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Apesar da crise, governo e montadoras buscam fabricantes de autopeças na Ásia

Publicado em 22/04/2014

Queda na venda de carros não inibiu planos de trazer mais empresas de autopeças para o Brasil.

Fonte: Bárbara Ladeia para iG

A venda de veículos caiu 2,1% no primeiro trimestre de 2013 em comparação ao mesmo período do ano passado e mesmo assim há quem esteja com as apostas na mesa para o setor. Na segunda-feira, 21 de abril, embarca para a Ásia uma missão da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) em busca de fabricantes de autopeças dispostas a investir no Brasil.

A iniciativa tem como principal objetivo oferecer suporte para as empresas avançarem na direção do programa Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores (Inovar-Auto), que prevê descontos de até 30% no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para montadoras que atenderem a algumas exigências – entre elas, a nacionalização de 60% de partes e peças que compõem o veículo.

A vinda de novas fabricantes cria uma questão para a indústria de autopeças nacional. Um retrato do setor em fevereiro mostra 27,4% de capacidade ociosa e uma balança comercial negativa em US$ 1,7 bilhão. Embora este valor seja ainda 18% menor que o do ano passado, nem de longe é um indicativo de melhora no cenário – a portas argentinas estão fechadas também para as autopeças brasileiras. Não fosse isso, o déficit poderia ser maior.

Na outra ponta, o Brasil importa 26% mais da Coreia do Sul, 32% a mais do México e 14% a mais da China. “As montadoras novas estão chegando e importando muito trazendo bastante conteúdo de fora”, explica Adilson Luis Sigarini, do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças).

Para Sigarini, trazer novas fabricantes “não é o projeto perfeito”, porque acabará gerando ainda mais competitividade em um mercado que já sofre com as importações, “mas acaba sendo sadio para o mercado”. “O objetivo do Inovar-Auto é aumentar o volume de conteúdo local nos veículos, estamos contando com a adoção da rastreabilidade para garantir isso.”

Perfeito seria se fosse possível investir nas empresas locais para que produzam as peças para atender à demanda, mas, o que parece, nem montadoras nem autopeças tem dinheiro para isso. “Iniciar o desenvolvimento de uma peça com um novo fornecedor é um processo demorado, que envolve grandes investimentos.”

As chances da Apex são grandes. Segundo René Martinez, sócio de consultoria para o setor automobilístico da EY, não faltam interessados no mercado nacional. “Tenho visto cada vez mais países com interesses de investimento no Brasil”, diz. “Somos relevantes, de qualquer forma, um País continental com abertura para negociações.”

No entanto, Martinez afirma que “o momento é crítico” e acredita que esse olhar otimista vem da análise de longo prazo dos candidatos. “Quando a gente fala de uma montadora apostando em um País, estamos falando de um planejamento de longo prazo. As fábricas que estão para entrar em operação já têm a maior parte do parque produtivo planejado para o Brasil”, aponta Martinez.

“Se há importação, é porque não tem preço competitivo no mercado nacional”, explica. “A oferta local precisa ser melhorada, de fato, precisa ser mais eficiente.” E o problema é o mesmo do qual reclama toda a indústria: a competitividade. O custo de investimento caro, a volatilidade cambial e os supostos excessos tributários colocam o produto brasileiro em posição desvantajosa frente às autopartes importadas. “Se a ideia for trazer empresas para cá, precisarão encontrar caminhos para dar vazão a esses produtos.”

No entanto, uma parte do aperto deste mercado pode ter a ver com a gestão das empresas do setor, como aponta Martinez. “A indústria é grande e tem fabricantes de todos os tipos. Quando você pega empresas de segunda e terceira linha, vê problemas de capacitação interna, ineficiência do profissional e mais alguns outros elementos de governança”, explica.

Emprego no setor já dá sinais de enfraquecimento

No entanto, essas empresas vêm em um cenário de queda no emprego neste setor e, ao que consta, não houve nenhuma grande mudança nos nossos dilemas de competitividade. Em fevereiro desse ano, segundo o Relatório de Pesquisa Conjuntural do Sindipeças, o índice de emprego na indústria de autopeças em Minas Gerais, onde estão empresas como a Fiat e a Iveco, era 5,7% inferior a fevereiro do ano passado. No Rio Grande do Sul, a taxa vem caindo desde dezembro e é 1,4% inferior a fevereiro do ano passado. Em Santa Catarina, o segundo mês deste ano trouxe a primeira baixa, de 2,7%, nos empregos.

No Paraná, a queda é de 0,2% em fevereiro. São Paulo parece em situação um pouco mais confortável, mas o segundo mês do ano foi o quarto consecutivo de desaceleração do emprego no setor.

De fato. Até a década de 1990, eram apenas quatro montadoras no Brasil, hoje as asiáticas também compõem o mercado nacional. Houve um aumento significativo na produção de veículos no Brasil sem um crescimento proporcional na indústria de autopeças. “O campo é muito grande”, diz Valmir Marques da Silva, o Biro-Biro, presidente da Federação dos Sindicatos dos Metalúrgicos da Central Única dos Trabalhadores de São Paulo (FEM-CUT/SP).

Segundo cálculos do setor, para cada emprego gerado em montadoras, são quatro empregos indiretos em autopeças. Esse movimento não aconteceu na fase de maior crescimento da indústria automotiva nacional. Biro-Biro explica que nos últimos cinco anos foram gerados 15 mil empregos nas montadoras e apenas 7 mil nas autopeças. “Não estão usando a nossa capacidade produtiva”, diz.

Biro-Biro lamenta que seja preciso buscar empresas fora, mas acredita que a essa altura, qualquer forma de estímulo à indústria nacional é válida. “Precisamos de mecanismos de proteção, senão a indústria de autopeças nacional está fadada ao fim”, lamenta.

Ideia da missão é fabricar o que o Brasil ainda não produz

Segundo Rodrigo Geddeon, analista da Apex-Brasil, o maior objetivo é trazer fabricantes que produzam peças que ainda não façam parte do portfólio nacional. “Desde janeiro estamos mergulhados em um esforço de inteligência para buscar empresas que fabricam autopartes que nós ainda não fazemos no Brasil”, explica.

Daí a escolha inicial por Japão e Coreia do Sul. Geddeon explica que a Apex fez um estudo dos países que mais exportam para o Brasil e foram buscar nas montadoras que mais importam quais são os fabricantes de maior relevância. “Nós provocamos esse projeto”, diz. “Não foi uma iniciativa que partiu das montadoras.”

No dia 24 de abril, a comitiva estará em Tóquio e no dia 28 de abril em Seul, oferecendo o mercado nacional para cerca de 200 empresários da região. “Ficamos surpresos com o interesse e a receptividade”, comenta Geddeon.

Para este ano estão programadas outras três missões – duas para a Europa e uma para a China. A principal vantagem deste formato estaria na transferência de tecnologia. “Os investimentos geram outros benefícios como empregos indiretos e novas receitas”, aponta Geddeon.

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