Sindivest Parana
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Setembro / Outubro 2015

Inovar para enfrentar a crise

Ainda que parciais, os resultados das vendas do varejo de moda, apresentados ao final desta coluna (no item "indicadores setoriais"), ilustram o forte impacto da retração do consumo provocada pela crise econômica atual, recrudescida em boa parte pelo delicado momento político vivido pelo país.

Mesmo assim, e em que pese o riso de uma crise institucional, ou da retratação da renda e do mercado de consumo, como empresários e executivos não temos como nos furtar da obrigação de prover rentabilidade e crescimento às nossas empresas, independentemente da situação em que o mercado se encontre.

Em momentos como o atual, em que a demanda existe não é capaz de promover o crescimento, tal responsabilidade se transfere automaticamente para as mãos das empresas e de seus dirigentes. Afinal, quando o consumo é maior do que a oferta e o mercado se mostra "comprador", crescer não chega a ser um desafio tão grande, mas, quando uma crise se instala e a situação se inverte, tudo se orna muito mais difícil, mesmo porque não haverá espaço para todos.

Outra consideração importante a ser feita é a de que, independentemente se o desempenho agregado de determinado mercado é positivo ou negativo, sempre é possível segmentar seus participantes em dois grandes grupos: o das empresas que crescem apesar do mercado e o daquelas que estão em retratação. A diferença é que o segundo grupo tende a ser maior quando vivemos um momento de crise como o atual.
Ainda assim, o que definirá em qual desses grupos sua empresa vai se encontrar dependerá das decisões que você e seus executivos vão tomar, internamente, para enfrentar as adversidades que se apresentam. É em momentos como esse que a visão e o espírito empresarial de alguns costumam se destacar dos demais.

Neste ano, marcado por tantas turbulências, temos tido o prazer de acompanhar empresas com crescimentos expressivos, impulsionados por uma boa dose de inovação e um planejamento bem focado, o que as tem mantido longe da briga de preços, encantado seus clientes e se mantendo em crescimento apesar do mercado.
Na crise, existe uma máxima insuperável, a de que “o que vende é o novo”. Oferecer “mais do mesmo” ao mercado até pode ser mais fácil, confortável e barato, mas não trará crescimento ao negócio e o empurrará para o confronto de preços. Com custos em alta e preços em baixa, a conta não vai fechar e o lucro vai embora.

Para enfrentar esse tipo de situação, não temos muita escolha e, mais do que nunca, será preciso inovar. Aqui a inovação precisa ser mais bem entendida, desassociando-se de uma visão restrita ao espectro do produto. Será preciso conceder a inovação dentro de um conceito mais amplo, que envolva os processos de fabricação, a logística de entrega, as formas de comercialização, os serviços pós-vendas, as estratégias de comunicação, exposição e promoção da marca, de forma que um conjunto de inovações construa os diferenciais necessários para agregar valor ao negócio.
O conceito de inovação pode ser mais bem entendido quando deslembrado e forma de uma simples equação: inovação=novo+ação, em que o novo pode ser descrito pela capacidade da empresa de ser criativa original e ousada, até porque para inovar é preciso ter, entre outras coisas, coragem para fazer diferente: em muitos casos, algo que ninguém ainda fez.

Quanto à ação, ela pode ser trazida pelo planejamento das tarefas, definições dos responsáveis e os prazos de implantação e, aqui, contará muito a qualidade da equipe envolvida, seu grau de organização, sua motivação e o esforço a ser empreendido para levar essa inovação ao mercado.
Como sempre acontece, o segundo semestre do ano deverá ser bem mais aquecido para o mercado de moda, com a entrada das coleções primavera-verão e o alto verão, o pagamento do 13° salário as festas de fim de ano. Ainda assim, os resultados esperados não vão compensar a queda de vendas do varejo neste primeiro semestre e proteja-se uma evolução negativa para o consumo desses produtos no acumulado do ano. Contudo, para os que se encontram pessimistas e desanimados com esse cenário, é bom não esquecer que em 2015, com ou sem crise, os brasileiros vão consumir nada menos que R$ 220 bilhões e, roupas calçados.
Inove e aumente a participação da sua empresa nesse imenso negócio. Até a próxima.

INDICADORES SETORIAIS

  • A produção de vestuário teve crescimento de 3,5% em Junho, quando comparada ao mês anterior. O setor se destaca quando comparado com a indústria de transformação, na qual registrou queda de 0,9% no mesmo período. No acumulado do semestre (jan-jun), segundo a pesquisa industrial mensal do IBGE, o índice registrou queda acentuada de 10,2% no volume físico produzido.
  • Apesar de as vendas no varejo (volume) acumularem queda de 5,0% no ano, o setor pode se beneficiar com a proximidade das demandas de fim de ano. Apesar do leve crescimento das importações de 3,7% e do aumento da taxa cambial, a expectativa é de que o valor dessas importações se reduza significativamente, beneficiando a indústria brasileira. Essas importações somaram US$ 1,55 bilhão no ano e serão insuficientes para atender os estoques do setor.
  • As exportações brasileiras de vestuário alcançaram US$ 72,6 milhões até julho deste ano, com retração de 8,3% em relação ao mesmo período d 2014. Apesar de elevação recente do câmbio, há claras demonstrações de que uma recuperação nesse indicador demandará tempo e muito trabalho para gerar os frutos desejados.
    Segundo o IBGE, os preços do vestuário no varejo recuaram 0,31% m julho de 2015, mas ainda assim acumulam alta de 1,12% no período de janeiro a julho deste ano.

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Marcelo V. Prado. É sócio-diretor do instituto de estudo e marketing industrial (IEMI) e membro do comitê têxtil da FIESP.

Plus Size: Sinônimo de vendas
Na contramão da crise, o segmento cresce e se fortalece com bons negócios.

Hoje no mercado existem marcas plus size que abrangem todos os estilos, do clássico à moda festa, passando pelo executivo, beachwear, fitness, jeanswear, teen... Enfim, empresas que vão de produtos de apelo popular até os mais sofisticados.
E, embora a moda plus size já contemple diversos estilos e as peças GG já possa ser encontras até em grandes magazines, com inúmeras confecções produzindo itens para o setor, esse número ainda é reduzido, por se tratar na maioria de médias e pequenas empresas. Logo, só há em cada shopping center uma ou duas lojas plus size entre centenas de lojas de moda de tamanhos menores. A demanda ainda é bem maior que a oferta.

Segundo dados do Ministério da Saúde, pessoas com excesso de peso já são 52% da população brasileira. Há nove anos, esse perfil era de 43%, ou seja, o mercado de confecção plus size está em franca expansão, carente de bons produtos, em resposta a uma consumidora cada vez mais exigente e informada.

clique para ampliarclique para ampliarRenata Poskus, jornalista do pioneiro blog Mulherão e idelizadora e diretora do Fashion Week Plus Size. (Foto: Divulgação)

O crescimento do segmento é fantástico, em qualidade e em quantidade. Os últimos anos no Brasil foram de recessão econômica, diversas indústrias têxteis encerraram suas atividades. No plus size, continuam surgindo novas grifes. Uma prova é o Fashion Weekend Plus Size Verão 2016, nossa maior edição até hoje”, destaca Renata Poskus, jornalista e blogueira do blog Mulherão, um dos pioneiros do nicho, e idealizadora e diretora do FWPS.


O evento realizou sua 12° edição em julho na capital paulista, apresentando as coleções de verão 2016 de 18 marcas – 13 desfilando e participando do Salão de Negócios e outras apenas na área business do evento, recebendo 1.200 visitantes.“Há cinco anos, as empresas não se preocupavam com a modelagem das roupas, que quase sempre eram restritas a vestidos longos, camisões e camisetões, todos quadrados, além de leggings e calças gorgorão. Tudo muito sem graça, com estampas ultrapassadas. Ad confecções não fazem coleções inspiradas em tendência de moda mundiais. Fazem sempre a mesma receita. E vendiam porque a consumidora não tinha opção. Além disso, havia uma sensação entre os clientes plus size de que elas estavam erradas sendo gordas, que deveriam emagrecer e não exigir moda de qualidade e com preços acessíveis. Eu mesma passei por isso”, explica Renata.O evento realizou sua 12° edição em julho na capital paulista, apresentando as coleções de verão 2016 de 18 marcas – 13 desfilando e participando do Salão de Negócios e outras apenas na área business do evento, recebendo 1.200 visitantes.


Com o glamour do nicho, esse cenário mudou. As revistas de moda, que antes marginalizavam o segmento, passaram a incluí-lo em editoriais. Mesmo que timidamente, essa inclusão despertou o olho dos consumidores e fabricantes para a necessidade de mudança. O diálogo sobre moda plus size tornou-se público.
“Com isso, as reclamações, as sugestões e as exigências de uma consumidora moderna, jovem e que buscava melhorias no setor fizeram surgir uma cliente que pede, exigem, insiste, reclama e até boicota uma empresa se essa não respeitar seus diretores. Muitas novas marcas apareceram, com uma proposta atual, modelagens inovadoras, estampas modernas e comunicação apropriada, levando as mais antigas também a se atualizar. O valor das roupas também diminuiu, devido à concorrência”, ressalta a empresária.

clique para ampliarclique para ampliarA top Flúvia Lacerda, que acaba de lançar uma linha beachwear plus size com a Melinde Brasil (Foto: Divulgação)

A Melide Brasil, por exemplo, é uma marca que já tem uma expertise no segmento, acompanhando as diversas transformações do plus size desde os anos 90. Sediada no bairro do Limão, na capital paulista, a marca feminina conta com uma produção de 5 mil peças por mês, com cinco lojas – quanto em São Paulo. E uma em Guarulhos – e um e-commerce próprio, comercializando suas peças para todo o Brasil por meio de revendedores parceiros.
Neste momento, a empresa se prepara para expandir sua atuação no nicho, lançando uma linha de beachwear alinda ao nome de uma das modelos mais renomadas do nicho, Flúvia Lacerda. “Com a moda praia aproveitamos a oportunidade para ampliar nosso mix de produtos, além de trazer inovação para plus size, que ainda é muito limitado.
A Flúvia é uma grande parceira e nós queremos trazer tudo de melhor para esse mercador: peças cheias de tendência, cores e inovação, deixando para traz o estigma da roupa larga, das túnicas e leggings de cor preta ou escura”, conta Vanessa Licciardi, estilista da grife.

clique para ampliarclique para ampliarA catarinense Marialícia, da Elian têxtil, escolheu o FWPS para lançar sua primeira coleção. (Foto: Divulgação)

A catarinense Marialícia, que produz roupas jovens de apelo casual, escolheu o FWPS para lançar sua primeira coleção voltada para o setor, a Marialícia Plus, utilizando materiais como rendas, malhas leves e brilho. No produto, a ideia é valorizar, entre outros atributos, a estamparia e os tecidos selecionados. A marca traz como principais destaques o colorido, o conforto e a fluidez. A grife resolveu investir em tamanhos maiores porque viu no setor uma carência de produtos de qualidade. “Justamente pela crise, algumas marcas estão recuando e reduzindo os investimentos nas coleções. Vimos aí uma oportunidade de aproveitar esse gap. Percebemos que o mercado plus size ainda é muito precário de confecções que realmente entendam as necessidades e os desejos do consumidor”, diz Suelen Mass, coordenadora de Desenvolvimento de Produto da Elian Têxtil, empresa detentora da marca que está presente em lojas multimarcas de todo o Brasil.

Empresas tradicionais do mercado também perceberam a importância do segmento. Em 2014, o grupo H. Fontana, detentor das marcas Di Trevi e Di Trevi Job, reconhecidas por sua expertise no segmento de jeanswear. Moda feminina e masculina, criou a YPS, direcionada ao plus size. Hoje, a etiqueta já representa 40% da receita do grupo, fabricando 10 mil peças por mês e tendo um faturamento de $ 600 mil por mês, vendendo para todo o Brasil.
“Tínhamos uma grande demanda de clientes querendo tamanhos maiores de nossas peças. Por isso investimos numa marca específica para o plus size. O crescimento desse tipo de consumidora é muito positivo, ela está mais exigente e ligada, não se contenta mais com qualquer modelo de roupa, quer moda, mas ainda encontra dificuldade em comprar peças que vistam bem em seu corpo, mesclando conforto e estilo”, diz Paulo Fontana, diretor-geral do grupo H. Fontana.

Para entrar no setor, a empresa estudou cuidadosamente o nicho. “Preocupamo-nos em nos adequar ao público-alvo, fizemos um estudo para compreender a cliente e suas vontades, para assim adaptarmos nosso produto. Também revimos a modelagem, fomos além de apenas aumentar os tamanhos da panturrilha das calças, e assim por diante. Estamos investindo em comunicação para divulgar a marca e em outras ações de marketing”, conta o empresário.

SENAI BRASIL FASHION
Evento revela novos talentos da moda e ressalta a importância da capacitação profissional.

Mais de 300 inscrições de todo o país foram analisadas até chegar aos nove alunos escolhidos do Sistema Senai, cada um vindo de um estado brasileiro. O start da segunda edição do Senai Brasil Fashion, patrocinado pelo Senai/Cetiqt, DO Rio de Janeiro (RJ), com curadoria de Flávio Sabrá, gerente de Inovação, Estudos e Pesquisas da entidade, deu-se oficialmente no dia 10 de junho deste ano, quando aconteceu a primeira das quatro reuniões do grupo com um time de orientadores formado por nada menos que Alexandre Herchcovitch, Lino Villaventura e Ronaldo Fraga, além da participação dos consultores Jackson Araújo e Letícia Abraham (WGSN), do consultor de modelagem Wilson Ranieri e d stylist Daniel Ueda, entre outros.

 

De acordo com Sabrá, durante o processo os alunos aprendem a ter uma visão completa da profissão, desde a concepção até o resultado na passarela. Eles foram responsáveis por todas as etapas, partindo do croqui, escolha do tecido, modelagem, costura, acabamento, maquiagem, trilha etc., sempre orientados por algum profissional, como Wilson Ranieri, que acompanhava de perto cada um deles ajudando na modelagem. “O principal desafio dos alunos tem sido aliar o processo criativo com a produção industrial. E é justamente este o grande diferencial do Senai Brasil Fashion tirar os alunos da sala de aula e dar a eles uma experiência prática, com o acompanhamento de profissionais que são referência no mercado brasileiro e internacional de cadeia têxtil e de confecção”, diz Sabrá.

 

Cada aluno criou três looks (conceito, prêt-à-porter e streetwear) numa minicoleção temática, que foram apresentados num desfile em São Paulo no dia 13 de agosto para empresários e formadores de opinião, contando com a presença de tops consagradas, como Isabeli Fontana, Izabel Goulart, Luciana Curtis, Laís Ribeiro, Carol Trentini, Ana Beatriz Barros, Cinthia Dicker, Bruna Tenório e Viviane Orth.

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SENAC MODA INFORMAÇÃO - INVERNO 2016

clique para ampliarclique para ampliar. (Foto: Divulgação)

O teatro Bradesco, em São Paulo (SP), recebeu no dia 25 de agosto a 46 edição do SENAC Moda Informação – Inverno 2016. A palestra de abertura teve como tema “A mágica de Inovar e Criar”, ministrada pela psicóloga Meiry Kamia, autora do livro Motivação sem Truques. Na ocasião, ela discutiu formas de prosperar por meio de caminhos criativos, que fogem ao usual e proporcionam novidades.
O evento apontou três temas centrais: Boho 4ever, Je Susi Moderna e Vitoriano Gótico. Os consultores mostraram as pesquisas feitas nas ruas e no varejo internacional, adaptadas para atender o mercado brasileiro. Além da apresentação de palestras para a discussão dos temas, os participantes puderam conferir cerca de 70 looks produzidos com peças do mercado europeu, que traduzem os três temas desta edição.

O tema Boho 4ever traz a década setentista dando continuidade à Newstalagia 70, do verão 2016. No inverno, as influências surgem com uma cartela de cores quentes, estamparia étnica, formas geométricas unidas e sobreposição de peças para compor looks. Entre os destaques femininos, estão ponchos, casacos, coletes, saias e vestidos longos, e muita franja, patchwork, pelos, miçangas e lavagens. Para o masculino, full print nas camisetas composto de estampas com interferência, camisaria com falsos lisos e calças com quadril mais solto, afinando a partir dos joelhos. As texturas apresentam peles e pelos, brocados, jeans, sarjas leves e pesadas, transparência em chiffon, crepe georgette e algodão, entre outros.

No tema Je Suis Moderna, as interpretações são sempre repaginadas e modernas e os anos 60, 80, 90 são a base para a construção da imagem atual. Segundo a consultora Luciana Parisi, o ponto forte são as costas, valorizadas com decotes e detalhes nos tecidos, para o feminino, que ainda traz camisas com gola, laço, decote V profundo, casacos, mantôs, parcas e coletes. O masculino apresenta mistura de texturas e aplique de relevo nas malhas e camisas com detalhes ricos e discretos. Nos tecidos, observamos misturas entre leves e pesados, com estampas listradas, maxionça ou listra de zebra abstrata, além do xadrez tartan e xadrez quadriculado, tudo em cores vivas e royal, em contraste com cores neutras.

O tema central, Vitoriano Gótico, representa o romantismo da era vitoriana e a estética agressiva do mundo gótico. As peças possuem sensualidade, dramaticidade e exuberância. Entre as peças femininas, os destaques são gola alta, jaqueta biker, amarrações, casaco peplum e peças com detalhes metalizados, fivelas e correntes. Os homens têm o zíper como o acessório da vez, presente em jaquetas de couro e nas calças retas, com efeito funcional ou decorativo e joggers em versões clássicas e inusitadas. A estamparia apresenta penas de pavão, cruzes e arabescos bizantinos. As cores seguem o estilo com preto, vermelho e vinho, acompanhados de branco, creme, azul-marinho e azul cobalto. Nos tecidos, vemos veludo cristal, pelos e pelúcias, transparências em silk georgette, silk, chiffon, organza e rendas, acompanhados de apliques de lantejoulas, pedraria, canutilhos e strass.

As peças de Inverno 2016 serão mais comportadas, mas o top cropped e as listras estarão fortes na estação, além de blusas com golas exageradas e laços, camisetas com frases, e tachas e spikes nas peças. O jeans vem com tudo na estação e a skinny agora surge com cintura alta. Já a flare aposta nos anos 70, que vêm como referência de estilo e peças com cintura mais alta e tonalidades de azul limpo.

FONTE: Revista Costura Perfeita - N° 87 - Setembro/Outubro 2015

 

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