Todos os setores da indústria brasileira tiveram queda na porção produzida no país, segundo estudo
divulgado nesta segunda-feira, pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). O cálculo foi feito usando
como base dados de 1996 a 2004 em 34 setores industriais. A importação de matéria-prima e a redução
do processo industrial fazem a indústria perder conteúdo nacional, segundo o instituto.
O Iedi calcula o preço final de um produto, na porta de fábrica, e o preço das matérias-primas
usadas para fabricar aquele produto. Essa diferença de preço é considerada, pelo instituto, como a quantidade de valor agregado
- ou seja, quanto de atividade tecnológica teve de ser implementada para fabricar o produto final.
"Por exemplo, um telefone celular que custa R$ 100. Se os componentes custam R$ 90, por exemplo,
quer dizer que a fábrica teve de investir, em atividade industrial, o correspondente a R$ 10 para montar aquele celular",
explica Edgard Pereira, economista-chefe do Iedi.
Essa diferença, chamada de Valor da Transformação Industrial (VTI) caiu em todos os setores desde
1996. Segundo o Iedi, isso mostra um processo de "desindustrialização do país". "Fruto da combinação perversa de taxa de juros
elevada e câmbio valorizado", afirma o estudo. Com o câmbio valorizado, o dólar fica mais barato. Com isso, o Iedi acredita
que fica mais rentável para o industrial importar matéria-prima que produzi-la. "Se é importado não está favorecendo a indústria
nacional", afirma Edgard Pereira, em entrevista à Agência Brasil.
O Iedi também cruzou dados sobre produção e importação. "A produção industrial fica estável e
as importações crescem", afirma Edgard. Isso, segundo ele, indica o aumento da compra de matérias-primas para produção industrial.
Ao longo desses últimos oito anos, o VTI médio do país caiu de 47% para 42,5%. Os principais
setores que tiveram queda foram aparelhos de telefonia e transmissores de televisão e rádio, além de matériais eletrônicos
e de informática.
Fonte: Sebrae-PR