, os empresários, temos uma missão e para bem cumpri-la precisamos dar um salto de qualidade na participação política. Os sindicatos dos trabalhadores fazem política. Os empresários fazem lobby. Falta abrangência e persistência na nossa atuação política.

Um episódio ocorrido durante a Constituinte de 1934 pode ilustrar bem a minha tese. O deputado Horácio Lafer, do PSD-SP (1900-1965), encontra um colega no saguão do Palácio Tiradentes, no Rio. O deputado pediu uma conversa com Lafer e adiantou que era sobre negócios.

"Deputado, aqui não é lugar para tratar de negócios. Se o senhor quiser falar sobre política, terei o maior prazer em recebê-lo no meu gabinete". Lafer, liderança altamente inspiradora, foi advogado, empresário do grupo Klabin e ministro da Fazenda de Getúlio Vargas.

Assim, influenciar de fato a agenda de interesse nacional só poderá ser um fato a partir do nosso diálogo com as forças sociais diversas e expressivas. E também com a mobilização da sociedade em torno de uma estratégia de desenvolvimento para o Brasil.

Que garanta a defesa da liberdade, da democracia, do Estado de Direito e da ética na política. Este projeto de desenvolvimento certamente vai requerer um novo estilo de liderança empresarial.

Rodrigo da Rocha Loures é presidente da Fiep e membro  do Conselho de Desenvolvimento

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