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15/01/2013

Startups demoram para alçar voo

Startups demoram para alçar voo. E não é por falta de anjos

Grupo de investidores analisou mais de 100 negócios no estado mas não achou um projeto para realizar seu primeiro aporte. Donos de empresas embrionárias resistem a entrada de investidores minoritários

Fundadores de startups e investidores paranaenses ainda não falam a mesma língua. Esse é o principal empecilho apontado pelos investidores anjo da C2i Anjos, primeira rede paranaense para investimentos deste porte, para que as startups recebam aportes financeiros e alcem voos. A rede completou um ano de atividades neste mês.

O grupo de 40 investidores analisou mais de 100 negócios no período, mas ainda não achou um projeto para realizar seu primeiro aporte. Quatro propostas já foram feitas, mas todas foram rejeitadas pelos jovens empreendedores. “Quase todo fundador acha que seu negócio nasceu para valer milhões, o que nem sempre é verdade”, afirma Raphael Braga, chefe do departamento de Investimento em Participações da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

 

Empreendedores precisam dominar técnicas de convencimento

Parte fundamental do preparo dos donos de startups está no que investidores chamam de ‘pitch’ – encontro entre as duas partes em que os empreendedores apresentam suas ideias e precisam convencer os anjos de que seu negócio é interessante e merecedor de investimento.

A apresentação pode durar de 30 segundos a uma hora. O mais curto é batizado de ‘elevator pitch’, feito para simular um trajeto de elevador. “É uma simulação de um encontro casual com um grande empresário enquanto sobem os andares. O objetivo é treinar os empreendedores a venderem bem suas ideias mesmo que em uma oportunidade única e inusitada”, explica o investidor anjo Reinaldo Colleta.

Na apresentação, o dono da ideia precisa mostrar que seu empreendimento já foi minimamente testado no mercado e que é uma boa oportunidade de negócio. Também é preciso deixar bem claro o quanto vale a ideia e qual o tamanho do aporte necessário.

O perfil do investidor também é avaliado. “Um bom empreendedor com uma ideia não muito boa ainda tem chances de dar certo, mas um mau empreendedor não consegue segurar um bom negócio”, afirma Raphael Braga, chefe do departamento de Investimento em Participações da Finep.

Caminho das pedras

Os investidores anjo são empresários que tiram dinheiro do próprio bolso para comprar participação em empresas embrionárias com potencial de valorização. Se tornam acionistas minoritários, mas com grande poder de tutela – aconselham os empreendedores e abrem mercado com sua rede de relacionamentos.

Para que isso aconteça, o fundador tem de estar disposto a profissionalizar seu negócio e saber ouvir críticas. “É um processo de amadurecimento pelo qual donos de startups e empresários ainda estão passando aqui no Paraná”, avalia o diretor-executivo do Centro Internacional de Inovação (C2i) da Federação das Indústrias do Paraná, Filipe Cassapo.

Ele explica que quando a negociação entre empreendedores e anjos começa, é comum que os donos da ideia, quando ainda são inexperientes, sejam resistentes à participação efetiva de um terceiro. Mas é preciso entender que ela é fundamental para alavancar o empreendimento. “O investidor não deposita apenas capital financeiro, mas também todo o seu conhecimento. A taxa de sucesso é muito maior com a tutela do que sem ela”, afirma Cassapo.

Outro mito que dificulta o entendimento entre as duas partes é o medo dos empreendedores de que os investidores querem “roubar” as ideias embrionárias. “O anjo vai ser um acionista minoritário. Ele vai ajudar, se aproximar e orientar, mas no fundo o que ele quer mesmo é comprar uma parte da empresa hoje por um valor e vendê-lo por dez vezes mais no futuro”, afirma Raphael Braga, da Finep.

Espera

O primeiro aniversário da rede paranaense sem investimentos, no entanto, não preocupa. “É normal que exista um período de mapeamento. O ciclo é de longo prazo”, afirma Braga.

Ele explica que no Brasil, os investimentos são mais conservadores se comparados aos Estados Unidos. “Estamos em evolução. Lá um anjo investe em cinco ideias para ter retorno em uma. Aqui há mais cautela”, completa.

 

Capacitação é chave para o negócio dar certo

Para conseguir um entendimento entre jovens empreendedores e investidores anjo, as redes de investimento brasileiras estão apostando na capacitação dos empresários. A C2i Anjos, rede paranaense de investimentos, por exemplo, realiza sistematicamente fóruns de orientação para aqueles que pleiteiam um aporte financeiro.

“A rede não serve apenas para investir, mas também para aconselhar quem a procura”, afirma Filipe Cassapo, diretor executivo do Centro Internacional de Inovação (C2i) da Fiep.

O modelo dos fóruns de orientação é usado por todas as redes do Brasil. Os principais pontos são orientações quanto à avaliação do mercado, identificação dos problemas da ideia e a adoção de práticas de governança – como um conselho de administração, por exemplo.

O chefe do departamen­­­­to de Investimento em Parti­­­cipações da Fi­nan­ciadora de Estudos e Projetos (Finep), Raphael Braga, explica que o perfil do fundador de startup brasileiro é de um profissional capacitado tecnicamente, mas sem traquejo administrativo. Gente de grande conhecimento tecnológico em sua área, mas, muitas vezes, incapaz de fazer cálculos necessários no plano de viabilidade de sua empresa. “Tem muita gente com mestrado ou doutorado nessa área, principalmente entre os inventores, mas que não tem a preparação adequada para colocar aquela ideia no mercado”, afirma.

 

Insegurança

Os anjos também passam por isso. “Por ser uma atividade nova, ainda existem muitas dúvidas”, explica Braga. Ele afirma que um dos maiores problemas é a insegurança jurídica dos investidores. Para isso, a financiadora do governo federal criou fóruns de capacitação para os anjos tirarem suas dúvidas.

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