Mudanças estruturais na indústria e ações de apoio institucional (A indústria 4.0 e os Institutos Senai de Inovação)
A cada dia mais se ouve falar sobre uma revolução que está acontecendo no setor de produção. Essa revolução é impulsionada pelo avanço das tecnologias de comunicação e informação, e também pela fusão entre o mundo real e a realidade virtual. A combinação desses fatores está transformando os processos industriais tradicionais, e levando a um movimento de desenvolvimento que foi nomeado por especialistas da área como a Indústria 4.0.
A indústria 4.0 é um conceito que começou a ser implantado a partir de 2013, e que foi originado a partir de um projeto do governo da Alemanha voltado para novas estratégias que aliam tecnologia e meios de produção. O fundamento básico dessa nova concepção mostra que as fábricas que conectam máquinas e sistemas têm capacidade e autonomia para agendar manutenções, prever falhas em processos e se adaptar a mudanças inesperadas que ocorrem nas etapas de produção. Isso significa uma nova era no âmbito das grandes revoluções industriais, pois, com as fábricas inteligentes, diversos setores do mercado sofrerão o impacto provocado pela mudança dos produtos manufaturados.
O objetivo de chegar ao modelo de indústria inteligente é caracterizado pela capacidade de adaptação, eficiência dos recursos e integração de todos os envolvidos nos processos de criação de valor e estratégia. Para alcançar esse propósito, a Indústria 4.0 tem sua base tecnológica composta por sistemas cibernéticos, Internet das Coisas e Big Data. Combinadas, essas tecnologias pretendem tornar autônomos e mais eficientes as etapas de produção.
Um dos maiores impactos previstos por especialistas quanto à Quarta Revolução Industrial está relacionado ao mercado de trabalho e à oferta de mão de obra. A tendência é que as posições de trabalho que exijam esforços manuais e repetitivos sejam, aos poucos, substituídas pela mão de obra automatizada, realizada por meio de máquinas e robôs. Dessa forma, os profissionais passarão a ter um papel mais estratégico dentro das empresas e ocuparão cargos em que o conhecimento técnico não será considerado um diferencial, mas uma competência necessária para que as funções sejam exercidas.
Outro ponto a ser transformado pela Indústria 4.0 está ligado à criação de novos modelos de negócio. A customização prévia de produtos por parte dos consumidores, que lentamente é adotada pelas empresas devido ao aumento dos custos e processos de manufatura, será um dos serviços que mais ganharão com essa nova era da indústria. Como as máquinas contarão com sistemas inteligentes, a capacidade de permitir a personalização de acordo com as preferências dos clientes será elevada, que torna a experiência do consumidor e o relacionamento com as empresas ainda mais próximo e forte.
Uma pesquisa inédita sobre a adoção de tecnologias relacionadas à Indústria 4.0 no Brasil, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostrou que os principais esforços feitos no país estão na fase de processamentos industriais. O levantamento, foi realizado com 2.225 empresas de pequeno (910), médio (815) e grande (500) porte e mostra um apanhado geral de como a era da manufatura avançada é encarada pelas indústrias nacionais de 29 setores da indústria de transformação e extrativa.
Foi identificada a adoção de dez tipos de tecnologias em diferentes estágios ao longo da cadeia de produção. Os números mostram que 73% das empresas usam pelo menos uma tecnologia digital na etapa de processos, 47% fazem uso na etapa de desenvolvimento e 33% investem o uso na criação de novos produtos.
A pesquisa mostrou que o principal desafio do país é aproximar especialistas e indústrias para a ampliação de conhecimento acerca dos benefícios que essa revolução pode trazer para a cadeia produtiva. Além disso, é preciso que o governo contribua nesse processo com o aumento de políticas que promovam a digitalização do Brasil, pois é preciso que a infraestrutura digital receba investimentos e capacitação profissional para o aumento da eficiência de plataformas tecnológicas.
Para se adaptar a esse cenário, que já é uma realidade em alguns países desenvolvidos e gradativamente também se espalhará pelo resto do mundo, além de aprimorar novas tecnologias, os profissionais também precisam ser capacitados para lidar com a nova maneira de trabalho.
Um bom exemplo da ação privada e do incentivo ao uso e desenvolvimento de novas tecnologias na indústria é o programa do SENAI Nacional que deu origem aos Institutos SENAI de Inovação (ISI), que têm como objetivo principal aumentar a produtividade e a competitividade da indústria brasileira, com a criação de soluções ágeis, inovadoras e sob medida para indústrias de grande, médio e pequeno porte.
O foco de atuação dos institutos é a pesquisa aplicada, desde a fase pré-competitiva, de definição de conceitos e experimentações, até a etapa final, quando o novo produto está prestes a ser fabricado pela indústria. O atendimento abrange:
Cada instituto é um ambiente de contínua interação entre a indústria, empreendedores, universidades, institutos de pesquisa e fontes de capital, resultando na aceleração do fluxo de conhecimento científico e tecnológico e em benefícios efetivos para o segmento industrial.
Até 2018, o SENAI vai inaugurar 25 Institutos SENAI de Inovação em 12 estados. Desse total, 21 unidades já são operacionais, com 150 projetos contratados.
As unidades foram instaladas próximas a complexos industriais e universitários, presentes nas cinco regiões no país. Os institutos formam uma rede multidisciplinar, com atendimento em todo o território nacional.
Referências:
Desafios para a Indústria 4.0 no Brasil. CNI. Brasília 2016
https://blog.algartelecom.com.br/tecnologia/industria-4-0-muito-alem-da-automacao-industrial/