Aos poucos a indústria do Paraná está retomando o ritmo de contratações de trabalhadores.
Em junho, o setor criou 1.600 novas vagas. É o melhor resultado desde o início da pandemia. Os dados do Novo
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) divulgados pela Secretaria do Trabalho, do Ministério da
Economia, foram divulgados nesta terça-feira (28/7) e revelam que o setor reverteu a tendência de queda que vinha
desde abril.
No total, o Paraná teve saldo positivo com a criação de 2.829 vagas em junho. O crescimento foi
puxado principalmente pelo resultado da indústria e da construção civil, que contratou 1.828 trabalhadores.
O agronegócio abriu 77 e, serviços, 46. Já o comércio registrou fechamento de 721 vagas.
Com isso, no primeiro semestre o saldo do estado ainda ficou negativo, com 47 mil postos de trabalho fechados. O comércio
foi quem mais demitiu no período, 26,7 mil vagas a menos. Serviços fechou 23 mil e, a indústria, 7.300,
respectivamente. Mas o setor da construção civil teve saldo positivo de 7.400 novas contratações,
assim como o agronegócio, que abriu 2.600 novas vagas.
Para o presidente da Fiep, Carlos Valter Martins Pedro, o resultado se deve à diversificação da
indústria paranaense. “Por mais que tenhamos segmentos fortemente impactados pela pandemia do novo coronavírus,
outros conseguem atravessar essa crise de maneira mais positiva, o que se reflete na reversão da tendência de
queda nos postos de trabalho que era observada nos meses anteriores”, afirma.
O economista da Fiep, Evânio Felippe, acrescenta que a adoção de medidas restritivas de isolamento
social, no início da pandemia, em março, impactou em todas as atividades econômicas do estado. “Mas,
desde maio, com a flexibilização e a retomada de alguns setores, a intensidade das demissões diminui”,
avalia. “O resultado deste mês é importante porque sinaliza uma tendência de recuperação
do emprego, principalmente no setor industrial”, comenta.
De acordo com Felippe, uma das razões pode ser o forte crescimento da produção industrial do Paraná
em maio, de 24%. “Esse maior dinamismo no segmento industrial no mês passado pode ter influenciado em uma maior
geração de vagas de trabalho em junho no estado”, acredita. Na construção civil, das 1.828
contratações de junho no Paraná, 1.541 foram para obras de infraestrutura e 342 para serviços
especializados para construção.
Nacional
O Brasil também registra saldo negativo no semestre. De janeiro a junho foram fechadas 1,2 milhão de postos
de trabalho formais. Só em junho, foram 11 mil vagas a menos no país. Apesar disso, a intensidade das demissões
diminuiu. Em março foram 260 mil. Em abril, 918 mil; e em maio, 350 mil.
Em junho, o agronegócio e a construção civil tiveram o melhor desempenho entre todas as atividades
econômicas do país. O primeiro abriu 36,8 mil postos, enquanto a construção abriu 17 mil e 300
novas vagas. A indústria fechou 3.500; comércio 16 mil e 600; e, serviços, quase 45 mil.
Desempenho por setor
Na indústria de transformação do Paraná, os setores que mais contrataram foram o de alimentos
(1.586), seguindo por fabricação de móveis (753); produtos de madeira (203); fabricação
de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (181); produtos químicos (145); e produtos de metal (113).
Já os que mais demitiram foram o de produção de artigos do vestuário (-881); produtos derivados
do petróleo e automotivo (ambos com -322 vagas); manutenção e reparação de máquinas
e equipamentos (-93) e metalurgia (-88).
Aumento da confiança
De acordo com pesquisa mensal da Confederação Nacional da Indústria em parceria com a Fiep, o Índice
de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) ficou em 48,5 pontos em julho, na área de pessimismo, abaixo
dos 50 pontos. Decompondo o resultado, o indicador de condições, que avalia os últimos seis meses, somou
38 pontos, enquanto o de expectativas, que verifica a expectativa até o fim do ano, chegou a 53,7 pontos.
Mesmo assim, houve crescimento da confiança do empresário em relação a junho, quando o ICEI
foi de 41,7 pontos. “A possibilidade de uma retomada do consumo devido à flexibilização das medidas
de isolamento e a expectativa em torno da Reforma Tributária podem ter contribuído para que o empresário
esteja um pouco mais confiante na recuperação do setor e da economia. Tudo sugere que estamos tendendo para
um retorno da normalidade, porém, ainda bem diferente do cenário pré-pandemia”, conclui Felippe.