clique para ampliarclique para ampliar (Foto: Divulgação)
Pesquisadores da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo (FZEA-USP) descreveram um mecanismo de acúmulo lipídico nos gametas femininos que ainda não atingiram a maturidade (oócitos). O acúmulo excessivo ocorre quando o oócito é levado para a produção de embriões em um ambiente in vitro. Essa condição faz com que os embriões resultantes sejam menos tolerantes ao congelamento, com consequente diminuição das gestações após a transferência dos embriões para as fêmeas receptoras.

No processo de maturação observado pelos pesquisadores foi constatado que, durante 24 horas, quando o oócito é retirado do ovário da fêmea, existe uma desregulação do metabolismo ao redor das células e isso causa o acúmulo lipídico. “Verificamos que esse mecanismo é muito intenso já nas nove horas iniciais, com o fluxo muito grande entre células do cumulus e o oócito. Só depois dessas nove horas é que as projeções transzonais (as “pontes” entre eles) começam a se desfazer”, explica Felipe Perecin, professor da FZEA-USP e um dos autores do estudo, cujos resultados foram publicados na revista Scientific Reports. O trabalho teve apoio da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

O Brasil é responsável por cerca de 67% do total mundial de embriões bovinos produzidos in vitro, de acordo com dados de 2015 do relatório da Sociedade Internacional de Tecnologia de Embriões (IETS, na sigla em inglês). Em 2015, foram transferidos no Brasil 269.353 embriões bovinos, dos quais 214.886 (79,6%) não passaram por processo de congelamento e armazenamento, tendo que ser transferidos “a fresco” após a produção in vitro. A transferência sem congelamento exige uma logística especial pois o período para garantir o sucesso é muito curto.

Agora os pesquisadores pretendem investigar o que causa esse mecanismo e buscar uma maneira de bloquear essa proteína para tentar reverter o sistema. Eles também estimam que o mecanismo estudado em bovinos possa ter replicação em humanos, mas ainda será preciso realizar uma série de estudos até que haja confirmação.

Com informações da Agência Fapesp.