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22/04/2013

Brasil deve intensificar busca por acordos comerciais internacionais

Em reunião na Fiep, especialista da CNI afirma que momento é oportuno para país negociar parcerias vantajosas ao setor produtivo nacional

Soraya Rosar, ao lado do coordenador do Conselho Temático, Rommel Barion, e da gerente do Centro Internacional de Negócios da Fiep, Janet Pacheco (Foto: Mauro Frasson)

O Brasil, principalmente pelo potencial de seu mercado interno, nunca esteve em um momento tão bom para negociar acordos comerciais internacionais que sejam vantajosos para o setor produtivo do país. A opinião é da gerente-executiva de Negociações Internacionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Soraya Saavedra Rosar. Nesta quinta-feira (18), durante reunião do Conselho Temático de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), em Curitiba, a especialista apresentou um panorama dos acordos comerciais realizados entre países ou blocos econômicos e como algumas negociações em andamento podem alterar o fluxo e as regras de transações internacionais no futuro.

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Segundo Soraya, o Brasil possui uma rede de acordos internacionais antiga e bastante restrita. “Este não era um tema de primeira linha para o país até há pouco tempo. Nos últimos anos, o Brasil fechou acordos mais de importância geopolítica, sem relevância econômica e que não geraram absolutamente nenhum resultado comercial para o país”, disse, citando como exemplo os acordos firmados com Israel e Palestina.

Ela afirmou que, em boa medida, isso aconteceu até por certo receio do setor produtivo nacional. “O governo não teve grandes avanços em acordos internacionais nesse período, mas o setor produtivo também não cobrou isso. A própria indústria sempre foi defensiva em relação a essas negociações, para resguardar o seu mercado interno”, explicou. “Mas há coisa de um ano e pouco, ficou clara uma mudança de posição nos setores industriais brasileiros. Temos observado uma movimentação de empresários e do próprio governo em favor de novos acordos”, acrescentou.

A gerente da CNI disse ainda que justamente o potencial do mercado interno, antes protegido pelo setor produtivo nacional, é o grande trunfo do Brasil para conseguir acordos internacionais vantajosos. Especialmente na negociação atualmente em andamento com a União Europeia. “O momento nunca esteve tão bom para exigir flexibilidade dos europeus nessa negociação. O interesse deles em nosso mercado é muito grande, então vamos vender caro”, declarou.

Também em relação à negociação comercial com o bloco europeu, Soraya explicou que esse acordo esbarra em outro aspecto: o compromisso de os países do Mercosul negociarem em bloco. “Toda postura da Argentina nessa negociação com a União Europeia é protelatória. A cada reunião é um passo atrás”, disse. Segundo a especialista, a solução seria o Brasil adotar uma postura real de liderança dentro do bloco. “Se o Brasil pretende ter liderança na região, tem que acomodar seus interesses com os interesses da região. O problema não é o Mercosul em si, mas uma questão de postura”, justificou.

Para Soraya Saavedra Rosar, solucionar questões como a do Mercosul é fundamental para que o Brasil não fique para trás no cenário comercial internacional. “Hoje existe uma rede de comércio no mundo e nós estamos fora. Nessa área, ficar paralisado significa ficar para trás, porque os outros estão se movimentando”, disse.

Crescimento

Para comprovar que o Brasil está perdendo essa corrida, ela apresentou avanços que principalmente outros países em desenvolvimento vêm registrando em termos de acordos internacionais. Desde 2008, o Peru assinou 12 acordos internacionais, o Chile seis, a Colômbia cinco e o México três, todos com países ou blocos importantes. “O Chile, por exemplo, tem uma rede de acordos com o mundo inteiro, inclusive um acordo de livre comércio com a China, o que atrai muitos investimentos para o país. Hoje o Chile só não tem o nível de investimento do Brasil porque não tem o tamanho do nosso país”, declarou.

Além disso, a ampliação das relações comerciais de nossos vizinhos com outras regiões do planeta tem prejudicado as vendas de produtos brasileiros para esses países. Estimativas mostram que as perdas de exportações brasileiras para países da América do Sul já somam US$ 5 bilhões nos últimos anos.

A gerente de Negociações Internacionais da CNI chamou atenção ainda para duas negociações em andamento que podem modificar o fluxo e inclusive as regras do comércio internacional nos próximos anos. A primeira é a que envolve 12 países, incluindo Estados Unidos, Chile, México, Austrália e Japão, para formação da Parceria Econômica Estratégica Trans-Pacífica (TPP, pela sigla em inglês). Além das transações comerciais entre os países membros, esse acordo coloca em pauta questões como a propriedade intelectual. “A ideia é que depois de negociar com esses países, o bloco passe a cobrar essas regras dos outros países. O custo de estar de fora desse tipo de negociação é que vai ter que se adaptar ao que foi negociado pelos outros”, disse Soraya.

A segunda negociação, que deve ser iniciada ainda este ano, deve resultar em um acordo comercial entre os Estados Unidos e a União Europeia. “A ideia por trás desse acordo é buscar formas não só de melhor o acesso entre o bloco e os Estados Unidos, mas também discutir normas técnicas e padronizações unificadas, o que baratearia os produtos dos dois lados e poderia fazer face à questão chinesa”, explicou a gerente. “E, novamente, as regras comerciais que forem definidas entre eles servirão de parâmetro e preocupam em termos de futuro. O Brasil passará a ter que obedecer a regras que não teve direito a opinar”, disse.

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por Marinho Natali - Terça-feira, 07 de Julho de 2015 - 00:33:27 - Comentar

Estamos perdendo muito.. já era para estarmos.. nem sei onde..me parece que está surgindo uma Nova Ordem Economica no mundo, gostaria de saber mais sobre esses acordos, inclusive um que está próximo a ser fechado, não sei quase nada, me parece que desregulamenta muitas coisas.. agradeço e aguardo..


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