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ARTIGO
Carlos Farinha e Silva, Vice-presidente da Pöyry
Tecnologia
As mudanças que têm se desenvolvido na ordem econômica mundial e, consequentemente, na sociedade global têm afetado a indústria de celulose e papel com uma intensidade raramente vista em períodos anteriores. Essa mudança fica clara no dia a dia quando, por exemplo, tropeçamos a cada instante com o "made in China" nas embalagens corriqueiras dos nossos objetos de desejo, com a nossa absurda carga diária de e-mails, ou com a multidão de papéis absorventes, umedecidos, perfumados, estampados e texturados.
No fogo cruzado dos desenvolvimentos dos veículos de comunicação com inspiração americana, da transferência maciça dos meios de produção do ocidente para o oriente, e do neoconsumismo dos países em desenvolvimento - ditos emergentes, a indústria de celulose e papel brasileira, principalmente a de celulose, tem colhido benefícios relevantes.
Boa parte do incremento de consumo de papel situa-se nos países emergentes, na grande maioria na Ásia e especialmente na China. A Ásia apresenta um potencial enorme para o consumo de papel, mas é grandemente deficitária na produção de fibra. Por outro lado, a região que combina atualmente os fatores mais competitivos para a produção de celulose de mercado, especialmente de fibra curta, é sem dúvida a América do Sul, especialmente o Brasil.
Considerando diferentes cenários de aumento da demanda, o consumo global de papel e cartão em 2025 deverá atingir entre 480 e 540 milhões de toneladas. Um cenário de crescimento médio aponta para um consumo de 500 milhões de toneladas, com uma taxa anual de crescimento de 1,5%ao ano. Nos países ditos emergentes essas taxas são bem maiores.
Na China a taxa de crescimento prevista até 2025 é cerca de 3,8%ao ano. Na Índia o crescimento anual previsto deverá ultrapassar os 5% ao ano, partindo porém deum patamar atual baixíssimo de consumo per capita. Na América Latina o valor previsto é de cerca de 2,5 %ao ano.
A saturação dos mercados nos países desenvolvidos somada aum conjunto de outros fatores aponta para taxas de crescimento que até podem ser negativas.
As funções de comunicação e armazenamento de dados e informações, básicas para os papéis de uso gráfico, têm sido deslocadas pela informação e estocagem digitais, impactando negativamente fontes importantíssimas de receita, como publicidade e marketing. Os papéis para impressão, com destaque para o papel para jornal, há tempos já vêm apresentando taxas globais de crescimento negativas, apesar de avanços tecnológicos como a diminuição de gramaturas e novos modelos de apresentação, distribuição e venda.
Essa tendência deve acentuar-se, com exceção de nichos onde a mídia impressa tem uma conotação lúdica, como revistas especializadas e artigos de valor estimativo, tipo "coffee table books". A comunicação efêmera (com curta duração), a estocagem e o tratamento de grande número de dados, definitivamente tenderá a ser digital. Alguns papéis de imprimir e escrever continuarão se beneficiando com a explosão das impresso ras de uso doméstico.
Por outro lado, a globalização, o aumento do comércio internacional e do poder aquisitivo de grandes massas populacionais tendem a impulsionar o consumo de papéis para embalagens e papéis para uso sanitário. Até o crescimento das vendas pela internet aumenta a quantidade de embalagens. A fibra de eucalipto é excelente para a produção de papéis e cartões onde a qualidade de impressão é importante, e para papéis de uso sanitário - o tissue.
Bom para os produtores brasileiros de celulose de mercado.
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Um cenário de crescimento médio aponta para consumo de 500 milhões de toneladas, com taxa anual de crescimento de 1,5%.
Nos países ditos emergentes essas taxas são bem maiores
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