Em 2007, apenas 122 alunos abandonaram a escola na cidade; a redução na zona rural também foi grande, 89,4%; Secretaria da Educação atribui queda à introdução do Bolsa Família.
Por: 14/01/2008 | Stella Meneghel
Na última década, a evasão escolar no ensino fundamental de 1ª a 4ª séries teve queda significativa. Na zona urbana, de 1998 para 2007, a redução foi de 78,8%. Na zona rural, a diminuição foi de 89,4%. Houve também queda grande na gestão do prefeito Nedson Micheleti (PT), que assumiu a Prefeitura pela primeira vez em 2001. Se comparado com o ano de 2000, a taxa de evasão na cidade reduziu 62,9% nesse período, enquanto a dos distritos caiu 84,1%. Os números são da Secretaria Municipal de Educação.
Em 2007, a taxa na zona urbana chegou a 0,56%, o mais baixo da história, e representa o abandono de 122 alunos. Em 1998, a taxa era de 2,64%. Na área rural, no ano passado, o índice chegou a 0,49%, também o menor já registrado e, pela primeira vez, abaixo da taxa urbana. Nos distritos, 10 crianças deixaram à escola. Em 1998, a taxa rural era de 4,62%.
Para a secretária municipal de Educação, Carmem Lucia Baccaro Sposti, apesar da redução da evasão estar sendo buscada há anos, um dos principais motivos para o alcance da taxa baixa é a implantação do Bolsa Família. Tanto no programa municipal, quanto no federal, é necessário que a criança atendida tenha freqüência mínima de 85% para que a família receba o benefício mensal.
“Isso é fruto de um trabalho com a assistência social, que coordena o Bolsa Família. Se a criança falta um, dois, três dias, a escola vai atrás dela para saber qual é o problema. Se for algo relacionado à condição social, acionamos a assistência social. Mas o fato de os programas atrelarem a freqüência ao pagamento do benefício, faz com que a mãe se preocupe com o filho ir para a escola. Para mim, não deveria haver esta condicionante [freqüência escolar], mas ela é, sim, um incentivo para a mãe monitorar a freqüência do filho”, ressalta a secretária.
Conforme Carmem é comum encontrar situações em que a criança não tem nenhum adulto acompanhando-a para prepará-la e levá-la para a escola. “Em muitas famílias, os pais saem cedo para trabalhar e a criança tem que acordar sozinha, trocar-se e ir para a escola. O que acontece é que ela acaba dormindo e falta. Não dá para jogar a responsabilidade para a criança. Nessa situação, é feito um trabalho pela assistência social com os pais”, explica.
A queda na taxa de evasão contribui com o alcance de um dos oito Objetivos do Milênio, que é garantir, até 2015, que todas as crianças concluam o ensino básico, que vai da 1ª a 8ª séries. No Paraná, o projeto “Nós Podemos Paraná” quer antecipar o alcance das metas para 2010. “Essa queda na evasão é muito importante, mas precisamos pensar em dar educação com qualidade. Acredito que ainda não temos isso no Brasil, no Paraná e em Londrina”, ressalta o coordenador em Londrina do projeto, Luiz Cláudio Galhardi.
Estatísticas da Educação e de outras áreas estão no Perfil 2007 Os dados da série histórica sobre a evasão escolar de 1ª a 4ª séries fazem parte do Perfil 2007, um documento com 309 páginas, elaborado pela Prefeitura com informações de Londrina de vários setores, e que foi publicado no início do mês no site da Prefeitura. “O levantamento é uma radiografia da cidade e mostra várias tendências. Para empresas que queiram vir para Londrina, pode indicar se aqui há o público alvo que pretende atingir e se há mão-de-obra”, afirma o secretário municipal de Planejamento, Ézer Mariano da Silva. A base de dados do Perfil é de 2006.
O estudo apresenta informações da história da cidade, dados geográficos, populacionais, ambientais, econômicos, educacionais, agropecuários, de saúde, lazer, cultura e assistência social, recolhidos em diversos órgãos municipais e federais. “Pelo perfil, o cidadão pode conferir a arrecadação de Londrina para poder fiscalizar. Já o empresário pode verificar, pela arrecadação, o potencial da cidade”, ressalta o gerente de Pesquisa e Informação da secretaria, Alexandre Alberto Trannin.
O Perfil 2007 pode ser acessado no site www.londrina.pr.gov.br . Uma tiragem de 400 exemplares será impressa e distribuída para bibliotecas, órgãos públicos e de pesquisas. O estudo é publicado desde 1974 e está na 32ª edição. Nesta edição, pela primeira vez há informações sobre os projetos desenvolvidos na cidade na área de assistência social. “No perfil do ano que vem iremos colocar dados estatísticos de resultados dos programas”, afirma Trannin.
PLANEJAMENTO
Município quer escola mais atrativa A secretária municipal de Educação, Carmem Lucia Baccaro Sposti, afirma que é feito também um trabalho pedagógico para que a escola seja mais atrativa e haja redução na evasão, mas ela observa que o impacto maior ainda é do Bolsa Família.
“Todo nosso planejamento é para que a escola seja mais atrativa. Na semana da criança, por exemplo, quando elas foram levadas a restaurantes para comemorar, tinha criança que às 7 horas já estava na porta da escola, sendo que o passeio só estava programado para as 11 horas. A escola tem que ser prazerosa para que a criança vá, não por obrigação, mas por prazer. Mas esse trabalho não consegue um resultado grande em pouco tempo. Há um impacto grande do Bolsa Família no número que chegamos agora”, afirma.
Manchete de Capa do JL - Jornal de Londrina edição dia 14/01/2008.
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