(Foto: Fotolia)Segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 1,2 milhão de funcionários do setor de confecções estão trabalhando na ilegalidade, que representam 46% do total da mão de obra. Além disso, 1,8 milhão dos empregados do setor são mulheres, e há 114 mil crianças trabalhando em confecções no ambiente familiar.
"A mulher costureira é impactada pela violação dos direitos, pois boa parte da produção é feita à margem da legislação. O setor de vestuário contabiliza o maior número de casos de trabalho escravo em área urbana e ausência de transparência em diversos elos da cadeia", afirmou Oded Grajew, presidente do conselho deliberativo da Oxfam Brasil, que promove movimento global de luta contra a desigualdade - durante a décima edição do evento Diálogos Transformadores Transparência: um Valor para a Moda e para o Mundo". O evento, realizado pela Folha de S. Paulo, com o apoio do Instituto C&A, aconteceu em setembro.
Uma alternativa para melhorar esse cenário é a utilização de aplicativos que rastreiam dados, etiquetas que revelam o histórico da roupa, novas tecnologias e soluções costuradas por uma inteligência coletiva. "Compreender os pontos fracos e fortes dessa cadeia tão complexa, que passa por mais de 100 processos, pode auxiliar na criação de novos caminhos e políticas públicas para estimular a transparência no setor", disse a estilista Eloisa Artuso, diretora-educacional do movimento Fashion Revolution, responsável pelo primeiro Índice de Transparência na Moda no Brasil, lançado em outubro.
Durante o evento, Marcel Gomes, secretário-executivo da ONG Repórter Brasil, que tem como missão identificar e tornar públicas situações que ferem direitos trabalhistas e ambientais, afirmou que, nesse cenário, a transparência é o elemento-chave. Para estimular a transparência, Gomes defende que é necessário fiscalização e cobertura sistemática desses temas.
Um exemplo de tecnologia que tem contribuído nesse sentido é o aplicativo Moda Livre, criado pela ONG em 2013, que sistematiza e disponibiliza dados da cadeia produtiva da moda. "É um aplicativo que serve como bússola para o consumidor, mirando a reputação das empresas e gerando pressão positiva", explicou.
O blockchain, tecnologia que cria uma base de dados compartilhados e pode ser usada para formar um índice global das transações no mercado da moda, também pode ser uma alternativa, segundo Leonardo Marques, professor de sustentabilidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e consultor em gestão no varejo, vestuário e serviços. "O blockchain promove confidencialidade e confiabilidade das informações. A ideia é escanear a etiqueta e ter todo o histórico da roupa", afirmou.
Com informações do jornal Folha de S. Paulo.
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