Quase um ano após a aprovação da lei que instituiu o salário mínimo regional, os deputados estaduais concederam nesta
terça-feira (10) um aumento linear de 8,5% na tabela dos salários mínimos a serem pagos para categorias sem convenção coletiva
no estado do Paraná. O novo piso regional (que varia de R$ 462 a R$ 475, dependendo da categoria fica de 21%
a 25% maior que o salário mínimo nacional, que é de R$ 380. O novo piso estadual começa a vigorar a partir de 1.º de maio.
São seis níveis de valores, separados por categorias definidas pela Classificação Brasileira de Ocupações, que vão
de R$ 462 para empregados nas atividades agropecuárias, florestais e da pesca, até R$ 475,20 para técnicos de nível médio.
Os empregados domésticos passarão a ter como base o piso regional de R$ 464,20.
A mensagem do governo do estado prevendo o aumento foi entregue para a Assembléia no fim de março depois de uma discussão
feita com centrais sindicais para definir o índice de reajuste. Entre outros dados usados para a definição do índice, o governo
levou em consideração que categorias de trabalhadores organizadas do Paraná conseguiram estabelecer um valor mínimo médio
dos seus pisos salariais em 28% acima do salário mínimo. Assim, um aumento de 21% a 25% foi considerado razoável para uma
série de categorias não-organizadas.
O projeto aprovado pela Assembléia não se aplica a trabalhadores com salários definidos por lei federal, convenção
ou acordo coletivo, e aos servidores públicos estaduais e municipais. A variação de 4% entre o menor e o maior valor do piso
regional leva em conta o grau de complexidade de inserção dos empregados no mercado de trabalho.
Ao contrário do ano passado, quando o projeto passou por uma extensa discussão na Assembléia, com centrais sindicais
e patronais, neste ano a votação foi feita de forma rápida.
Repercussão
O coordenador do Conselho Temático de Relação do Trabalho da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep),
Amílton Stival, disse que a questão do piso já foi solucionada. Para ele, o problema agora é justamente o índice de reajuste,
embora reconheça que na indústria a maioria dos trabalhadores ganha mais do que o piso regional. No ano passado, o piso representou
um acréscimo de 25% acima da inflação. Este ano é 5% a mais do que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Ao todo
vamos ter 30% de aumento. Precisamos dimensionar o despropósito que existe sobre este índice.
Stival, que diz não ser contra o mínimo regional, afirma que o porcentual do reajuste é incompatível quando comparado
aos outros trabalhadores. "Deveríamos seguir um mesmo patamar".
Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores do Paraná (CUT), Roni Anderson Barbosa, os empresários do Paraná
já estão preparados para pagar o piso estipulado. "O que falta é uma política permanente de reajuste para que os empregadores
e empregados consigam se adequar ao longo do tempo e não sejam pegos de surpresa com um reajuste fora do esperado".
O economista Sandro Silva, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), diz que
o impacto do reajuste deve ser pontual e não será repassado automaticamente aos 190 mil trabalhadores que se estima que serão
beneficiados pela lei. Segundo ele, o reajuste vai depender de negociações entre os trabalhadores e seus empregadores.
Níveis salariais
O projeto de lei aprovado ontem prevê uma série de faixas salariais mínimas para diferentes categorias profissionais
sem convenção coletiva. Confira quanto deve receber cada uma dessas categorias a partir de 1.º de maio:
R$ 462,00 - Para trabalhadores das atividades agropecuárias, florestais e da pesca.
R$ 464,20 - Para empregados domésticos e trabalhadores de serviços como transporte e hotelaria, além de vendedores
do comércio.
R$ 466,40 - Para trabalhadores em serviços de reparo e manutenção.
R$ 468,60 - Para trabalhadores em serviços administrativos.
R$ 473 - Para trabalhadores da produção de bens e serviços industriais.
R$ 475,20 - Para técnicos de nível médio.
FONTE: Rede Empresarial