Setor de peças automotivas tem perspectivas otimistas para os próximos anos

O setor de reparação automotiva tem crescimento anual de 10%, segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes Para Veículos Automotores (Sindipeças). A expectativa da entidade é que a frota de veículos chegue a 50 milhões de unidades até 2015. Lideranças do setor da reposição automotiva acreditam que o segmento deve continuar em ritmo de crescimento e apontam os principais desafios da reparação de veículos com a chegada de novas marcas ao País e com a evolução tecnológica aplicada nos veículos.

Diferente de outros mercados, o Brasil ainda é um dos poucos países em que o setor de reposição automotiva detém 80% de participação na reparação dos veículos, enquanto nos Estados Unidos é 60% e na Alemanha 40%. A preocupação, segundo os líderes do setor, é com as margens que estão cada vez mais baixas, mesmo com o mercado aquecido. Além desse fator, o setor vive um momento de transição devido à chegada de novas marcas de veículos e também à constante evolução tecnológica que gera maior complexidade na manutenção. Para enfrentar esses novos desafios, todos os elos da cadeia precisam investir em capacitação profissional e melhoria de processos.

Representantes da indústria garantem que é possível atender à demanda que virá com o aumento dos modelos de veículos importados e lembram que o trabalho de logística aprimorado ao longo dos anos para disponibilizar a ampliação de portfólio de produtos para a reparação garante o abastecimento de peças em todos os municípios do País.

Antônio Carlos Bento, proprietário da Pellegrino Distribuidora de Autopeças, ressalta que o dono do carro é o principal agente que move esse setor. "Por isso, o reparador vive o momento da verdade, ficando à frente do consumidor final", afirma Bento. Ele ainda enfatizou a importância do envolvimento de todos os elos da cadeia para promover a capacitação desse profissional, garantindo a qualidade dos serviços de manutenção.

Hoje, existem no País, 38.500 lojas de autopeças e mais de 92 mil oficinas, que são responsáveis pela manutenção de 80% da frota de veículos brasileira, estimada em 32,5 milhões, entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus.

Especialização - O especialista em desenvolvimento industrial do Senai Nacional, Paulo Rech, afirma que é imprescindível a qualificação da mão de obra do setor de reparação de veículos. "É um importante instrumento de avaliação e aprimoramento da mão de obra no âmbito da norma ABNT 15681 que trata da qualificação do mecânico", exemplifica.

A certificação profissional seguirá os conceitos estabelecidos pela norma e avaliará se o mecânico está apto a fazer determinado reparo no veículo. "Com a eletrônica embarcada, surgem novos recursos tecnológicos a cada lançamento. Portanto, há a necessidade do mecânico se especializar em várias áreas. Antigamente, a profissão exigia habilidade manual para troca de peças. Isso mudou, o mecânico é muito mais um técnico que necessita interpretar diagnósticos em scanners", afirma Rech.

O especialista também fez questão de dizer que o reparador precisa recuperar a auto-estima. Ele falou sobre a dificuldade de acesso às informações técnicas para fazer a manutenção do veículo, que é um entrave para o setor e reforçou a importância do empresário cuidar da gestão e ficar atento para a ordem de serviço, que pode ser um importante documento, com descritivo dos serviços a serem executados.