Automotivo

Indústria automotiva conhece plano do Paraná sobre hidrogênio renovável

Governo apresentou às empresas estratégia para desenvolvimento dessa cadeia

11/07/2023

O Sistema Fiep participou, no dia 3 de julho, de uma reunião em que o governo do Estado apresentou a representantes de montadoras e indústrias do setor automotivo seus planos para o desenvolvimento de uma cadeia produtiva de hidrogênio renovável no Paraná. O objetivo do governo é somar esforços com as empresas para que contribuam com o plano, apresentando o que já tem sido desenvolvido por elas e quais são suas demandas nessa área.

O encontro foi liderado pelo secretário do Planejamento, Guto Silva, que afirmou que o Executivo estadual vem implantado medidas em diversas frentes para estruturar essa cadeia produtiva, já que o Paraná se destaca por ter uma matriz energética limpa, tendo grande potencial para produção de hidrogênio renovável.

“Temos instrumento e ativos importantes para liderar esse processo não só no Brasil, mas em todo o mundo”, disse o secretário. “Temos consciência de que o hidrogênio é um projeto de médio prazo, é um mercado em formação, que ainda tem um gap de tecnologia. O que nós fizemos, em um primeiro momento, foi organizar internamente no governo, criando um plano e, com ele formatado, a ideia agora é poder abrir e ter novas conexões. Provocamos esta reunião com o setor automotivo para que as empresas possam estar cientes do que está acontecendo no Paraná”, completou.

Ações do Sistema Fiep
A diretora regional do Senai e superintendente do Sesi e IEL no Paraná, Fabiane Franciscone, destacou que é fundamental unir a indústria e o governo em um movimento único para preparar o Estado nessa área. Recentemente, o Sistema Fiep já apresentou ao secretário algumas das ações relacionadas ao hidrogênio renovável que a entidade vem lançando. Entre elas, a elaboração da Rota Estratégica do Hidrogênio no Paraná, pesquisa prospectiva que será conduzida pelo Observatório Sistema Fiep. “Queremos disponibilizar isso para as indústrias e para o governo, para que a gente possa tomar decisões acertadas”, afirmou.

Fabiane ressaltou, ainda, que o Senai vem criando cursos para capacitar profissionais nessa área, um trabalho que ganhará ainda mais força com a instalação de um Centro de Educação em Hidrogênio Verde, no Campus da Indústria, em Curitiba, previsto para começar a operar em dezembro. “Estamos montando cursos para formar profissionais preparados para que a gente possa disponibilizar, melhorando o desenvolvimento da indústria do Paraná”, explicou.

Outra frente de atuação do Sistema Fiep é na área de pesquisa, desenvolvimento e inovação. Também presente na reunião, o gerente executivo de Tecnologia, Inovação e Responsabilidade Social do Sistema Fiep, Fabrício Luz Lopes, destacou pesquisas nas áreas de hidrogênio renovável que estão em andamento, em parceria com indústrias, no Instituto Senai de Inovação em Eletroquímica. “O nosso papel é buscar capital, sempre com fontes de fomento como Embrapii, Finep ou o próprio Senai nacional, trazendo para empresas aqui do Paraná para que a gente desenvolva pesquisas nessa temática importante”, afirmou.

Ele destacou, ainda, que esse tema ganhará ainda mais impulso com a instalação do Parque Tecnológico da Indústria, em Curitiba. “Vamos implantar um parque tecnológico, com previsão de início em abril de 2024, olhando a mobilidade inteligente de maneira ampla, e os novos combustíveis estão ali presentes”, disse. “O que nós queremos é que tudo esteja junto – pessoas, capital intelectual, recursos, iniciativa privada – para que a gente tenha um terreno saudável para desenvolver novas empresas dentro do setor da mobilidade inteligente, para suprir gaps que temos na cadeia”, completou.

Visão da indústria
Representantes de indústrias presentes na reunião destacaram que as empresas, em nível global, vêm desenvolvendo pesquisas e projetos com novas matrizes energéticas, incluindo o hidrogênio renovável. O diretor de assuntos corporativos da Volvo, Alexandre Parker, destacou que é interesse da empresa contribuir para que itens e componentes dessas novas cadeias sejam produzidos localmente no país.

Parker, que também assumiu interinamente a coordenação do Conselho Setorial da Indústria Automotiva da Fiep, ressaltou, porém, que é necessário um esforço para recuperar a competitividade do setor como um todo. “Seja no elétrico, seja no hidrogênio, o Paraná precisa também fortalecer nossa indústria automotiva, que vem perdendo paulatinamente competitividade nos últimos anos”, declarou.

Já o industrial Nelson Hübner, presidente do Grupo Hübner, que entre outros itens também produz autopeças, afirmou que existem oportunidades de desenvolvimento de tecnologias nacionais não somente para veículos que utilizem novos combustíveis, mas também para o tratamento de resíduos, com foco na geração de energia. “Quando se fala em tecnologia limpa, tem uma vertente também que são os aterros industriais. Temos que pegar esse resíduo, gaseificar e transformar em energia, além de limpar o meio ambiente. Essa tecnologia não está aqui, mas temos empresas no Paraná preparadas para fabricar. Então temos grandes oportunidades nesse mercado”, afirmou.