A adoção de um plano de gestão focado nas demandas da indústria, com a previsão de investimentos de 10% do total
do orçamento anual, e a defesa de uma política industrial regional para o Paraná foram apontadas como prioridades pelo presidente
da Federação das Indústrias do Estado do Paraná, Rodrigo da Rocha Loures para a segunda gestão à frente da Fiep. Reeleito
com 60% dos votos para dirigir a entidade no quadriênio 2007-2011, Rocha Loures disse que embora a Fiep não responda diretamente
pelos investimentos, "atua como instrumento de suporte e estímulo às inversões".
Rocha Loures afirmou também que a
Fiep pretende liderar um movimento entre entidades da sociedade civil paranaense para a redução da carga tributária. "A sociedade
civil deve se unir torno de uma agenda que inclua a redução da carga tributária e dos juros. É preciso estabelecer um dispositivo
legal que limite a carga tributária em 25%", destacou. "É preciso reduzir a mesada do governo", complementou.
Segundo
ele, a indústria nacional vai insistir para que o governo federal adote esta proposta. O assunto será levado mais uma vez
ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, em reunião agendada para esta sexta-feira (17), em São Paulo. "Vamos tratar da reforma
tributária", completou, acrescentando que o fim da CPMF é o primeiro movimento neste sentido. "Se fecharmos a torneirinha,
vamos forçar o governo a racionalizar os gastos. Se tirar o dinheiro, o governo terá que eliminar despesas desnecessárias
e gastar melhor."
Para Rocha Loures, também é fundamental a moralização no poder público. "O simples fato de promover
uma moralização já traz um grande resultado. Aqui, na Fiep, com os mesmos recursos da gestão anterior investimos 15 vezes
mais", exemplificou, citando ainda outros valores que precisam ser resgatados na administração pública. "Como nós industriais
conseguimos aumentar a produtividade das nossas empresas em 300% nos últimos 15 anos e o governo perdeu produtividade e eficiência"
Porque o sistema público não tem valores que são fundamentais para obter um bom desempenho, como mérito, responsabilidade
técnica e eficiência", enalteceu. "No poder público, não existe compromisso com o resultado. O compromisso é eleitoral. Implantou-se
no Brasil o loteamento da função pública", apontou Rocha Loures, defendendo a redução dos cargos de confiança na administração
pública.
"O nosso posicionamento é de natureza conceitual. Os serviços públicos devem ser profissionalizados. Não só
no Paraná, mas em todo o país. Há hoje uma falência múltipla dos órgãos públicos por falta de gerenciamento técnico. Quanto
mais profissionalizada for, mais eficiente será a administração pública", disse.
Política Industrial -
Rocha Loures afirmou ainda que a Fiep já apresentou uma proposta de política industrial para o Paraná ao Governo do Estado
e para a Assembléia Legislativa. Nela, a Federação defende uma maior interação entre o meio acadêmico e as empresas paranaenses.
"Não existe hoje uma conexão entre o que está sendo produzido de conhecimento no meio acadêmico e o mercado. A estrutura de
Pesquisa e Desenvolvimento mantida pelo governo não está produzindo o que o mercado quer e precisa".
Para Loures,
isso não é culpa das universidades locais, mas é preciso haver uma ligação entre a academia e a indústria. "Esta é uma forma
moderna de fazer política industrial", disse, acrescentando que isso não é um problema exclusivo do Paraná. "Nenhum estado
brasileiro tem política industrial", afirmou.
Para Rocha Loures, a implantação de uma política industrial é a única
forma de reverter o processo de desindustrialização que ameaça o país. "Se não tivermos uma política industrial consistente
e regionalizada corremos o risco de um retrocesso e de voltarmos a ser um mero produtor de commodities", alertou.
Câmbio -
Outra bandeira de Rocha Loures é a readequação do câmbio. Segundo ele, alguns setores mais prejudicados foram contemplados
pela medida provisória 382 e a Fiep está articulando a bancada federal para estender a medida aos demais setores. Estamos
ativos neste processo e a proposta que vamos encaminhar à presidência da República nos próximos dias inclui mudanças na política
de câmbio, juro e legislação.
O presidente da Fiep destacou que a questão do câmbio também faz parte de uma proposta
de política industrial que a Confederação Nacional da Indústria vai encaminhar ao governo federal. O trabalho está sendo coordenado
por Rocha Loures, que preside o Conselho Temático Permanente de Política Industrial da CNI.
Fonte - FIEP/PR