Voluntários comemoram hoje o seu dia
Trabalho altruísta é fundamental para manter atendimento a crianças
em escola especial
"A mão direita não sabe o que a esquerda faz'. Com essa frase inspirada na Bíblia, o professor aposentado H.
L., 62 anos, justifica a opção de não se identificar. Mas ele é uma das pessoas a ser lembradas hoje, Dia do Voluntariado
Paranaense. Há cerca de dois anos, o professor realiza trabalho voluntário na Escola Especial Tia Nilza, que atende 280 crianças
e adolescentes com necessidades especiais.
A escola tem convênio com o governo do estado e com a prefeitura de Curitiba, mas para atender às necessidades
dos alunos e manter a estrutura depende de doações e da boa vontade das pessoas
Os alunos da Tia Nilza contam com a bondade de vários voluntários. Cristiane Arruda, de 47 anos, freqüenta a
escola há dois anos ajudando as professoras nas atividades e na hora do lanche. Antes disso, ela foi voluntária por 22 anos
em outra entidade. "É muito gostoso trabalhar com as crianças. Tem de haver muita dedicação e carinho, mas é muito bom repartir
bondade", diz ela. Ao seu lado, a contabilista Gema Zanelatto, 56 anos, tenta ultrapassar todos os dias a barreira do descaso
para conseguir recursos e garantir a construção do berçário para atender os bebês que precisam de cuidados especiais. "O que
faz a gente trabalhar, ir atrás, são as crianças. Vê-las alimentadas, estudando em uma escola com infra-estrutura, dá uma
satisfação enorme', explica a voluntária.
Almirante Tamandaré - Mudança na comunidade
O professor aposentado José Roberto Sofiati, 61 anos, deixou de lecionar - mas continua ensinando.
Ele foi morar na área rural de Almirante Tamandaré, região metropolitana, e percebeu que poderia tornar melhor o lugar que
escolheu para viver.
Há dez
anos, fez um almoço comunitário para as mães e crianças da comunidade. Não teve muito retorno, mas não desistiu. Hoje, atende
mais de cem famílias no Centro Comunitário Santa Clara dando orientações sobre saúde e assistência social. Conseguiu fazer
com que as pessoas ajudadas passassem a ajudar. "Quem está melhor, passou a ser voluntário. As mulheres ensinam artesanato
às outras para que possam ter uma renda. Os estudantes ajudam quem está começando e incentivam a freqüentar a escola e as
pessoas reconhecem este esforço", conta Sofiati.
Sofrimento transformado em ajuda
Uma doença grave do filho fez com que a bancária aposentada Maria Gorete de Matos Provenzano, 52 anos, percebesse
a situação de outras mães e crianças internadas no Hospital Pequeno Príncipe. Mesmo não gostando de hospitais, ela prometeu
que se o filho ficasse curado, seria voluntária. Nunca havia imaginado que passaria 13 anos dedicando algumas horas semanais
para os doentes do hospital. "Fazemos recreação com as crianças na UTI, conversamos com elas e procuramos mantê-las tranqüilas.
Uma vez por semana, fazemos uma oficina de costura para abastecermos o bazar e reverter a venda em ajuda para o hospital",
explica Maria.
O tradutor aposentado Reginaldo de Souza, 62 anos, foi outro que acabou se aproximando do voluntariado
por meio de um hospital. Ele procurava alguma atividade para preencher o tempo e há dois anos passou a freqüentar o Hospital
de Clínicas. "São quatro horas por semana que passo no hospital. É muito pouco para o que tem de ser feito."
Souza
faz de tudo no HC. Carrega macas e acompanha os pacientes nos exames. "O paciente conversa com o voluntário mais do que com
o familiar. Ajudando os outros, você percebe que sua vida é muito boa. Tem muita gente em situação pior. A saúde é a melhor
coisa."
Fonte: Gazeta do Povo
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