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Patricia Knebel
Eles projetam incrementos consideráveis nos gastos globais no setor fora dos Estados Unidos nos próximos
anos e destacaram a China (86%), a Índia (57%) e o Brasil (42%), respectivamente, como os países que devem ter
o maior crescimento da receita no setor. Os resultados fazem parte de uma pesquisa realizada pela KPMG nos Estados Unidos
entre abril e maio de 2010 com 130 CEOs e outros executivos de nível diretivo na indústria de hardware e software.
Para especialistas brasileiros, esse levantamento confirma uma tendência crescente nos últimos anos de os executivos
americanos diversificarem as compras de TI, abrindo espaço para novos fornecedores. Mais do que isso, reforça
o fato de que as atenções estão, realmente, focadas nos países do BRIC.
Na comparação com Índia e China, porém, o País ainda não é considerado prioritário.
Para o presidente da Associação Sul-Riograndense de Apoio ao Desenvolvimento de Software (Softsul), José
Antonio Antonioni, o grande volume de demanda do mercado americano exige uma igual capacidade de desenvolvimento, ao que nem
sempre o Brasil consegue atender em função da carência de mão de obra especializada. "Precisamos
ser mais rápidos em resolver esse problema. Na medida em que tivermos profissionais qualificados e em número
suficiente, certamente nos tornaremos mais competitivos que Índia e China", aposta.
Além da falta de profissionais suficientes, o Brasil também perde em percentual de empresas avaliadas nos modelos
de maturidade. Os clientes americanos exigem que seus fornecedores atendem a determinados critérios, como os relativos
à ISO 9000 e relacionados a melhorias de processos implementados, como CMMI e MPS.br. "Esses selos reconhecem a qualidade
do processo de desenvolvimento de software e garantem a entrega de produtos qualificados", observa o presidente da Softsul.
Criatividade e familiaridade com regras são favoráveis
Outras vantagens
competitivas das empresas brasileiras para ganhar espaço no mercado internacional de TI são a criatividade dos
profissionais, a familiaridade com as regras de negócios dos Estados Unidos e o fuso horário. Um estudo executado
pelo Grupo de Pesquisa em Desenvolvimento Distribuído de Software da universidade, sediado na Faculdade de Informática
(Facin), confirma as oportunidades do Brasil em função da sua posição geográfica, na comparação
com outros mercados fornecedores de soluções de TI.
Se em um passado recente
a Índia se apresentava como o parceiro ideal dos EUA, dentro da lógica de que "nós trabalhamos enquanto
você está dormindo", essa grande diferença de fuso hoje já não é mais considerada
tão estratégica. O Brasil passa a se beneficiar da sobreposição de fuso horário com a América
do Norte e Europa. Isso porque garante um aumento da conveniência para ambos os lados e o trabalho passa a ser mais
interativo e propício à criação de relações mais próximas entre os brasileiros
e seus clientes estrangeiros.
"Os clientes de outros países estão preferindo
trabalhar com o Brasil porque podem resolver os problemas na hora", revela o professor da Faculdade de Informática
da Pucrs e coordenador do estudo, Rafael Prikladnicki. Ele alerta, porém, que essa vantagem só será efetiva
se os brasileiros desse setor evoluírem o entendimento da língua inglesa. "Quando os americanos nos fazem uma
pergunta, temos até oito horas para pensar na melhor resposta. Vocês precisam responder na hora", disse um indiano,
relatando o desafio dessa comunicação.
Fonte: Jornal do Comércio (19/8/2010)