22/04/2008

Educação

Desafio é completar os estudos

Desafio é completar os estudos

Acesso à escola é considerado universal, mas apenas um em cada dois brasileiros consegue terminar o ensino fundamental

A criança brasileira tem vaga na escola, faz a matrícula e freqüenta as aulas – tanto que o acesso já é considerado universal no país. Em 2005, 94,5% das crianças e adolescentes de 7 a 14 anos estavam estudando. O porcentual indica que o país está no caminho certo para cumprir o segundo objetivo de desenvolvimento do milênio, o de atingir o ensino básico universal, dentre os oito definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Até 2015, prazo estipulado, o país ainda tem muito a trilhar para que todos os meninos e meninas concluam um ciclo completo do ensino fundamental.

Do total de alunos que entram na escola, 53,5% terminam o ensino fundamental e apenas 46% se matriculam no ensino médio. Os números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), de 2005, quando comparados aos de 1992, mostram um crescimento elevado de conclusão, mas que está longe de ser universal. Por causa disso, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) aponta que América Latina e Caribe estão tendo um progresso rápido no aumento de matrículas do ensino fundamental, mas insuficiente para que jovens de 15 a 19 anos concluam os estudos.

No meio do processo educacional, o Brasil perde aos poucos boa parte dos 94,5% matriculados inicialmente. O curitibano Wellington Henrique da Silva Íris, 12 anos, usa o material que comprou para ir à escola como decoração. A mãe dele, Silmara Silva Moreira, explica que tentou vaga para ele na 5ª série em duas escolas, deixou nome na lista e até acionou o Conselho Tutelar, sem sucesso. O resultado é que o garoto fica de manhã em casa vendo televisão e à tarde participa de atividades de um projeto escolar. “Desde o ano passado estou lutando para pôr ele na escola. A diretora disse para voltar em fevereiro. Eu fui. Depois esperei começar e ela falou que não tem vaga, vai ter de ficar na fila”, reclama Silmara. “É difícil porque dá dó e ele fica atrasado. A única coisa que ele pode fazer é estudar e não tem vaga”, acrescenta. De acordo com a conselheira tutelar da Regional Bairro Novo, Silvana Aparecida Bernardino de Morais, essa é uma reclamação comum. “Muitos desistem porque ou a escola ofertada é distante ou o número de alunos em sala de aula é grande”, diz.

Segundo o relatório nacional de acompanhamento para a obtenção das metas do governo federal, as dificuldades para assegurar que todos os brasileiros concluam o ensino fundamental não são limitações de oferta de vagas, mas condições dentro e fora da escola, que afetam o desempenho e a trajetória dos estudantes. A superintendente de Educação da Secretaria de Estado da Educação, Yvelise Freitas de Souza Arcoverde, verifica que muitas alunas abandonam a escola para cuidar de irmãos menores, por causa do envolvimento de adolescentes com drogas e da violência na escola. “Sou otimista. Não queremos perder nenhum aluno, cada um que se perde é uma derrota para o estado e para a sociedade. Não deixo escapar ninguém”, afirma. Yvelise mostra que não existe falta de vagas e que o estado atende à demanda, mas muitas vezes a família quer que o filho estude em determinada escola. A criança entra em lista de espera, mas no período não fica sem estudar, segundo a superintendente. Além do abandono, há a questão da repetência. O Brasil paga um custo de US$ 8 bilhões por ano por causa da repetência de alunos – é o custo mais alto dentre 15 países da América Latina e do Caribe.

Desafios

Diante dos desafios, o diagnóstico do Pnud é de que a região deve empreender maiores esforços e destinar mais recursos à educação, universalizar a educação pré-escolar, aumentar a cobertura do ensino de nível médio e melhorar a qualidade.

Algumas iniciativas do governo federal nesse sentido foram a elaboração do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização do Magistério (Fundeb), que prevê aporte de recursos; o aumento do tempo de permanência do aluno na escola, por meio da ampliação de oito para nove anos de estudos; e o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), para aumentar o nível de desempenho médio dos brasileiros.

Participação dos cidadãos é fundamental

Para o Brasil atingir os objetivos de desenvolvimento do milênio, a mobilização da sociedade será fundamental, segundo a coordenadora do projeto Nós Podemos Paraná, da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Maria Aparecida Zago Udenalo. Com relação à educação, ela explica que podem ser adotadas ações simples, como o acompanhamento da educação do filho. O pai pode verificar se a educação é de qualidade e se a escola tem bom desempenho. Da mesma forma, cada cidadão pode se tornar voluntário. “Tenho observado que as pessoas gostariam muito de trabalhar como voluntários, mas muitas vezes não sabem como atuar”, afirma.

Maria Aparecida cita que os interessados podem procurar o Centro de Ação Voluntária, em Curitiba; associações de pais e professores que atuam nas escolas; e o projeto Amigos da Escola. “É lógico que o poder público tem seu papel, mas a sociedade pode contribuir muito e avançar mais rápido. As empresas podem olhar (para a área) na hora de fazer seu projeto de responsabilidade social. É um movimento de toda a sociedade e a participação do poder público é de suma importância”, explica.

Para alcançar as oito metas da ONU, Maria Aparecida diz que os objetivos serão trabalhados por meio da educação. Para a meta da redução da fome, por exemplo, pode-se trabalhar com a conscientização para a diminuição de desperdício; para o meio ambiente, na questão da separação do lixo; e na saúde, com ações de prevenção. (BMW)

Paraná cumpriu 98,3% da meta

No Paraná, 98,3% das crianças e adolescentes estão matriculados no ensino fundamental. Na questão de acesso, o estado praticamente cumpriu a meta. O que falta é aumentar o índice de 55% dos matriculados que concluem a 8ª série na idade correta. No Paraná, o desafio é alcançar as oito metas até 2010.

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