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A Embrapa iniciou o AgriCarbono, projeto de pesquisa que vai utilizar gás carbônico (CO2) para a produção de suportes - material para formação de cápsulas - de liberação controlada de agroquímicos. De acordo com o coordenador do projeto, o pesquisador da Embrapa Agroenergia Sílvio Vaz Jr., serão desenvolvidos suportes em nanoescala para liberação controlada de moléculas de agroquímicos, que podem ser um fertilizante, um antibiótico ou um semioquímico - substância envolvida na comunicação entre seres vivos como insetos e utilizado em manejo de pragas.

O objetivo é, por meio da liberação controlada, aumentar a eficácia de aplicação e reduzir a poluição ambiental, inerentes ao uso dos agroquímicos convencionais. O projeto, que conta com recursos do Programa de P&D da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e da Eletrobrás Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE), propõe o desenvolvimento de formulações que reunirão no mesmo produto: nanocarbonatos, obtidos a partir do gás carbônico; lignina, oriunda do processamento da indústria de papel e celulose; e o agroquímico de interesse.

O nanocarbonato tem a função de absover (fixar) os agroquímicos, enquanto que a lignina, um polímero natural presente nas plantas, é empregada como aditivo para melhorar essa adsorção. No caso do fertilizante, o resultado é a liberação gradual do agroquímico aumentando sua eficiência e reduzindo perdas do produto para o meio ambiente. Parte dos fertilizantes convencionais se perde por carreamento, sublimação e outros processos, o que pode contaminar o meio ambiente.

As cápsulas nanométricas também servem para envolver o medicamento veterinário e o semioquímico. O nanoencapsulamento promove a liberação lenta ou controlada de ambos, o que permite maior eficácia, redução da quantidade dos princípios ativos utilizados e, consequentemente, dos impactos negativos ao meio ambiente.

Retirando CO2 de termelétricas e usinas canavieiras

Os cientistas procuram justamente alternativas aos agroquímicos convencionais e, ao mesmo tempo, dar uma finalidade nobre ao CO2 emitido por usinas termoelétricas, o que poderá ser estendido ao aproveitamento das emissões das usinas canavieiras.

Os agroquímicos utilizados pertencem a três grupos: semioquímico (cis-jasmone), antibiótico (oxitetraciclina) e fertilizante (o próprio nanocarbonato). A escolha dessas três moléculas tem como objetivo promover tecnologias para o desenvolvimento de uma agricultura mais sustentável. Um exemplo é o emprego do cis-jasmone no manejo integrado de pragas (MIP). De origem vegetal, esse semioquímico é inofensivo à natureza e seu emprego reduz a aplicação de inseticidas no controle do percevejo da soja (Euschistus heros).

Menor quantidade de antibiótico

O trabalho de pesquisa também considera o largo uso do antibiótico oxitetraciclina na pecuária e a necessária redução dos seus impactos. A oxitetraciclina é o antibiótico mais utilizado na agropecuária brasileira, tanto para o tratamento de doenças quanto para a promoção de ganho de peso. Porém, até 90% por cento da quantidade aplicada é excretada pelos animais e pode produzir efeitos ao meio ambiente, como a criação de resistência em certos microrganismos.

Vaz salienta também que as nanoformulações a serem desenvolvidas poderão ser aplicadas como agente para manejo integrado de pragas, medicamento veterinário e fertilizante seletivo. De acordo com o pesquisador, a Embrapa Agroenergia já vem executando pesquisas para a liberação controlada de agroquímicos utilizando lignina kraft como suporte. As ações serão executadas em três anos, em parceria com outras duas unidades da Embrapa, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF) e a Embrapa Florestas (PR).

O pesquisador destaca, ainda, que a inovação proposta pelo Projeto AgriCarbono está na junção de método de captura de CO2 na forma de nanocarbonatos, com consequente redução de CO2 emitido, ao desenvolvimento de suportes, associados à lignina kraft. Tais nanoformulações de agroquímicos poderão ser mais sustentáveis do que os produtos convencionais atualmente comercializados.

Com informações da Embrapa.

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