clique para ampliarclique para ampliar (Foto: Divulgação)

De acordo com pesquisa realizada pelo Ibope, a pedido da organização não-governamental WWF, o meio ambiente brasileiro é o principal motivo de orgulho nacional. No estudo 39% dos entrevistados fizeram essa afirmação. Em 2018, o número de brasileiros que pensam também ser atribuição dos cidadãos cuidar dessas áreas cresceu 20 pontos percentuais em comparação com 2014, saltando de 46% para 66%. A população está buscando soluções menos impactantes ao meio ambiente, consequentemente a procura por produtos e embalagens mais ecologicamente corretos só aumenta.

"Há uma grande preocupação das novas gerações por alimentação mais saudável, por melhora da qualidade de vida e um pensamento mais consciente por alternativas mais sustentáveis desde matérias-primas até o questionamento sobre a necessidade ou não de determinado componente. Com as informações cada vez mais disponíveis, as pessoas estão mais críticas e seletivas e nesse cenário destaca-se a indústria que entender essas necessidades", afirma a diretora-técnica do Centro Brasil Design, Ana Brum.

A diretora destaca que esse movimento já chegou em setores como o de embalagens. "A partir da experiência do Centro Brasil Design em fazer conexões entre os criativos e as indústrias há mais de 20 anos, percebemos que o mundo está predisposto a absorver soluções mais inteligentes e conscientes. Uma prova disso está no reconhecimento que empresas brasileiras estão tendo em premiações internacionais de design, seja em produtos ou em embalagens".

Um exemplo curioso citado por Ana Brum é a linha Natura SOU, desenvolvida por meio de um processo colaborativo entre dois escritórios de design brasileiros, O Tátil Design e o Questto Nó. As empresas trabalharam conjuntamente com uma equipe multidisciplinar constituída de designers, farmacêuticos e equipe de marketing. A ideia foi criar soluções que causassem o menor impacto ambiental possível.

"Quando a empresa evidencia seu propósito e seus produtos conversam com esse posicionamento, certamente as embalagens biodegradáveis ajudarão a compor uma estratégia de comunicação e confiança com o consumidor, transformando o passivo em ativo, agregando valor à marca, ao produto e à embalagem", comenta Ana.

Pesquisas

Recentemente, pesquisadoras do Laboratório de Engenharia de Alimentos (LEA) da Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP) divulgaram o desenvolvimento de embalagens biodegradáveis para alimentos. Estas são feitas com matérias-primas de origem vegetal e resíduos agroindustriais, que servem de alternativa para o uso de plástico convencional.

Os trabalhos no mesmo laboratório foram além e as pesquisadoras criaram embalagens ativas e inteligentes, com substâncias como antioxidantes e antimicrobianos que dão a elas novas utilidades. Em uma das pesquisas, por exemplo, a adição de uma substância da casca da uva a uma embalagem feita com amido de mandioca pode indicar se a carne vermelha ou o peixe já estão em deterioração e não podem mais ser consumidos.

As chamadas embalagens ativas têm substâncias capazes de interagir com o alimento para prolongar sua vida de prateleira. Já as embalagens inteligentes têm mecanismos que possibilitam detectar processos de deterioração, oscilações de temperatura sofridas no armazenamento ou até indicar, pela mudança da cor, se uma fruta está madura para o consumo.

"Um dos nossos principais desafios era desenvolver um filme biodegradável resistente e maleável para embalagens, que pudesse ser produzido em larga escala e por um preço competitivo em comparação ao plástico derivado do petróleo", diz a professora da Poli, Carmen Cecilia Tadini, coordenadora do LEA e diretora de Transferência de Tecnologia do Centro de Pesquisa em Alimentos (Food Research Center - FoRC), que colabora com os estudos. "Ao mesmo tempo, são pesquisadas substâncias com atributos diferenciais, como antioxidantes ou antimicrobianos", acrescenta.

Para Ana Brum, as pesquisas são extremamente válidas e necessárias, mas precisam ser viabilizadas. "Mas ainda precisam de apoio para implantação com ajuda de empresas inovadoras que coloquem essas ideias no mercado e com isso gerem melhores soluções para a sociedade".

Inovação que vem da escola

Pensando em encontrar métodos para substituir o uso do isopor, alunas do Colégio Sesi de Campo Largo, no Paraná, desenvolveram um projeto que substitui o material pelo sabugo de milho. Recentemente o projeto ficou em quarto lugar na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), realizado em março de 2018.

A ideia de usar o sabugo de milho surgiu durante a olimpíada interna do Colégio Sesi, despertando o interesse das alunas em pesquisar um alimento/vegetal da região que poderia ser utilizado de uma nova maneira. As alunas Alessandra Hashimoto, Amanda Maloste e Jessica Burda descobriram que o vegetal mais popular da região era o milho. Consequentemente, havia muito desperdício do sabugo do milho. Com essa informação, elas uniram as duas coisas: reaproveitamento de um material que era desperdiçado por indústrias e substituição por um material biodegradável, trazendo menos impacto para o meio ambiente.

A perspectiva é dar continuidade ao projeto. As três alunas estão no Ensino Médio e irão prestar vestibular em breve, almejando carreiras em Engenharia Química e Física. A ideia é continuar a pesquisa, desenvolvendo novas soluções e unindo inovações para a indústria e meio ambiente. Jessica já está no caminho: ganhou uma bolsa de iniciação científica Junior do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com duração de um ano.

Com informações da Revista Galileu, Sistema Fiep, Jornal USP e Centro Brasil Design.

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