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A energia está em todos os cantos. Ela está nas casas das pessoas, no campo, nas cidades, na indústria move máquinas e motores e mantém linhas de produção ativas e é, também, uma das maiores despesas no orçamento. Em busca de melhor qualidade e economia na fatura, alguns brasileiros estão seguindo uma tendência mundial e produzindo a própria energia. Nos últimos anos, mais de 50 mil pessoas ou empresas montaram seus próprios pontos de produção e aderiram ao modelo de Geração Distribuída (GD).

Essa forma, além de proporcionar menor gasto e melhor eficiência energética, tem baixo impacto ambiental, já que a geração distribuída costuma fazer a utilização de fontes limpas e renováveis. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a energia solar predomina no País, com 79%. As centrais geradoras hidrelétricas, com capacidade para até 5 megawatts, vêm na segunda posição do ranking, com 11%.

O Cluster de Energias Renováveis da Fiep incentiva a Geração Distribuída e busca garantir o fornecimento de energia em quantidade e qualidade necessárias e a preços competitivos, tudo isto incentivando que as indústrias gerem energia à base de fontes renováveis.

"Em julho, por exemplo, o Cluster realizou reunião no Norte do Paraná apresentando um projeto para o uso de resíduos da produção dos frigoríficos de carnes de frango, para transformar esses resíduos em biogás, purificá-lo transformando-o em biometano e utilizando-o em substituição ao Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) nas empilhadeiras industriais no setor moveleiro", afirma o especialista em infraestrutura e gerente dos Conselhos Temáticos e Setoriais do Sistema Fiep, João Arthur Mohr.

O projeto Geração de Biometano para o atendimento à mobilidade de Empilhadeiras para as indústrias de Móveis e do Setor de Alimentação na Região de Arapongas e Apucarana no Norte do Paraná é um exemplo de geração de energia. O coordenador do Conselho Temático de energia da Fiep, Rui Londero Benetti, explica que "o projeto estimula a Economia Circular na região e reduz custos com combustível utilizado, uma vez que possibilita a substituição do GLP de origem fóssil/poluente por biometano que é considerado totalmente 'limpo'", afirma Benetti.

Confira como alguns setores estão lidando com a geração de energia.

Indústria

Muitas indústrias, conhecidas como eletrointensivas, consomem muito energia. Logo, esse item acaba tendo uma alta participação nos custos. Um meio encontrado para reduzir esses custos é a geração da sua própria energia, participando de consórcios para este fim ou adquirindo energia no mercado livre.

A energia chega a representar, em alguns segmentos da indústria, 10% do custo de produção. Um valor que faz parte da composição de preços - e é por isso que, quando a tarifa aumenta, os preços dos produtos nas prateleiras também inflacionam.

"Energia é crucial para a indústria, especialmente para os segmentos eletrointensivos, que utilizam com intensidade o recurso. É o caso dos setores de metalurgia, mineração, siderúrgica e têxtil: um dos principais custos de produção é a energia", explica Mohr.

O setor cimenteiro é outro exemplo de indústria eletrointensiva. Em seu processo industrial primeiramente a rocha de calcário é transformada em uma farinha, depois, em clínquer, e em seguida, em cimento. Todo esse processo consome muita energia elétrica.

Para Mohr, as cimenteiras investem em geração hidroelétricas, e também em combustíveis alternativos para reduzir o consumo de combustíveis fósseis usados em fornos de cimento. "Neste item enquadram-se o coprocessamento de produtos, que seriam um passivo ambiental muito grande para o País e que servem como combustível para geração de calor nos fornos. Incluem-se nesta categoria por exemplo os pneus inservíveis, borras de tintas, resíduos sólidos de aterros sanitários que não puderam ser aproveitados na reciclagem prévia feitas por catadores e centrais de reciclagem", informa Mohr.

Agronegócio

As regiões Oeste e Sudoeste do Paraná são grandes produtoras de proteína animal, especialmente a carne de frango. O Brasil é responsável por um terço do comércio mundial de carne de frango e o Paraná representa 40% desta produção, ou seja, o Estado produz cerca de 10% da carne de frango do comércio mundial. Nascem nos aviários todo dia no Paraná cinco milhões de pintinhos que são transportados com dois dias de idade para as granjas, onde recebem alimentação, água e refrigeração durante cerca de 40 dias para então seguir para o abate em frigoríficos.

Como essas granjas estão localizadas em regiões mais afastadas das cidades, em regiões rurais - isto até para atender questões de sanidade - muitas vezes as instalações de distribuição de energia elétrica (postes e fiação de luz) são monofásicas ou atravessam áreas de mata. Com ventos fortes e temporais comuns nestas regiões do Paraná é comum que haja constantes quedas de energia em função dos ventos e temporais e, como são áreas afastadas, a localização do ponto do problema e a solução do mesmo podem levar algumas horas. Esse período, especialmente no verão, gera o aumento da temperatura ambiente da granja e o stress térmico que pode causar a mortalidade dos pintinhos, gerando grandes prejuízos.

Mohr explica que para amenizar esse problema, várias empresas buscam soluções de geração distribuída de energia. "Seja por meio de instalação de painéis fotovoltaicos, seja por meio de instalação de biodigestores para geração de biogás e com o mesmo, através de geradores, produzir energia", explica.

Construção civil

Gerar a própria energia pode também ser uma atividade para residências. A MRV Engenharia foi a primeira construtora da América Latina a oferecer empreendimentos no segmento de imóveis econômicos com painéis fotovoltaicos capazes de produzir energia elétrica para ser utilizada nos condomínios.

Até o momento, a companhia já instalou o sistema de energia renovável em quatro empreendimentos: Belo Horizonte (MG), Salvador (BA), Cuiabá (MT) e São Luís (MA), gerando mais de 1.000.000 kwh. Em 2019, cerca de cem empreendimentos da construtora serão lançados com o sistema de energia fotovoltaica. E o objetivo da empresa é inserir a tecnologia em todos os novos projetos até 2022, o que contará com um investimento de R$ 800 milhões.

Com informações do Sistema Fiep e AEN.

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