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O desinteresse por adquirir um carro próprio e ter carteira de motorista tornou-se um fenômeno nacional e internacional. Nas cinco regiões do Brasil, por exemplo, entre homens e mulheres de todas as faixas etárias, a emissão de Carteira Nacional de Habilitação (CNH) vem diminuindo desde 2015. O volume total passava dos 3 milhões em 2014, mas, no ano passado, recuou para 2,1 milhões.

Fernando Deotti, diretor de pesquisa automotiva da Ipsos, instituição responsável pelo levantamento, afirma que o custo-benefício é um dos fatores mais importantes que levam ao desinteresse. "Muita gente pensa no custo-benefício de ter um carro e, por tabela, de tirar a carteira de motorista. Além disso, atualmente existem aplicativos que atendem a essa necessidade de deslocamento. O veículo não é tão necessário assim para certa faixa da população", afirma o diretor.

País-berço da indústria automobilística moderna, a Alemanha também está sentindo sinais do fim da era do carro próprio. O número de alemães com 25 anos de idade recebendo cartas de condução caiu 28% na última década, e esse é um comportamento semelhante em praticamente todas as outras grandes economias.

Este é um momento de reflexão para uma indústria automotiva que pôde contar com alguns fatores desde que o automóvel foi inventado na Alemanha há mais de um século: um deles seria que os carros funcionavam com motores à combustão e as pessoas não apenas desejavam ter um, como também nem pensavam em fazer isso de uma forma que não fosse exclusiva. Hoje, na era do compartilhamento, das frotas movidas à bateria e dos carros autônomos, no entanto, as montadoras precisam se reinventar como empresas de mobilidade para sobreviver.

A fabricante de luxo da Mercedes-Benz, a Daimler AG, está de olho nessa mudança. Recentemente comprou uma participação da CleverShuttle, um serviço que usa um aplicativo tipo Uber para "emparelhar" indivíduos que buscam carona com outros na mesma vizinhança. Nas cinco cidades alemãs onde o CleverShuttle funciona, o número de usuários mais do que dobrou desde janeiro, chegando a 650 mil.

Se avançarmos cinco anos no tempo, avalia a Berylls Strategy Advisors, uma consultoria de Munique, esses serviços afetarão as vendas de automóveis. Até 2030, nos Estados Unidos, onde os dados estão mais disponíveis, a Berylls prevê que as vendas totais de carros - tanto os particulares quanto os compartilhados - cairão quase 12%, para 15,1 milhões de veículos. "Será a primeira vez que os fabricantes de automóveis terão que lidar com um declínio estrutural, e não por fatores temporários como a crise econômica", disse Arthur Kipferler, consultor da Berylls, ao Bloomberg.

As próprias estimativas da BMW mostram que em uma década, um veículo de compartilhamento de carros substituirá três veículos de propriedade particular, e os serviços de mobilidade, incluindo carros autônomos, serão responsáveis por um terço de todas as viagens. Além disso, empresas como Uber e sua concorrente chinesa, DiDi Chuxing, já estão avaliadas em cerca de US$ 124 bilhões - um pouco abaixo do valor de mercado de BMW e Daimler juntas.

Com informações da Folha de São Paulo, Gazeta do Povo e Bloomberg.

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