Simadi
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. - 15/07/2010

Brasil deve superar assimetrias para crescer, diz Ciro Gomes

Em palestra na sede da Fiep, ex-ministro apontou juros elevados, atraso tecnológico e tamanho da escala da produção como ameaças para o País

O deputado federal e ex-ministro Ciro Gomes defendeu, na noite desta segunda-feira (12), durante palestra no Cietep, em Curitiba, que o Brasil precisa superar três importantes "assimetrias" para consolidar seu processo de crescimento e evitar colapsos no futuro. Segundo Gomes, o País deve aumentar sua poupança para investimentos, alcançar maturidade tecnológica e aumentar sua capacidade de produção em grande escala para ter condições de competir com as principais economias do planeta.

A análise de Ciro Gomes sobre a conjuntura político-econômica brasileira aconteceu durante o lançamento da edição 2010 da Liquida Curitiba, campanha promovida pela Associação Comercial do Paraná (ACP) que vai mobilizar lojistas da capital entre 15 e 25 de julho e que deve movimentar cerca de R$ 150 milhões. A iniciativa conta com o apoio da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep).

O presidente da Fiep, Rodrigo da Rocha Loures, participou do evento e elogiou a postura de Ciro Gomes. "É um dos políticos melhor vocacionados para prover a retomada do crescimento da maneira que esperamos. Sabemos que o Brasil vai continuar crescendo, mas a questão é crescer sem sobressaltos", disse.

Na mesma linha, Ciro Gomes, que foi ministro da Fazenda no governo Itamar Franco e ministro da Integração Nacional no governo Lula, afirmou que não há dúvidas que a economia brasileira crescerá significativamente em 2010. "Teremos um ano brilhante. Todos podem ter certeza que as trapalhadas do Banco Central não vão interferir e vamos ter o maior crescimento econômico dos últimos 25 anos", declarou.

Gomes, no entanto, alertou que o crescimento brasileiro pode ser comprometido significativamente nos próximos anos se o País não superar o que classifica como "assimetrias". A primeira delas seria a falta de poupanças internas para investimentos. "Isso não se deve apenas à alta taxa de juros, ao custo do capital, mas à qualidade desse capital. O Brasil possui uma Bolsa de Valores, mas é difícil encontrar um caso de empresa que tenha sido capitalizada de fato por meio da venda de ações", justificou. "Aqui também não há venture capital, expressão que nem sequer tem um equivalente em português. Se o Bill Gates fosse brasileiro, morreria de fome, porque a Microsoft nasceu assim, com dinheiro de investidores que apostaram em uma ideia inovadora e de alto risco", comparou.

Além disso, Gomes apontou a defasagem tecnológica do Brasil em muitas áreas como outro entrave para o pleno desenvolvimento do País. "A tecnologia é central para impactar no preço, na produtividade, no design e na qualidade dos nossos produtos. Mas o Brasil está defasado tecnologicamente em três gerações", afirmou.

Por fim, o ex-ministro apontou a escala de produção como uma "assimetria brutal" entre o empreendedor brasileiro e o estrangeiro. "No Brasil, sete entre dez empregos são gerados em pequenas empresas, que produzem em pequena escala", explicou, acrescentando que essas indústrias competem atualmente com a produção em megaescala de outros países, especialmente da China. Para Gomes, esses três fatores, acentuados ainda por uma taxa de câmbio desfavorável para o setor produtivo, podem levar o País à ruína.

Para corrigir essas assimetrias, Ciro Gomes defendeu um novo arranjo institucional no Brasil, com uma ação coordenada entre poder público e iniciativa privada que possibilite as reformas tributária e da previdência, além da redução da taxa de juros. "É preciso mudar o modelo tributário, mudar o modelo previdenciário e criar um mercado de capitais que gere poupança de longo prazo para o País. É preciso ainda um sólido e definitivo investimento em gente, dando a devida atenção às questões de saúde, educação, ciência, tecnologia e inovação", concluiu.

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