A maior parte dos pequenos e microempresários terá de correr para regularizar a situação fiscal
até o fim de julho, se quiser ingressar no Supersimples, o novo sistema de tributação para empresas com faturamento de até
R$ 2,4 milhões por ano. Quem aderir poderá recolher numa só operação oito tributos - seis federais, um estadual e um municipal
-, com muito menos burocracia e quase certamente com uma boa redução de encargos. O novo regime, previsto na Lei Geral da
Micro e Pequena Empresa, entrará em vigor no dia 1º, mas pelo menos dois terços das firmas potencialmente beneficiárias não
têm condições legais de se inscrever no sistema. Ou estão na informalidade ou são registradas e têm débitos fiscais em atraso.
O Supersimples vai substituir o Simples Federal em vigor. Só poderão migrar de um para outro regime
as empresas com situação regular perante o Fisco. A transferência, nesse caso, será automática. As demais terão de pedir inscrição.
Com o fim do Simples Federal, quem não passar para o novo sistema terá aumento da carga tributária. A situação relatada pelo
presidente da Confederação Nacional de Municípios, Paulo Ziulkosky, é alarmante. De 3 milhões de empresas não-participantes
do Simples Federal, 2,67 milhões estão em situação irregular diante do Fisco municipal. Foi examinada também a situação de
2,2 milhões de pequenas e microempresas matriculadas no atual sistema. Dois terços, 1,48 milhão, têm alguma irregularidade
perante os governos locais, ou por atraso no pagamento de impostos ou por falta de registro.
Esse quadro só é possível porque as prefeituras, com algumas exceções, são ineficientes como
cobradoras de impostos. Muitas dependem principalmente de transferências federais e estaduais. O governo da União transfere
aos municípios, por disposição constitucional, 22,5% da arrecadação do Imposto sobre a Renda e do IPI. Além disso, há transferências
voluntárias, por meio de programas federais ou de emendas ao Orçamento da União. Os municípios também têm direito a um quinto
da arrecadação do ICMS, tributo recolhido pelos Estados.
Com o fim do Simples Federal e a instauração do Supersimples, surge uma boa oportunidade para
a regularização das condições fiscais de grande número de pequenas e microempresas. O acerto com os governos municipais e
estaduais será controlado pelo Fisco Federal e isso poderá tornar o processo mais eficiente. A simplificação do processo e
a redução de custos poderão ser - espera-se - estímulos poderosos para o acerto das condições de tantas empresas. Até o fim
de julho, as empresas poderão pedir o ingresso no Supersimples, se renegociarem ou liquidarem os débitos fiscais em atraso
até janeiro de 2006. Essa renegociação, permitida pela Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, será excepcional. Para firmas
fora do atual sistema, o Simples Federal, parcelar dívidas tributárias só é possível quando se estabelecem mecanismos como
o do Refis, criados por leis específicas.
Fonte: Retec - PR