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BC vê mão de obra mais qualificada no país

Publicado em 15/02/2013

A falta de mão de obra é apontada por muitos economistas do setor privado como um gargalo que limita o crescimento mais forte da economia.

A falta de mão de obra é apontada por muitos economistas do setor privado como um gargalo que limita o crescimento mais forte da economia. Dentro do Banco Central, porém, existe a visão de que esse problema está sendo ao menos suavizado pelo aumento da produtividade dos trabalhadores brasileiros.
"A qualidade da mão de obra está melhorando bem", afirma uma fonte oficial. "O nível de educação do brasileiro que está no mercado de trabalho aumentou bastante nos últimos dez anos - e isso faz diferença."

Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que a escolaridade média dos brasileiros com mais de 25 anos aumentou de 5,6 anos para 7,2 anos entre 2000 e 2011. Em termos proporcionais, esse é um avanço de 28%, maior do que o observado na China e na Índia.

A melhora da qualificação dos trabalhadores ajuda a alavancar a capacidade de crescimento do Brasil no médio e no longo prazos. Mas não é suficiente para eliminar as pressões de curto prazo do mercado de trabalho. A leitura do Banco Central, expressa em seus documentos oficiais, é que aumentos de salário acima dos ganhos de produtividade que se verificaram nos últimos anos são um dos fatores que contribuem para pressionar a inflação corrente.

"Ninguém está dizendo que não há muito o que melhorar na qualidade da mão de obra", afirma a fonte oficial. "Mas é errado também apenas meter o pau, sem reconhecer os avanços."

Em 2000, a escolaridade média dos chineses com mais de 25 anos era de 6,6 anos e, de lá para cá, subiu para 7,5 anos, segundo dados que compõem o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU. No México, avançou de 7,4 anos para 8,5 anos. Comparando com esses países, a escolaridade média dos brasileiros ainda é menor em termos absolutos. Mas, para o cálculo dos ganhos de produtividade, o relevante é o aumento do tempo de estudo. Na Índia, ele subiu de 3,6 anos para 4,4 anos no período.
Há três ou quatro anos, muitos economistas acreditavam que o Brasil poderia crescer a taxas mais aceleradas sem pressionar a inflação, em torno de 5%, em virtude do aumento dos investimentos na economia. Mais recentemente, houve uma onda de pessimismo. Muitos passaram a rebaixar as perspectivas de crescimento, devido não apenas à queda recente dos investimentos, mas também a gargalos no mercado de trabalho. Por questões demográficas, a oferta de mão de obra, que chegou a crescer 1,8% na década passada, avança agora em torno de 1,3%.

"Muita gente superdimensionou a capacidade de crescimento do Brasil, falando em expansões de 5% ou mais, o que é impossível com uma taxa de poupança de 18,5%", afirma a fonte oficial. "Agora, muitas dessas pessoas estão devolvendo parte desse otimismo, passando a trabalhar com crescimento de 3% a 4%."

O quanto a economia pode crescer sem pressionar a inflação, tecnicamente chamado de Produto Interno Bruto (PIB) potencial, é determinado pelo investimento em capital fixo, como máquinas e equipamentos, e pelo volume de mão de obra. "O que interessa não é só a quantidade, mas a qualidade", afirma a fonte. Ou seja, se a mão de obra está mais qualificada, em tese o crescimento pode ser maior.

Isso sem negar o fato de que, no curto prazo, o mercado de trabalho está superaquecido, contribuindo para as pressões inflacionárias. Em dezembro, o Banco Central publicou um "box" em seu relatório de inflação apontando alta no chamado custo unitário do trabalho (CUT) na industria. O vilão são os reajustes de salários bem acima dos ganhos de produtividade, que em alguns momentos foi negativa.

Quando o CUT sobe, a inflação costuma aumentar em seguida. Um outro estudo do BC, publicado no relatório de inflação de dezembro de 2007, diz que leva entre dois e três trimestres para uma alta do CUT bater na inflação. Se os cálculos estiverem corretos, a economia sofre agora pressões inflacionárias ligadas ao aumento do CUT ocorrido em meados de 2012.

Em meses mais recentes, houve moderação nos aumentos de salários. Eles bateram em percentuais reais de 6% e, agora, deslizam abaixo de 4%. Percentuais menores representam um alívio, mas estão longe dos níveis confortáveis. "Ainda está muito alto", afirma a fonte. "Na situação atual, depois de tanto tempo de reajustes salariais acima da produtividade, não há espaço para aumentos reais. Tem que ser zero. Isso acaba com a competitividade de qualquer produtor. É hora de acontecer uma correção."

Uma questão é se, em prazos mais longos, no cálculo do chamado PIB potencial, a melhora na qualidade do trabalhador é suficiente para compensar a queda na quantidade de mão de obra ofertada. "Não é algo fácil de medir", afirma a fonte. "Mas o essencial é que há duas forças agindo sobre o PIB potencial. Isso é importante de ser considerado."

Quando tais informações são confrontadas com a análise da variável 19: Mão de obra qualificada, é natural observar que apesar da visão otimista do governo, a interação entre o sistema educacional e a realidade das indústrias ainda está longe de ser resolvido. Isto se deve ao aumento gradual na necessidade de mão de obra por parte das empresas, fato que por questões de valorização salarial retiram muitas pessoas das escolas, reduzindo os níveis de escolaridade. Outro aspecto importante é a falta de alternativas como cursos técnicos profissionlizantes que criem uma valorização salarial do profissional e por consequencia uma pressão contrária no sentido da formação de mão de obra especializada.

Fonte: Alex Ribeiro, Valor Econômico.

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