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Fibria também aposta no consumo crescente de papel e duplica produção de celulose em Três Lagoas (MS), onde está a Eldorado
PRISCILLA OLIVEIRA
No fim do próximo ano, quando a maior fábrica de papel e celulose do mundo começar a funcionar, a cidade de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, passará a garantir à oferta mundial 1,5 milhão de toneladas adicionais de celulose branqueada de eucalipto, usada para a fabricação de papéis. O investimento da Eldorado Brasil na unidade soma-se a projetos de expansão na mesma cidade de outra empresa, a Fibria, que até 2014 planeja entregar duas vezes mais, aumentando sua produção atual de 1,3 milhão para 3 milhões de toneladas em três anos.
Tanto interesse em investir não é por acaso: o setor nacional de celulose e papel apresenta crescimento acelerado em função da recuperação econômica global. Estão previstos investimentos de R$ 20 bilhões até 2020, aumentando a base florestal para 3,2 milhões de hectares. Praticamente todo papel produzido no Brasil vem de florestas de eucalipto plantadas, que levam emmédia 7 anos para produzir celulose.
Enquanto isso, nos países do Hemisfério Norte planta-se pínus, e o ciclo de produção da celulose leva de 14 a 20 anos.
É essa diferença que garante a competitividade do mercado brasileiro. Até 2025, segundo dados da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), a estimativa é de a demanda mundial de celulose de fibra curta (usada para a fabricação de papéis absorventes) crescer em média 3% ao ano. A demanda por todos os tipos de papel, principalmente os de embalagem e para fins sanitários, deve crescer 1,5% no mesmo período. O aumento do consumo deve vir principalmente de mercados emergentes como China, Índia e Rússia.
Foi de olho nesse mercado, e com ajuda do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que a Eldorado, umdos novos grupos do setor, decidiu investir R$ 5,1 bilhões (R$ 2,7 bilhões desse total captados junto ao banco) em Três Lagoas. A nova fábrica vai gerar em torno de 3 mil a 4 mil empregos quando entrar em funcionamento, e cerca de 7 mil durante a fase de construção.
"Percebemos que a capacidade de produção brasileira tinha fôlego suficiente não só para se manter mas também para suprir o crescimento da demanda, que ocorreu em 2010 e que perdura este ano.
Aproveitamos essa oportunidade de expansão e estamos avançando no projeto da Eldorado Brasil", afirma o diretor-presidente da companhia, Rogério Peres.
A expectativa, segundo a empresa, é de que a maioria dos empregos gerados seja ocupada por mão de obra regional, gerando um aumento na renda da região. Segundo o BNDES, o empreendimento tambémtrará impactos positivos para a balança comercial brasileira, uma vez que a produção visa o mercado externo.
O banco desembolsou R$ 14 bilhões entre 2000 e 2010 para papel e celulose.
Atualmente, a carteira ativa, ou seja, aquela que reúne os projetos aprovados e os que estão em análise soma R$ 12 bilhões, referentes a 31 projetos. Essa soma representa investimentos totais na economia de R$ 151,7 bilhões.
Fibria mais que dobra É também na sua unidade de Três Lagoas que a Fibria deve mais que duplicar sua produção, em um investimento previsto de cerca de R$ 3,6 bilhões. "Hoje a unidade produz 1,3 milhão de toneladas, e isso pode subir para até 3 milhões de toneladas, dependendo das condições do mercado", aponta Francisco Valério, diretor de operações industriais e engenharia.
A unidade da Fibria no Mato Grosso foi inaugurada em março de 2009, e hoje é a fábrica de celulose mais moderna em operação no país. Para a expansão, a Fibria conta com 30 mil hectares excedentes, de sua primeira linha. A empresa é a atual líder mundial na produção de celulose branqueada de fibra curta de eucalipto, com capacidade de produzir 5,25 milhões de toneladas. Com áreas plantadas nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Bahia e Rio Grande do Sul, tem uma base florestal total de 875 mil hectares.
Produção sustentável Os bons resultados apresentados pela indústria de papel e celulose em 2010 favorecem o novo ciclo de investimentos iniciado neste ano e que resultará emaumento considerável da capacidade do país na produção de celulose. Porém, este aumento também significa o consumo voraz de energia e água, exigindo planejamento para diminuir cada vez mais os danos que os processos de produção causam ao meio ambiente.
Valério, da Fibria, afirma que a sustentabilidade é um dos pontos fundamentais na política da empresa. "A estruturação de um projeto sustentável e a obtenção da licença ambiental são os primeiros passos para a realização do projeto de expansão da fábrica de Três Lagoas". As unidades da Fibria em Aracruz (ES) e Três Lagoas (MS) já são autossuficientes em energia elétrica. Toda energia utilizada na fábrica é produzida a partir de subprodutos do processo de fabricação de celulose, gerando ainda cerca de 30 megawatts extras, o que é suficiente para abastecer uma cidade com 500 mil habitantes. Esse excedente é vendido à rede pública nacional.
O setor tem evoluído nos últimos anos rumo a um lugar de destaque na produção sustentável. De acordo com dados da Bracelpa, as empresas brasileiras de celulose já utilizam 100% de matéria-prima proveniente de florestas renováveis e, também, reciclam a maioria do papel descartado pela população após o consumo.
Para minimizar o impacto durante as obras de construção da nova fábrica, a Eldorado está construindo três alojamentos, alguns para 1.500 profissionais. Após a obra, as instalações serão entregues ao setor público.
"Outro exemplo é o investimento de mais de R$ 2 milhões direcionados para desenvolver 190 jovens da região. Esse é o nosso compromisso coma população", afirma o diretor-presidente, Rogério Perez.
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"Hoje a sustentabilidade é um dos pontos fundamentais na política da empresa, o que inclui licença ambiental e autossuficiência em energia elétrica"
Francisco Valério, Diretor de operações industriais e engenharia da Fibria
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Nova fábrica da Eldorado consumirá R$ 5,1 bilhões e empregará 7 mil pessoas na construção,
em Três Lagoas (MS)
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