Brasília (AE) - O Supremo Tribunal Federal (STF) definiu na semana passada que também têm direito ao
aviso prévio proporcional de até 90 dias os empregados demitidos antes da lei de 2011 que regulamentou o benefício.
No entanto, para garantir esse direito, as ações devem ter dado entrada até dois anos após o desligamento.
Especialistas na área comentaram a decisão.
O advogado especialista em Direito do Trabalho do escritório
Peixoto e Cury Advogados, Carlos Eduardo Dantas Costa, esclarece que a decisão não vale para todos os casos
que discutem o pagamento do aviso prévio antes de 2011. "Na prática, a aplicação da Lei do Aviso
Prévio será estendida aos mandados de injunção ajuizados antes de 2011, ano de edição
da nova lei e cujos julgamentos, embora iniciados, haviam sido suspensos. Ou seja, não é direito de todos os
trabalhadores dispensados antes da edição da referida lei, como dá conta o voto do ministro Gilmar Mendes,
do STF", afirma.
O mestre e doutorando em Direito do Trabalho e professor de pós-graduação da
PUC-SP, Ricardo Pereira de Freitas Guimarães, lembra que o direito dos trabalhadores ao pagamento do aviso prévio
proporcional ao tempo de serviço estava pendente de regulamentação desde a promulgação
da Constituição Federal em 1988, "A proporcionalidade do pagamento deste benefício está prevista
no artigo 7º, inciso XXI da Constituição Federal. Esta proporcionalidade no pagamento por tempo de trabalho
ficou pendente de regulamentação no Legislativo até a edição da Lei do Aviso Prévio,
em 2011. E por todo esse período o tema foi discutido Supremo por conta omissão legislativa", explica o professor.
Porém,
segundo Freitas Guimarães, esta decisão engloba apenas os casos específicos que estão sendo discutidos
no STF, como destacado pelo ministro Gilmar Mendes.
A decisão do ministro acaba com uma dúvida existente
desde junho de 2011, quando a Corte julgou ações que questionavam a demora do Legislativo em regulamentar o
benefício estabelecido pela Constituição de 1988. Na ocasião, os ministros reconheceram a omissão
do Congresso, mas não fixaram os parâmetros para definir até quantos dias de aviso prévio os trabalhadores
poderiam ter direito.
Meses depois, em outubro de 2011, foi aprovada a lei que estabelece o aviso prévio de
até 90 dias. Como a lei não tinha efeito retroativo, quem acionou o STF por demissões ocorridas antes
da norma ainda não tinha recebido o aviso prévio proporcional, apesar de terem provocado a discussão
que pressionou o Legislativo a aprovar a lei.
"Essas pessoas que entraram com o mandado (de injunção)
e deflagraram o processo estavam no limbo. Então eu trouxe para decidir", disse o relator, ministro Gilmar Mendes.
Percepção do brasileiro sobre mercado piora
Rio (AE) - A percepção
do consumidor brasileiro sobre o mercado de trabalho piorou no início deste ano, em relação ao final
do ano passado. Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), o Indicador Coincidente de Desemprego (ICD) subiu 2,7%
entre dezembro de 2012 e janeiro deste ano.
Quanto maior o ICD mais negativa é a percepção do
consumidor em relação ao mercado de trabalho. A percepção do brasileiro vinha melhorando desde
setembro, com sucessivas quedas do ICD, que acumularam uma redução de 5,1%.
Apesar de o Indicador ter
mostrado mais desemprego em janeiro, a economia brasileira vive hoje uma situação de pleno emprego, segundo
o economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/ FGV) Fernando Barbosa
Filho.
No mês passado, o ICD, que corresponde à variação das taxas de desemprego entre
dois meses, avançou 2,7%. Em dezembro, a taxa foi de -2,4%. A elevação do porcentual indica mais desemprego.
A afirmação do economista também contraria a interpretação do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), que não reconhece o pleno emprego.
Apesar do resultado, Barbosa disse que não
foi observada nenhuma grande tendência de mudança no mercado de trabalho, que permanece em expansão. "O
mercado continua aquecido. A pequena elevação (da taxa de desemprego) observada em janeiro (do ICD) é
fruto só do início do ano", salientou.
O economista argumentou que os salários estão crescendo
acima da produtividade, o que comprovaria um cenário de pleno emprego. "Isso vai gerar problema para as empresas.
O
mercado só pode responder jogando gasolina na inflação. A tendência é que a pressão
nos preços de serviços devido ao mercado de trabalho apertado continue.
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