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Agricultura brasileira: um modelo de crescimento sustentável

Publicado em 08/03/2016

A incorporação de tecnologias na agricultura não exclui a sustentabilidade, ao contrário, revela preocupação com a conservação do meio ambiente.

Ao longo dos últimos quarenta anos, o Brasil deixou a posição de importador de produtos agropecuários para transformar-se em um dos maiores exportadores mundiais de alimentos, fibras e biocombustíveis. Somos players importantes na produção e na exportação de café, suco de laranja, soja, milho, algodão, carnes e outros gêneros alimentícios. Não é surpreendente que, ao se pensar no desafio de alimentar uma crescente população global, os olhos voltem-se para o Brasil.

O investimento e a adoção de tecnologias no campo, sem dúvida, foram cruciais para esse bom desempenho. Novas técnicas de manejo, uso intensivo de insumos, equipamentos agrícolas e adoção de sementes cada vez mais produtivas desenvolvidas por melhoramento genético convencional e biotecnologia elevaram a agricultura brasileira à categoria de potência mundial.

É importante lembrar que esse cenário agrícola do Brasil dificilmente seria possível sem a utilização de insumos. Em um clima tropical, há grande diversidade de espécies vegetais e condições favoráveis à proliferação e à adaptação de pragas (plantas daninhas, insetos, fungos ou outros patógenos). Além disso, em determinadas circunstâncias e/ou na ausência de manejo adequado, a proliferação de pragas pode atingir níveis de danos econômicos em qualquer país.

Ainda que a Biotecnologia já tenha desenvolvido sementes tolerantes a herbicidas e resistentes a insetos, sua utilização não pressupõe a exclusão de outras tecnologias. A precisão da transgenia faz com que seus produtos sejam altamente específicos em relação às características adicionadas, sendo necessário manejar os outros desafios de uma lavoura. Isso vale para todos os modos de produção agrícola, não somente aqueles que adotam sementes GM.

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Falando em Biotecnologia, cabe uma breve análise sobre sua introdução no Brasil. Em 1998, os agricultores adotaram o primeiro OGM do País, uma soja tolerante a herbicidas. Desta data até 2004, não houve autorização de nenhuma outra variedade transgênica. Porém, a partir de 2005, a Lei de Biossegurança (Lei nº 11.105/05) abriu caminho para a aprovação de outros OGMs, resultante de uma análise sistemática de biossegurança.

Em virtude das características expressas nos transgênicos hoje disponíveis, observa-se uma correlação equivocada entre a adoção desta tecnologia e o aumento no uso de defensivos químicos. Essa relação não é direta e, em alguns casos, inversamente proporcional. Na soja, há redução no uso de herbicidas entre os anos de 2005 e 2006, também, entre 2009 e 2010. Para o milho, entre o primeiro ano de adoção de variedades tolerantes a herbicidas e 2014, houve redução no uso de aproximadamente 10 milhões de quilos desta classe de defensivos. Para a cultura de algodão, ocorre algo semelhante: entre 2009 (primeiro ano de adoção de algodão transgênico resistente a insetos) e 2014, houve redução de 3 milhões de quilos de inseticidas.

Para o algodão, desde 2009, estão disponíveis sementes tolerantes a herbicidas. Daquele ano até 2014, o consumo desta classe de agroquímicos, por tonelada, foi reduzido em 15%. Por outro lado, a área plantada com sementes GM, neste mesmo período, aumentou 300%. O caso do milho GM é análogo. Desde 2008, existem variedades tolerantes a herbicidas no mercado, embora o consumo destes produtos, desta data até 2014, tenha recuado 13%. A área plantada, em contrapartida, cresceu 861%. Por fim, para a soja, enquanto a área plantada com variedades transgênicas tolerantes a herbicida triplicou entre 2005 e 2014, o consumo deste defensivo não acompanhou o mesmo ritmo de crescimento.

Adicionalmente, uma vez que a Biotecnologia oferece controle de plantas invasoras e insetos, para evitar perdas em virtude do ataque de fungos, ácaros e outros patógenos, é preciso recorrer a defensivos químicos de outras classes. Na soja, por exemplo, a ferrugem asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, é, atualmente, um dos maiores problemas da sojicultora, e, para seu controle, são necessárias pulverizações de fungicidas em quantidade proporcional à severidade da doença. O consumo de defensivos desta classe, assim como de acaricidas e de outros tipos, também tem aumentado, e, como não há plantas transgênicas associadas a esses produtos, não é correto vincular o aumento do uso de defensivos químicos à adoção da biotecnologia agrícola.

Uma outra análise revela que a agricultura praticada no Brasil é bastante sustentável quando comparada à de outros países. Se considerarmos a quantidade investida em defensivos por unidade de área, é interessante observar que o Brasil, com toda sua produção e condições climáticas, ainda consome doze vezes menos defensivos por área do que o Japão. O país também fica atrás da França e de toda a União Europeia nesse quesito.

Ademais, se levarmos em consideração a relação da quantidade de alimento produzido por investimento em defensivo químico, as estatísticas brasileiras são muito favoráveis. Nesse caso, quando comparado com países de dimensões continentais e que adotam a biotecnologia agrícola, o País se destaca. Enquanto, no Brasil, se produzem 142 kg de alimentos para cada dólar investido em defensivos; na Argentina e nos Estados Unidos, a quantidade de alimentos produzida é de 116 kg e 94 kg, respectivamente.

Portanto, fica evidente que a incorporação de novas tecnologias pela agricultura brasileira não exclui a busca pela sustentabilidade. Pelo contrário, o uso intensivo de tecnologias no setor, a exemplo de sementes GM e insumos agrícolas, revela que o produtor brasileiro investe em inovação para ser competitivo e, ao mesmo tempo, preservar o meio ambiente.

Por: Adriana Brondani – Doutora em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e diretora executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB).

Fonte: Agrotitan - Agroanalysis – A Revista de Agronegócio da FGV – Fundação Getúlio 

O  Roadmapping da Biotecnologia aplicada às Indústrias Agrícola e florestal, vislumbrando a importância da biotecnologia como meio para o aumento da produção, melhorando a eficiência técnica e econômica das lavouras, faz interagir grupos de especialistas e induz, de forma compartilhada, a criação de visões de futuro que têm como objetivos desenvolver a biotecnologia agrícola e florestal paranaense.

A visão de futuro para a Indústria Agrícola e Florestal  como referência a genética e melhoramento vegetal tem a biotecnologia como principal vetor de desenvolvimento de novos produtos e processos. O reconhecimento na área demanda investimentos em pesquisa em biotecnologia aplicada à genética e melhoramento vegetal.

Diante disso, os Observatórios do SESI/SENAI/IEL desenvolve grupos de trabalhos que envolvem pessoas com amplo conhecimento e vivência na área de biotecnologia que tem como objetivo expandir esse setor industrial no Paraná. 

Para maiores esclarecimentos entrar em contato pelo telefone (41) 3271-7471 ou pelo e-mail observatorios.rota.biotecagroflorestal@fiepr.org.br

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