Mais de 600 empresários e profissionais da indústria madeireira e de base florestal participaram, nesta terça-feira (13), da quarta edição do WoodTrade Brazil. Promovido em parceria pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), a Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci) e a Malinovski, o evento apresentou o panorama atual e as principais tendências de mercado para o setor, que é um dos principais exportadores do país.

O presidente da Fiep, Carlos Valter Martins Pedro, que participou da abertura do encontro, destacou a relevância do setor para a indústria paranaense. “A representatividade do setor é enorme em geração de emprego, de renda e de exportações. É uma obrigação da Fiep promover situações que gerem negócios, que tenham vislumbre do mercado, que mostrem as tendências do mercado”, afirmou. “Eventos como este devem ser replicados para outros setores, e para isso sempre podem contar com a Fiep”, completou.

O presidente da Abimci, Juliano Vieira de Araújo, destacou que a entidade representa cerca de 20 mil indústrias, que geram 160 mil empregos diretos. Segundo ele, o mercado madeireiro internacional vive, atualmente, alguns desafios após um período de surpreendente crescimento durante a pandemia. “O mercado é muito cíclico. É até um contrassenso falar da pandemia, mas a construção civil durante a pandemia foi muito boa e todo produto de madeira que a gente representa tem, de certa forma, uma base no mercado da construção civil. Ultimamente, temos alguns contratempos, mas esperamos que o mercado retome, com uma grande perspectiva de que as coisas melhorem para o próximo ano”, explicou.

Entre esses contratempos está a dificuldade de romper barreiras impostas por alguns países para a madeira brasileira. “Dentro do PIB nacional, somos muito representativos, e vamos trabalhar cada vez mais em conquistas de mercados. O mundo está se fechando, temos que buscar uma associação forte com um conjunto de empresas para a gente quebrar essas barreiras. A Abimci, por ser uma associação muito conhecida e renomada, tem um potencial muito grande para ajudar as empresas a crescer e desvendar novos mercados”, disse.

Déficit de matéria prima
Outro desafio atual para a indústria madeireira é ampliar a base de florestas plantadas do Brasil, garantindo matéria prima para o crescimento do setor. Palestrante do WoodTrade Brazil, o CEO da Malinovski, Ricardo Malinovski, mostrou que a maioria das regiões brasileiras registra déficit em sua base florestal. “Hoje todo mundo está em busca da matéria prima, que está escassa nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, fazendo com que os preços aumentem”, disse.

Em parte, isso acontece por falta de incentivos para os produtores rurais para o cultivo de florestas de eucalipto ou pinus, que têm ciclos de 7 e 16 anos, respectivamente. “Aí vem outro ponto que é o mercado aquecido do agronegócio, falando basicamente de soja, milho e pastagem. Quando o produtor rural vê ciclos mais curtos e um mercado um pouquinho mais certo, acaba preferindo ir para esse mercado, fazendo com que as empresas tentem comprar mais terras e aumentar suas áreas, conseguindo quem tem maior poder de compra”, explicou.

Na opinião de Malinovski, a solução para esse problema passa, entre outras questões, por novos incentivos aos produtores. “Precisa de estímulos para que produtores rurais plantem floresta ou entrem em um guarda-chuva de fomento que vai facilitar bastante. Fomento são práticas de grandes empresas que incentivam os pequenos produtores a plantar, subsidiando tecnologia. Alguns programas de fomento apontam para compra futura de madeira para dar garantia ao produtor, isso é um ponto importante. Antigamente não tinha essa garantia da compra futura”, justificou.

Para ele, eventos como o WoodTrade ajudam os empresários a vislumbrar cenários futuros, o que é importante para o planejamento dos negócios. “Na nossa indústria, temos que ter um planejamento de médio e longo prazo justamente porque falamos de ciclos longos. É preciso saber qual é a tendência, qual é a oferta, qual é a demanda, qual é o impacto do mercado internacional. Tudo isso foi falado aqui no evento”, afirmou.

O 4º Woodtrade Brazil teve, ainda, painéis de debate que mostraram o panorama dos mercados de diferentes produtos madeireiros, como madeira serrada, molduras, pellets, pisos, portas e compensados. Também abordou os gargalos e desafios do setor logístico, que tem impactado fortemente o setor, principalmente no que se refere a exportações. O evento foi encerrado com uma palestra do jornalista Augusto Nunes, que abordou os cenários econômico e político do país.

Semana Internacional da Madeira
O 4º WoodTrade Brazil abriu a programação da Semana Internacional da Madeira (SIM), que será realizada até sexta-feira (16), em Curitiba. Nesse período, também será promovida, no Expo Barigui, a Lignum Latin America, feira que apresenta a profissionais do segmento industrial madeireiro e florestal novidades em tecnologia e soluções produtivas para a transformação, beneficiamento, preservação, energia, biomassa, uso da madeira e manejo florestal.

No mesmo local, entre os dias 14 e 16, acontece ainda o 5º Encontro da Cadeia Produtiva da Porta (Encapp), promovido pela Abimci. Principal evento de componentes para portas do Brasil, o Encapp apresenta novas soluções de produtos, materiais e tecnologias para portas de madeira, discutindo ainda soluções globais para esse segmento. O Sistema Fiep estará presente com um estande em que serão apresentados os serviços do Instituto Senai de Tecnologia em Madeira e Mobiliário, que tem sede em Arapongas e atende indústrias de todo o Paraná.

A programação da SIM tem, ainda, duas conferências com temáticas específicas. A primeira é a Wood Protection – Conferência Sul-Americana de Tecnologias para Proteção de Madeira, que acontece nos dias 14 e 15, no Campus da Indústria. A outra é a ProWood – Conferência Internacional de Tecnologias para a Indústria da Madeira, que ocorre no dia 15, no mesmo local.