O Investimento Social Privado e seu impacto no desenvolvimento local sustentável
O Investimento Social Privado (ISP) é o repasse voluntário de recursos privados de empresas, fundações, institutos e indivíduos, de forma planejada, monitorada e sistemática para projetos sociais, ambientais e culturais de interesse público [1]. O ISP faz parte do grande escopo que compõe a Responsabilidade Social Empresarial (RSE), um modelo de gestão pautado no relacionamento ético e transparente com os públicos com os quais a empresa se relaciona, tendo como meta a geração de impactos positivos, com vistas ao desenvolvimento sustentável [2].
O investimento social realizado por empresas têm sido uma forma destas contribuírem com o alcance do desenvolvimento sustentável, pois, projetos de educação, cultura, meio ambiente, saúde, geração de renda, entre outros, na medida em que reforçam políticas públicas, podem ser efetivos para o desenvolvimento de um determinado âmbito territorial, favorecer o crescimento econômico, a mudança social e cultural, a qualidade de vida e das relações, bem como o equilíbrio ambiental.
Nessa perspectiva, os projetos de Investimento Social Privado visam transformar uma realidade concreta, próxima, permitindo o diálogo, o acordo entre partes interessadas e o monitoramento de resultados. Dessa forma, empresas podem ser agentes promotores do desenvolvimento sustentável ativamente participativos, muito além de financiadores.
Compreender o ISP como investimento estratégico, de desígnios mais amplos que o meramente econômico, articulado a um modelo de gestão socialmente responsável, envolve certa complexidade, na medida em que não acontece sem um posicionamento empresarial sobre seu papel diante da sustentabilidade e dos públicos com os quais se relaciona, pressupondo estratégias integradoras, sendo um processo desafiador para as empresas.
Entretanto, o que tem promovido os acertos é a existência de objetivos comuns norteadores de programas e projetos, cuja gestão é pautada na compreensão, cooperação e negociação. Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), lançados pela ONU em 2015, compostos por 169 metas, propagam a necessidade de uma parceria global, com a participação ativa de todos os setores – governos, sociedade civil, setor privado, academia, mídia, ONU – em prol do desenvolvimento sustentável, e são uma referência para o Investimento Social Privado.
Ser empresa proponente de investimentos sociais insere-se, portanto, no desafio de manter o enfoque colaborativo que promova a soma de recursos e competências, para concretizar ações e potencializar resultados. As competências exigidas para desencadear esse processo nem sempre são naturais ao mundo corporativo. É preciso pautar-se em metodologias de gestão que abarquem as características próprias às relações sociais, que requerem análises estratégicas de alinhamento entre o ISP e os negócios de uma empresa, a produção de diagnósticos que garantam o foco dos investimentos, a estruturação de indicadores que avaliem o impacto das ações no processo de Desenvolvimento Local, além de formas participativas e colaborativas de gestão.
Referências
[1] Grupo de Institutos Fundações e Empresas (GIFE).
[2] Instituto Ethos de Responsabilidade Social.