Simadi
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. - 24/09/2010

Indústrias ainda não se recuperaram da crise

Mais da metade das indústrias brasileiras (59%) ainda não se recuperaram dos efeitos da crise econômica mundial. Esse dado consta na Sondagem Especial - A Indústria Antes e Depois da Crise - divulgada, ontem, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Apesar da economia brasileira vir colecionando diversos índices positivos, especialmente neste ano, nem todos os setores estão conseguindo desfrutar do clima de euforia.

Tal discrepância, segundo a CNI, ocorre porque os problemas decorrentes da crise afetaram setores específicos, principalmente, aqueles dependentes do mercado externo. Madeira, móveis, couros e calçados foram os segmentos que se reconheceram como os mais atingidos.

O câmbio impactando negativamente no volume de produtos exportados e a consequente dificuldade de acesso ao crédito são os principais obstáculos para a retomada das indústrias em dificuldade no país.

“O crédito voltou à normalidade para quem voltou à normalidade, mas para os setores que permanecem com problemas de caixa, só diminuiu o acesso a financiamentos”, explica o gerente executivo de políticas econômicas da CNI, Flávio Castelo Branco.

De acordo com o levantamento da CNI, entre as empresas que não retomaram o padrão normal de investimentos e que buscaram crédito, 59% afirmou estar mais difícil o acesso após 2008. Já entre aquelas que conseguiram recuperar o mesmo nível de investimentos, 27% declarou isso.

 

 

 



No quesito exportações, 51% das empresas que exportam reconhecem que a demanda externa é menor do que antes da crise. “Quando pegamos as notícias boas sobre o desempenho da indústria brasileira, observamos apenas a média, porém, algumas empresas grandes acabam absorvendo os resultados ruins de outras”, ressalta Branco.

Para ele, o governo deve dedicar uma atenção especial a esses segmentos com problemas. “A CNI já vem buscando alertar o Ministério da Fazenda sobre a necessidade de criar meios de melhorar a competitividade desses setores, bem como elaborar mecanismos de incentivos via tributação e via o desenvolvimento de linhas de crédito específicas”, revela Branco.

Do total de empresas ouvidas pela pesquisa, 72% responderam que foram afetadas pela crise. Dos 27 setores da indústria de transformação analisados, 20 avaliaram que os impactos da crise ainda não foram totalmente superados. A sondagem foi realizada de 30 de junho a 20 de julho deste ano, com 1.353 empresas, das quais 771 pequenas, 393 médias e 189 de grande porte.

Outros resultados

De acordo com o estudo da CNI, para 68% das empresas que sentiram os efeitos negativos da crise, a demanda interna é maior hoje ou permanece inalterada em relação à fase pré-crise, enquanto que para 32% o mercado doméstico se reduziu.

Outros dados que constam na sondagem destacam que a produção aumentou ou permanece a mesma para 63% das empresas e diminuiu para 36% delas. Já em relação ao número de empregados, 69% responderam que houve crescimento ou se manteve estável, enquanto que para 27% houve redução.

Crise atinge madeireiras há mais tempo


Um dos setores mais tradicionais da economia paranaense, o setor madeireiro, há pelo menos quatro anos não consegue compartilhar da sensação de bem-estar econômico que tomou conta da indústria nacional.

Voltado basicamente para o mercado externo, o setor vem sendo pressionado seguidamente pelo câmbio. “Não temos mais preço para competir com a China no mercado internacional. O nosso câmbio inviabilizou a produção”, lamenta o empresário Luciano Camilotti da Industrial Madeireira Camilotti (IMC).

Desde 2007, para não fechar as portas de sua empresa, Camilotti precisou reduzir em mais de 50% a produção de madeira (de 800 m³ para 370 m³) e enxugou para um terço o quadro de funcionários (passou de 154 para 56).

“Com a queda nas exportações, as empresas passaram a contar com o mercado interno, porém, ele não dá conta de absorver o volume que produzíamos há quatro anos, nem remunera com os valores que recebíamos do mercado internacional, se nada for feito, a tendência é que mais empresas fechem”, aponta o empresário.

“A situação só não é ainda pior porque a decolagem da construção civil alavancou a demanda por produtos como portas”, complementa. De acordo com o Sindicato das Indústrias de Madeira do Paraná, nos últimos quatro anos, 60% dos postos de trabalho do setor desapareceram e estima-se que 37% das empresas do estado estejam em processo de encerramento das atividades.

 

 

 

Foto: Arquivo Madeira Total



Fonte: Paraná Online - Magaléa Mazziotti

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