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Câmbio, o exterminador do futuro

O real valorizado aprofunda o processo de desindustrialização do País...

O real valorizado aprofunda o processo de desindustrialização do País. A última decisão do Copom evidenciou a falta de sintonia e de coordenação entre a política monetária e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). No entanto, divergências entre os bancos centrais e ministérios afins são normais em qualquer país. Pensar diferente não é um problema. Pode inclusive contribuir para enriquecer o debate. A questão essencial neste caso é resolver a contento as assimetrias.

No nosso entendimento a solução para isto passa necessariamente pelo novo papel de árbitro requerido do presidente da República. A ele caberá cumprir a função de condutor da política econômica pró-desenvolvimento do País. Com autoridade, ele pode se posicionar acima dos seus colaboradores, e sem se tornar refém dos "humores do mercado". Para auxiliá-lo propomos a criação de um conselho econômico da presidência, composto de especialistas, conforme modelos praticados em outros países.

Tomando os exemplos da China, Irlanda, Índia e Coréia do Sul que exibiram altas taxas de crescimento do produto interno nos últimos anos, observamos empiricamente a prática de uma política macroeconômica pró-desenvolvimento, com estabilidade de preços, baixas taxas de juros e câmbio desvalorizado para estimular as exportações. Não é por acaso que de 1980 a 2005 a China multiplicou por oito sua participação nas exportações mundiais. Coréia e Irlanda triplicaram. A Índia dobrou sua fatia. Neste jogo global o Brasil continuou patinando no patamar de 1%, com uma pauta majoritária de matérias-primas e produtos agropecuários.

Uma mudança na política cambial é absolutamente inadiável para que possamos reverter este quadro. Estamos aprofundando o processo de desindustrialização do País devido à substituição vertiginosa da nossa produção industrial por produtos importados. A queda do emprego no ano passado é uma evidência cabal desse fenômeno: menos 5,4% no vestuário; menos 13,2% nos calçados e menos 6,9 nas máquinas e equipamentos.

O câmbio valorizado continuará exterminando empregos no Brasil e criando postos de trabalho no resto do mundo.

A conseqüência disso será a perda de substância econômica e aumento da procura por sistemas privados de segurança nas cidades.

Esta perversa valorização do real provoca também uma acelerada especialização da base produtiva: setores intensivos em mão-de-obra são os grandes perdedores da desigual competição com os produtos dos países que mantêm seu câmbio deliberadamente desvalorizado. Será que realmente queremos nos especializar somente em produtos primários e commodities - ferro, soja, carne, laranja, celulose, café e algodão - para os quais contamos com vantagens comparativas?

Vamos abrir mão da diversificada base produtiva construída ao longo de décadas? Afinal, qual é a nossa estratégia de desenvolvimento?

O certo é que cada um dos países que estão vencendo o jogo global criou um modelo coerente e articulado de instrumentos de política macroeconômica, visando a valorizar a sua produção industrial interna e dinamizar o crescimento com uma estratégia clara de desenvolvimento.

Acredito que o acompanhamento dessas experiências pode nos ser muito útil durante a implementação do PAC. Para isto proponho a instalação de um "Observatório Econômico Global" que nos proporcione um conhecimento abrangente e um aprendizado prático. Não devemos desprezar o que vem sendo praticado por outros países com bons resultados. Precisamos alargar os nossos horizontes e ampliar os espaços de discussão.

Observando diversos países vencedores acredito que doravante caberá ao Estado brasileiro o papel de investir de forma crescente em educação, ciência, tecnologia e inovação nas empresas. Este foco é que pode proporcionar uma competitividade sustentável dos nossos produtos para ultrapassar as renovadas barreiras comerciais externas. Ao Estado cabe também garantir uma macroeconomia pró-crescimento com estabilidade de preços, marcos regulatórios virtuosos, segurança jurídica. Enfim, um ambiente favorável à produção e a todos os negócios.

No curto prazo, a mudança necessária deve acontecer no câmbio. Uma medida vital para a sobrevivência do setor produtivo. Precisamos sair dessa encruzilhada e apostar nas nossas competências internas. É hora de virar o jogo a favor do Brasil. E garantir um futuro promissor para todos os brasileiros.

Rodrigo da Rocha Loures, presidente da Fiep para a Gazeta Mercantil - 08/02/07

             




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