Sindirepa Toledo 25 anos
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Frota de carros flex já ultrapassa 12,5 milhões de unidades

Lançado no mercado brasileiro, em 2003, o motor com esta tecnologia é utilizado na maioria dos modelos, mas ainda é criticado pelo consumo elevado

Roberto Massignan Filho – Gazeta do Povo

 

 

Na tentativa de encontrar uma solução viável para o uso de combustíveis alternativos, a indústria brasileira lançou, no início de 2003, o sistema flex, que permite o abastecimento do tanque do carro com etanol, gasolina ou os dois misturados em qualquer proporção. Esta tecnologia acabou sendo muito bem aceita pelo mercado. Maior exemplo disto, é que em janeiro de 2010, a frota nacional de carros flex somava 9,6 milhões de unidades. No fim de dezembro, já eram 12,5 mi­­lhões, segundo a Associação Na­­cional de Veículos Automo­to­­res (Anfavea).

 

Apesar de ter sido adotado por todas as marcas, o motor flex continua sendo criticado pelo elevado consumo. Para muitos motoristas, este propulsor chega a a gastar bem mais do que os antigos. Sobre isso, Eduar­­do Campos, gerente da Magneti Marelli Power Train, uma das empresas que desenvolveram a tecnologia, diz que antes de 2003 misturava-se menos álcool à gasolina e que, em geral, os carros tinham quan­­tidade menor de equipamentos, como ar-condicionado, direção hidráulica, vidros elétricos etc. Segundo Campos, o foco atual é melhorar a eficiência térmica do motor para otimizar o funcionamento com etanol. Além disso, com a redução das emissões, automaticamente se chega ao consumo menor.

Para o assessor de assuntos técnicos da Fiat, engenheiro Carlos Henrique Ferreira, os motores flex com gasolina são melhores que os antigos em relação ao consumo, apesar da quantidade maior de álcool na mistura. “Os testes de laboratório comprovam que os motores flex não consomem mais do que os antigos”, afirma o engenheiro. Para ele, é preciso chegar a um sistema de controle de ar mais eficiente para otimizar a taxa de compressão e, consequentemente, melhorar o funcionamento do motor com etanol e gasolina.

Wilson Parisotto, professor de Engenharia Automotiva da Uni­­versidade Positivo e ge­­rente de Desenvolvimento de Pro­du­to da Nissan do Brasil, confirma que as mon­­tadoras e sistemistas ainda buscam soluções técnicas para evitar o consumo elevado de combustível e também reduzir as emissões de poluentes, por meio de melhorias no desempenho final dos motores. Entre as tecnologias já apresentadas, Pa­­ri­­sotto cita a star-stop, um sistema que desliga o motor do au­­tomóvel quando ele para (por exemplo em um semáforo) e depois volta a funcionar quando o pedal do acelerador é pressionado. Ou­­tra tecnologia lembrada pelo professor seria alternadores mais eficientes acoplados a baterias com carga monitorada. Isso viria a diminuir a ener­­gia roubada do motor e con­­tribuir de forma efetiva pa­­ra a redução do consumo dos veí­­culos flex.

 

O professor lembra, no en­­tanto, que o Brasil inovou no cenário mundial com o lançamento dos motores flex, mas isso só ocorreu devido às experiências anteriores mal-sucedidas com motores movidos so­­mente a álcool (etanol).