Publicado em 24/09/2012
Um garoto entra na concessionária de carros com fones de ouvido e logo é abordado por um vendedor. Ele tira
o smartphone do bolso, desliga o som e exibe o carro que montou na tela do aparelho.
O funcionário ignora a configuração
criada pelo rapaz e se oferece para mostrar um modelo do showroom. Impaciente, o jovem recoloca os fones e sai da loja.
Ao
simular situações como essa nos EUA, a General Motors descobriu que os jovens nascidos entre os anos 1980 e
2000, os chamados "millennials" ou geração Y, não curtem os métodos tradicionais de compra e venda
de carros e tampouco se deixam seduzir por brindes como tapetinhos e vidros escurecidos. Eles querem conectividade e pronta
entrega.
A pesquisa que deu origem a essas conclusões foi encomendada pela GM à MTV Scratch, divisão da emissora de TV responsável por ajudar as empresas a entender os desejos desse público consumidor. A MTV propôs mudanças na rede de concessionárias, nos carros e na forma de comunicação. A GM não revela o que foi feito a partir dos resultados do estudo, mas não é difícil concluir que até os comerciais da marca no Brasil foram influenciados pelo trabalho.
Esse movimento de aproximação da juventude não é exclusividade da GM. "As propagandas vêm
usando músicas e atores mais jovens. Não posso dar números absolutos, mas nossas pesquisas indicam que
o perfil demográfico dos clientes da marca está rejuvenescendo ano a ano", diz Frederico Themoteo Jr., diretor
de marketing de comunicação da Chevrolet do Brasil.A grande demanda do mercado interno torna a situação
brasileira mais confortável que a de países como Estados Unidos e Canadá.
Um estudo concluído
neste ano pela consultoria de negócios AlixPartners mostra que o número de potenciais compradores de carros
nesses países diminuiu em 5 milhões nos últimos cinco anos. A consultoria cita o desemprego entre os
jovens como o principal fator da queda.
Outro estudo, feito pela Universidade de Michigan, revela que o percentual de jovens de 19 anos com carteira de habilitação vem diminuindo nos EUA. Em 1983, eram 87,3%; em 2010, esse número caiu para 69,5%. No Brasil, o desafio dos fabricantes é entender as expectativas dos novos clientes em relação aos seus produtos."Os jovens de hoje também compram, talvez até mais do que os dos anos 1980. A diferença é que eles não colocam o consumo como sonho. E têm uma visão mais crítica das empresas", diz o sociólogo Gabriel Milanês, um dos responsáveis pelo estudo O Sonho Brasileiro, que em 2010 entrevistou cerca de 2.000 jovens de 18 a 24 anos em todo o país sobre suas expectativas de futuro.
Fonte: Eduardo Sodré e Ricardo Ribeiro, Folhapress.
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