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Com a assinatura do acordo entre Mercosul e União Europeia (UE) setores produtivos paranaenses viram surgir uma oportunidade para ampliar as exportações do Estado. Em 1998 as exportações do Paraná para o bloco europeu movimentavam US$ 1,7 bilhões, ano passado esse valor chegou a US$ 4,1 bi. Diferentes setores acreditam que o Estado precisa melhorar a sua competitividade para aproveitar o momento. Há duas décadas as exportações do Paraná representavam 11,1% dos bens vendidos pelo Brasil, ano passado esse número caiu para 9,8%.

Especialistas, ouvidos pelo jornal Gazeta do Povo, acreditam que o Paraná está bem posicionado para obter ganhos com a liberação de tarifas. Porém, alguns setores menos competitivos poderão sofrer com a concorrência de produtos importados. Para eles essa situação poderá ser contornada a médio prazo com medidas governamentais voltadas à redução de encargos sobre produção, o que possibilitaria aumento de qualidade e produtividade.

Indústria

Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo, o setor industrial paranaense, se fizer o dever de casa, tem potencial para provocar um grande impacto nas exportações da União Europeia.

"Aí entram as reformas importantes, como a da Previdência e a Tributária. Essas mudanças são necessárias para nos colocar em condições de competir. Hoje pouquíssimos setores estariam prontos para competir", afirmou ao jornal.

Para que os efeitos positivos que o acordo poderá trazer não sejam anulados, o presidente da Fiep acredita que o custo Paraná e o custo Brasil têm que ser resolvidos em ritmo acelerado. "A gente não exporta impostos. Temos hoje que fazer uma peregrinação para restituir créditos de impostos, como é o caso dos créditos de ICMS. Não dá para ficar ouvindo que o Congresso tem outro ritmo que o governo. O Congresso tem que se adaptar ao ritmo do Brasil, ao ritmo que os brasileiros necessitam", comenta.

Campagnolo ressalta também que existem realidades diferentes no Estado. "Nossa indústria de alimentos, especialmente na área de carnes, não há dúvida de que será competitiva. Temos de resolver alguns problemas sanitários, mas estamos em condições de competir. O agronegócio nos últimos 20 anos foi um dos setores que tiveram os maiores avanços tecnológicos, investiu em pesquisa, e a produtividade cresceu muito", observa.

Para ele o problema está na indústria de manufaturados. "Nesse setor, o aumento de competitividade não aconteceu. A indústria continua tendo dificuldades. Não temos crédito, falta inovação. Temos problemas tributários, custos embutidos na produção que encarecem nossos produtos. Então vamos ter que tomar medidas para conseguir competir. E o resultado só vem a médio e longo prazo", afirma.

Ressaltou também que as cotas e prazos estabelecidos no acordo são fundamentais.  "Nas condições atuais hoje, se fossem abertos totalmente, nós seríamos aniquilados", alerta. Mesmo com essa visão, ele vislumbra uma injeção de ânimo na economia com o novo cenário.

Agronegócio

O agronegócio é o setor mais otimista. A expectativa é de expansão e de recuperação do mercado. Levantamento do economista Luiz Elizer Ferreira, da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), mostra que 15% das exportações da agricultura e pecuária do País são destinadas à União Europeia, movimentando US$ 17,7 bilhões. "Tivemos poucos acordos comerciais importantes. Agora, o acordo Mercosul-União Europeia prevê, num horizonte de dez anos, cotas e tarifa zero para nossos produtos. Por exemplo, a cota de frango, que é nosso carro-chefe em proteína animal, será de 180 mil toneladas com tarifa zero. Isso abre perspectiva de aumento das nossas exportações, já que o Paraná exportou para a UE 100 mil toneladas de carne de frango em 2018. Da mesma forma ocorre com outros produtos, como carne suína e açúcar", afirmou Eliezer Ferreira em entrevista à Gazeta do Povo.

Com informações do Sistema Fiep.