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Publicado em 27/04/2016
Empresas brasileiras poderão demonstrar os benefícios ambientais de seus produtos em comparação
a competidores internacionais, com credibilidade, graças a um novo sistema de medição e certificação
da pegada de carbono e água de produtos. O lançamento do selo, realizado ontem, em São Paulo, marca o
final de um processo piloto de criação e desenvolvimento que envolveu 20 grandes empresas brasileiras de diversos
setores industriais.
O sistema será operado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), em particular pela ABNT Certificadora, e foi criado por meio de um processo participativo que envolveu a indústria
brasileira e foi guiado pelo Carbon Trust, consultoria de estímulo à economia de baixo carbono com expertise
global no tema. A concepção e desenvolvimento do sistema contou com o apoio institucional do Ministério
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) e com financiamento do Prosperity Fund, da Embaixada Britânica
em Brasília.
Organizações que obtiverem a certificação cumprindo os parâmetros
definidos nas regras do sistema e atualizados por um comitê técnico sediado na ABNT, poderão utilizar
os novos selos de pegada de carbono e de água da ABNT para comunicar suas ações de medição
e redução do impacto ambiental ao longo do ciclo de vida dos seus produtos.
O diretor de Certificação
da ABNT, Antonio Carlos Barros de Oliveira, destaca o potencial para o aumento de eficiência na indústria brasileira
trazido pelo novo sistema. "O processo de medição e certificação da pegada de produtos permite
que as empresas identifiquem pontos de ineficiência e busquem soluções para otimizar processos e melhorar
suas reputações com os clientes, reduzindo custos e a pegada de seus produtos, bem como os riscos aos quais
estão expostas em toda a sua cadeia produtiva. Igualmente importante é a contribuição que este
sistema e o novo selo darão para induzir ações que reduzam as emissões de gases de efeito estufa
e o consumo de água da indústria brasileira".
"As empresas que conquistarem a certificação
poderão induzir a ação nos seus setores como um todo. Isto ajudará o País a estabelecer
suas ambições para o futuro", ressalta Barros de Oliveira.
Produtos fabricados no Brasil têm
vantagens competitivas e menor impacto ambiental se comparados a mercadorias equivalentes provenientes de outras partes do
mundo. Isto se dá principalmente em função da matriz energética brasileira, que é majoritariamente
baseada em hidrelétricas e é, portanto, mais limpa do que na maior parte do globo, mas também porque
alguns segmentos industriais já trabalham na redução de emissões nos seus processos produtivos,
por meio da modernização de seus parques industriais.
A capacidade de evidenciar o baixo impacto
ambiental de produtos brasileiros, dará às empresas vantagens competitivas no mercado internacional, sendo que
elas tendem a crescer na medida em que as companhias brasileiras as transformarem em vantagens comerciais em um cenário
de uma economia de baixo carbono. O sistema também trará vantagens para o mercado doméstico, permitindo
que as empresas demonstrem suas vantagens em relação a produtos importados, da China ou da Índia, que
podem até ser mais baratos, mas frequentemente têm maior impacto ambiental em seus ciclos produtivos.
O projeto piloto, coordenado pelo MDIC, ABNT e Carbon Trust, engajou empresas dos setores de alumínio, vidro, aço,
cimento, químicos e tecidos, totalizando nove categorias de produtos e 16 categorias de subprodutos. Dentre estas,
estão grandes multinacionais como Braskem, CSN, Saint-Gobain, Arcelor Mittal, Votorantim e Novelis, ao lado de pequenas
empresas como BR Goods e EDB Polióis Vegetais do Brasil. Como resultado deste processo, desenvolveu-se uma metodologia
robusta e simples para a medição de pegada de produtos, baseada em padrões com credibilidade internacional
que permitirão que novas empresas certifiquem seus produtos a um custo baixo e obtenham vantagens comerciais.
Para o secretário de Desenvolvimento da Produção do MDIC, Carlos Gadelha, a iniciativa do ministério
está em linha com as melhores práticas internacionais de desenvolvimento sustentável. "Pensamos no sistema
como uma forma das empresas brasileiras otimizarem suas cadeias produtivas, levando em consideração as melhores
práticas internacionais", avalia. Além disso, Gadelha acredita que ao participar deste sistema, as organizações
aumentam a credibilidade de suas marcas, em especial junto a consumidores de mercados mais exigentes. "Ao medir os impactos
de seus produtos, as companhias brasileiras poderão buscar mercados externos tradicionalmente mais exigentes em sustentabilidade
dos produtos, como o Reino Unido e os países escandinavos".
Martin Barrow, diretor de Medição
de Impacto de Produtos do Carbon Trust, salienta a importância global do processo participativo que ocorreu no Brasil
desde 2014. "Estamos satisfeitos com a oportunidade que tivemos para trazer nossa experiência para as empresas brasileiras,
junto ao MDIC e a ABNT. Já criamos sistemas similares na Europa, em diversos países na Ásia, no México
e agora no Brasil, e cada vez aprendemos mais. O progresso que fizemos aqui terá um impacto global, permitindo que
sistemas de certificação deste tipo funcionem cada vez mais em sinergia, com empresas em diferentes partes do
mundo compartilhando metodologias e dados, o que dará cada vez mais comparabilidade entre os selos e ao mesmo tempo
reduzirá o custo para as organizações."
"Existe uma grande oportunidade para as empresas brasileiras
liderarem a manufatura de produtos com baixas emissões de carbono no cenário atual, em que temos que balancear
o crescimento econômico com os desafios impostos pelas mudanças climáticas - esperamos que este sistema
seja usado como uma ferramenta para as companhias brasileiras crescerem ao passo que reduzem seus impactos ambientais", conclui
Barrow.
Ações como esta reforçam o contexto da Visão 4 - Referência em Sustentabilidade contida no Roadmapping do setor metal-mecânico dos Observatórios Sistema Fiep
Fonte: IPESI
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