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O Paraná é o Estado com o maior número de propriedades rurais orgânicas em todo o País, segundo dados do Ministério da Agricultura e Abastecimento (MAPA). Em 2012, havia no País quase 5,9 mil produtores registrados e março de 2019, já registrou mais de 17,7 mil, crescimento de 200%. O mercado brasileiro de produtos orgânicos cresceu cerca de 20% em 2018, faturou em torno R$ 4 bilhões e tem a estimativa de continuar nos dois dígitos este ano. Os números, que são do Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (Organis), indicam que as empresas têm um vasto mercado e oportunidades para trabalhar os brandings dos produtos em um setor que está em pleno crescimento.

Cobi Cruz, diretor do Organis, explica que um dos motivos que fazem o Estado se destacar no segmento é o nível de profissionalização. "O Paraná é destaque nesse setor e pode se tornar referência. O Estado oferece, por exemplo, cursos de capacitação para os produtores rurais e programas como o Paraná Mais Orgânico", comenta Cruz.

"O Programa Paraná Mais Orgânico tem dado valiosa contribuição no crescimento dos orgânicos", afirma Ivo Barreto Melão, da Área de Socioeconomia, Comercialização e Consumo do Centro Paranaense de Referência em Agroecologia (CPRA). O programa é desenvolvido pelas Universidades Estaduais e CPRA, a partir de recursos do Fundo Paraná (SETI), com objetivo de apoiar os produtores que se encontram na fase de transição/conversão da produção convencional para a orgânica. "Uma política pública subsidiada pelo Estado levada ao produtor que se encontra nesta fase de transição. O Paraná é o único Estado a oferecer esse tipo de incentivo aos agricultores familiares", comenta Melão.

Além de oportunidades como essa, o mercado de produtos orgânicos no Brasil encontra vários desafios. Dentre eles Cruz destaca a cultura baseada no modelo do agronegócio que utiliza agrotóxico, a falta de investimentos em tecnologia e uma legislação muito recente, estando pelo menos cinco anos atrás dos mercados mais desenvolvidos nessa questão. Ele acredita ainda que os problemas de infraestrutura e o tamanho do território brasileiro também complicam a disseminação de um produto mais sensível. "No Brasil, temos vários gargalos, mas que podem ser oportunidades. À medida que baratearmos a logística e produzirmos algo em larga escala, o consumo deve aumentar e o produto final acabará ficando mais barato", aponta.

Região Sul é a maior consumidora

O Organis realizou, no período de março a abril de 2017, a primeira pesquisa nacional para conhecer o perfil do consumidor brasileiro de orgânicos, os que realmente conhecem esses produtos. O principal apontamento foi que 15% consumiram produtos orgânicos, sendo o maior índice para a Região Sul (34%) em contraste com os moradores da Região Sudeste, que obtiveram o menor índice com pouco mais de 10% dos domicílios. Outros indicativos interessantes: 6 em cada 10 famílias consumiram verduras e 1 em cada 4 consumiu frutas e cereais.

Outro dado surpreendente é que 84% dos consumidores não conseguiram lembrar da marca do produto que consumiram.

A pesquisa apontou um preocupante desconhecimento por parte do consumidor sobre o produto e sua verificação. A grande maioria ainda associa o produto orgânico apenas com a questão de produto sem agrotóxicos ou químicos, ainda não conhece a regulamentação e, em muitos casos, confia na palavra de quem comercializa ou quem apresenta o produto.

Roadmap Agroalimentar 2031

Os desafios ao setor de orgânicos também estão elencados no Rota Estratégica para o Futuro da Indústria Paranaense - Roadmap Agroalimentar 2031, estudo elaborado pelo Observatório Sistema Fiep com a participação de representantes de empresas, governo, meio acadêmico e terceiro setor. O documento, publicado no fim de 2018, apresenta as visões de futuro, fatores críticos de sucesso, ações a curto, médio e longo prazos, bem como tendências e tecnologias-chave para o setor. "São muitos desafios, mas também muitas oportunidades que as indústrias do setor têm pela frente", comenta Ariane Hinça Schneider, coordenadora do Observatório Sistema Fiep.

Durante o processo de roadmapping, os especialistas relataram a existência de um conjunto de barreiras que precisam ser superadas para que as indústrias do setor agroalimentar do Paraná sejam reconhecidas no cenário nacional e internacional pela produção de orgânicos. Entre eles: carência de implementos agrícolas voltados para orgânicos, dificuldade de acesso às linhas de crédito, escala de produção, falta de dados e informações referentes à produção, falta de desenvolvimento de tecnologia para produção em escala, falta de especialização da mão de obra, poucos incentivos para orgânicos, ausência de troca de informações entre os produtores orgânicos, legislação e modesta colaboração entre os produtores.

O Sistema Fiep endossa e abraça a ideia de perenidade no que diz respeito aos processos de governança deste planejamento, realizados pelo Conselho Setorial da Indústria de Alimentos.

Para conferir o documento completo da Rota Estratégica para o Futuro da Indústria Paranaense - Agroalimentar 2031 acesse:  https://www.fiepr.org.br/boletins-setoriais/1/especial/boletins-setoriais/1/especial/boletins-setoriais/1/especial/boletins-setoriais/1/especial/boletins-setoriais/1/especial/boletins-setoriais/1/especial/boletins-setoriais/1/especial/observatorios/FreeComponent33632content381626.shtml.

Com informações do Sistema Fiep, do Organis, da Agência Brasil, do Governo do Estado do Paraná, do jornal Estadão e do site Dinheiro Rural.

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