O levantamento, realizado anualmente, informa que o principal foco dos investimentos é atender o mercado interno, enquanto
só 4,7% das empresas investirão para exportar, o percentual mais baixo em dez anos
A intenção de investimentos das empresas industriais para este ano aumentou 5,2 pontos percentuais sobre
os investimentos efetivamente realizados ano passado: 85,4% delas estão dispostas a investir em 2013, contra 80,2%
que investiram em 2012. A informação é da pesquisa anual "Investimentos na Indústria", divulgada
nesta terça-feira, 15 de janeiro, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A disposição
de investir, contudo, é a menor desde 2009, quando 86,6% das indústrias anunciaram a propensão de investir
no ano seguinte.
A melhoria do processo produtivo, apontada por 34,8% das empresas, é a principal razão dos investimentos
em 2013, seguida pela ampliação da capacidade de produção, indicada por 28,3%. Exatos 11,65% das
empresas pretendem investir na manutenção da linha de produção, enquanto apenas 4,3% - contra
5,2% em 2012 - vão investir na criação de novos processos produtivos. Cresceu a disposição
para comprar máquinas e equipamentos este ano comparativamente a 2012: 57,9% das empresas manifestaram intenção
de compra, contra 45,9% em 2012. A participação dos importados nestas compras deve se ampliar em 2013, pois
38,5% das empresas disseram que irão aumentar as importações desses itens.
A pesquisa da CNI revela
também que as empresas brasileiras estão cada vez mais investindo de olho no mercado interno. Para este ano,
80,6% das empresas que anunciaram a disposição de investimentos vão realizá-los somente ou principalmente
com o objetivo de atender a demanda doméstica, contra 4,7% que terão como foco o mercado externo, o percentual
mais baixo dos últimos dez anos.
O gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, explica que
a alta prioridade dada ao mercado interno em detrimento de investir para exportar é explicada pela retração
da demanda internacional, provocada pela crise econômica. "Temos dificuldades de competir no mercado externo, como reflete
a queda de participação dos produtos manufaturados nas exportações", assinala.
AZEITE
E VINAGRE - O levantamento da CNI, que consultou 584 empresas entre 25 de outubro e 30 de novembro de 2012,
das quais 245 de grande porte, 266 médias e 73 pequenas, informa que 50,2% delas realizaram, ano passado, investimentos
de acordo com o planejado. Em 2011, tal percentual havia sido bem maior, de 57,8%. Aquelas de grande porte foram as de maior
êxito na execução dos investimentos em 2012, com 57,6% atingindo o que haviam previsto.
A principal
razão listada pelas empresas para não realizarem o investimento planejado em 2012 foi a incerteza econômica,
assinalada por 44% delas. A reavaliação da demanda ou a elevada ociosidade do parque industrial veio em segundo
lugar. "Incerteza e investimento não combinam. São como azeite e vinagre", compara Castelo Branco.
A
pesquisa comprovou que o uso de recursos próprios continuou sendo, ano passado, a principal fonte de recursos para
os investimentos da indústria. As empresas haviam previsto, para 2012, uma participação de 52,9% de recursos
próprios no total dos investimentos, mas acabaram utilizando 65,8%. O uso de financiamentos dos bancos oficiais de
desenvolvimento, como o BNDES, planejado para responder por 29,3% dos investimentos em 2012, acabaram por atender apenas 18%.
Ouça
o gerente-executivo de Políticas Econômicas da CNI, Flávio Castelo Branco.
Envie para um amigo