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O ritmo de crescimento chinês exige uma fábrica de celulose por ano. No Brasil, a modificação genética levou a espécies selecionadas cuja produtividade é impossível de ser reproduzida lá fora
THAÍS COSTA
Uma infraestrutura pouco evoluída que acaba levando as grandes produtoras de celulose e papel a ter de compartilhar com o Estado os desembolsos no desenvolvimento de terminais portuários, estradas de ferro e rodovias constitui-se em um dos principais gargalos da década para a indústria brasileira às voltas com o aquecimento da economia. O país quer e precisa usufruir da sua vocação natural para a produção de celulose de fibra curta, cuja competitividade o coloca na liderança do segmento mundial. Afinal, a previsão é de haver novo salto na produção, saindo das atuais 12 milhões de toneladas por ano para 17 milhões em 2020.
Na parte ambiental, é forte a demanda para investimento no tratamento dos efluentes líquidos e gasosos e corresponde, em média, a 20% a 25% dos gastos com serviços e impostos dentro de uma nova fábrica. Evidentemente que não se espera outro comportamento que não seja o sustentável, mas competidores menos conscientes localizados na Ásia provocam desequilíbrio na competição.
O câmbio é uma variável que não se pode controlar e que tem representado fator de risco importante uma vez que os custos ocorrem em reais (mão-de-obra mais transportes), enquanto as vendas se dão em euros.Há também as questões tributárias, que compõem o preço da celulose em 17%, bem como o aumento acima da inflação para os custos da mão de obra. "Se não fôssemos competitivos já teríamosmorrido", comentou o vice-presidente da Pöyry Tecnologia, Carlos Farinha e Silva.
Tudo isso explica, de certa forma, os motivos pelos quais esses custos elevados têm de ser diluídos em grandes investimentos.
As 800 mil toneladas por unidade ao ano de tempos atrás transformaram- se em 1,5 milhão de toneladas. Ao mesmo tempo, passou a ser buscada a proximidade geográfica entre as florestas e a produção de celulose, bem como entre os mercados consumidores e as fábricas de papel.
Cabe ao país seguir a vocação que as condições geográficas garantem, com salto importante nos últimos 20 anos, quando a produção de celulose por hectare triplicou de 17 mil m³ para 45 mil m³.
Por outro lado, as grandes áreas de terra devastada pela pecuária e a recente tendência de confinamento do gado estão provocando o aparecimento de novas florestas de eucalipto. Ou seja, é preciso muita frieza, segundo Farinha e Silva, para toda essa oportunidade encontrar o melhor aproveitamento no futuro.
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A pecuária devastou áreas extensas e a tendência se reverte agora com a transformação dessas áreas em florestas de eucalipto para celulose
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