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Eduardo Laguna
Após a comercialização de 2,5 milhões de unidades entre
janeiro e setembro, a diferença favorável ao Brasil em relação à Alemanha chegou a 134,5
mil veículos e tudo indica que essa tendência será sustentada até o fim do ano, já que,
diferentemente da situação alemã, o mercado por aqui está em alta. No acumulado até agosto,
a vantagem brasileira era menor, de 114,3 mil unidades.
Os números divulgados
hoje pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mostram que as montadoras
continuam renovando níveis históricos. No campo do emprego, por exemplo, a ocupação no setor registrou
em setembro o maior patamar em quase 20 anos, com 134,020 mil pessoas empregadas.
O
número é o maior desde janeiro de 1991, quando 136,120 mil pessoas trabalhavam na fabricação de
veículos. No entanto, o resultado deste ano cresce em importância quando se nota que os sistemas de produção
mudaram muito nas últimas duas décadas para ampliar a produtividade dos funcionários e reduzir a necessidade
de contratações.
Um dos pontos foi o aumento da terceirização
de serviços antes feitos por montadoras, junto com uma maior mecanização das atividades."Não dá
para comparar porque, lá atrás, os sistemas de logística e várias atividades mudaram na indústria
ao longo dos últimos 20 anos", comentou hoje o presidente da Anfavea, Cledorvino Belini.
Apesar do volume de vendas histórico no Brasil, as montadoras ainda se queixam da perda de fatias de mercados no exterior,
que tem sido acompanhada por um aumento da penetração de importados no Brasil.
Em 2010, as exportações ainda estão um pouco abaixo dos volumes enviados ao exterior antes da quebra
do Lehman Brothers e Belini disse que ainda resta "muito a fazer" para retomar níveis auferidos no passado recente.
Durante entrevista coletiva, o executivo argumentou que, com a lentidão na retomada das economias desenvolvidas no
pós-crise, o pujante mercado brasileiro se tornou um ponto de absorção do excesso na oferta mundial de
veículos.
Diante de um real valorizado, as montadoras de fora encontraram o ambiente
propício para morder 18,1% do mercado brasileiro neste ano, com destaque para a entrada dos veículos do Mercosul
e da Argentina, que contam com isenções fiscais garantidas por acordos comerciais.
Segundo a Anfavea, a presença dos importados no mercado nacional cresce desde 2005, quando esses veículos respondiam
por 5,1% do total vendido no Brasil. Por outro lado, também em cinco anos, a parcela da produção brasileira
dedicada às exportações caiu de 30,7% para 14,6%.
Nas contas da
entidade, a cadeia automobilística - incluindo autopeças - deverá acumular um déficit comercial
de US$ 5,5 bilhões neste ano, sendo US$ 3,8 bilhões já registrados até agosto.
Essa situação ocasiona um descompasso entre a posição do Brasil como mercado e como produtor de
veículos, em que o país ainda está na sexta colocação entre os maiores do mundo.
Embora tenha um mercado doméstico inferior, a produção das montadoras alemãs supera em 60% a brasileira.
O ponto é que as exportações do Brasil equivalem a apenas 17% de tudo que a Alemanha manda para fora
em veículos.
Fonte: Valor Online, 08/10/2010