Simadi
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. - 21/09/2010

Para Henrique Meirelles, valorização do real é conjuntural

Em palestra na Fiep, presidente do Banco Central diz que o câmbio deve se "normalizar" no longo prazo

Em uma palestra realizada nesta segunda-feira (20) na Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, classificou a apreciação recente do real diante do dólar como um fato "conjuntural", provocado em parte pelos problemas atravessados pela economia norte-americana. Ele destacou também que o Brasil, juntamente com a Austrália e a Nova Zelândia, está em um grupo de países cujas moedas tendem a se valorizar com a alta demanda por produtos básicos no mercado internacional.Para ele, no entanto, é preciso levar em consideração que o País tem um déficit em conta corrente, fator que deve normalizar o câmbio no longo prazo.

O presidente do BC falou a uma plateia formada por empresários e respondeu a perguntas feitas pelo presidente da Fiep, Rodrigo da Rocha Loures. "O período não é usual. Hoje o Brasil vai muito bem, o País está crescendo, enquanto no mundo há muita incerteza. É o preço do sucesso", disse Meirelles referindo-se à valorização do real. Ele afirmou também que, enquanto a cotação do dólar cai, é preciso fazer um trabalho para aumentar a competitividade do País, com investimentos em máquinas, infraestrutura e mudanças tributárias.

A busca pelo aumento da produtividade, aliás, é uma das questões prioritárias para o País nos próximos anos, na opinião de Meirelles. Para ele, é natural que o Brasil passe a debater com maior dedicação questões como educação e infraestrutura, já que superou nos últimos 15 anos o problema da instabilidade macroeconômica. "Resolver questões como a educação é a possibilidade que nos dá a estabilidade", declarou. Outra prioridade é a elevação da poupança e do investimento, que precisam crescer para sustentar a expansão da economia.

Segundo Meirelles, a manutenção do câmbio flutuante, combinado a reservas internacionais fortalecidas, é um dos pilares desse período de estabilidade macroeconômica. Além disso, a inflação dentro da meta e o controle das contas públicas, que ajudou a reduzir a relação dívida/PIB nos últimos oito anos, são essenciais para que o País se volte para o planejamento de longo prazo. Com essas três políticas, houve uma redução acelerada nos riscos para quem aplica no Brasil, o que se refletiu no aumento dos investimentos.

"A aplicação rigorosa das metas inflação gera estabilidade macroeconômica, que reduz o risco inflacionário. As reservas crescentes e a dívida externa cadente levam a uma redução do risco cambial. Superávits primários, com a dívida pública cadente, reduzem o risco fiscal", explicou Meirelles. "Isso se refletiu em uma redução da taxa de juros de captação do Tesouro, o que acentua a estabilidade."

Um dos efeitos da manutenção desse tripé, lembrou Meirelles, foi a capacidade que o Brasil teve para lidar com a crise econômica a partir do fim de 2008. "O Banco Central conseguiu aplicar medidas de liquidez e fez com que o mercado voltasse a funcionar", disse. Outra consequência dessa política foi a redução do custo para se investir no País, o que fica claro com o aumento do crédito de 25% do PIB em 2003 para os atuais 46% do PIB. Além disso, as empresas passaram a ter maior espaço para captar recursos junto ao mercado, e houve mais previsibilidade para o investimento estrangeiro direto (IED).

Meirelles ressaltou que o cenário mais estável está se traduzindo em ganhos para toda a população, com a geração de empregos se acelerando nos últimos anos, a entrada de mais de 35 milhões de pessoas na classe média e o saldo de 20 milhões de pessoas que saíram da extrema pobreza. "Do ponto de vista do empresário, temos hoje um mercado consumidor maior, mais estável e mais robusto", concluiu.

or que deve normalizar o câmbio no longo prazo.

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