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Mais um ano difícil para a indústria brasileira de bens de capital

Publicado em 18/01/2016





O ano de 2016 deverá ser mais um ano difícil para a indústria brasileira de bens capital mecânicos, que já sofreu forte retração em 2015. Dados da Abimaq indicam que o consumo aparente de máquinas e equipamentos caiu 5,7% no período de janeiro a outubro de 2015. E, por enquanto, não há evidências capazes de sugerir uma retomada mais forte em 2016.

"Para tentar salvar parte do ano de 2016, que também sinaliza ser ruim, o governo precisa anunciar, com a mesma velocidade com que aumentou os impostos, a implementação de um pacote de incentivos ao setor produtivo, capaz de promover a retomada de confiança e ânimo da sociedade", escreveu Carlos Pastoriza, presidente do Conselho de Administração da Abimaq, no site da entidade.
 
De fato, no mercado interno as expectativas não são positivas. Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do Banco Central, divulgado no dia 23 de dezembro passado, indica que em 2015 a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) recuou 14,5%. Para este ano é esperada uma nova retração de 9,5%. A FBCF é o indicador que mede o quanto as empresas aumentaram os seus bens de capital. São basicamente máquinas, equipamentos e material de construção. Ele é importante porque indica se a capacidade de produção do país está crescendo e também se os empresários estão confiantes no futuro.

Segundo estudo da CNI divulgado em dezembro passado, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) ficou em 36 pontos em dezembro, praticamente igual aos 36,4 pontos registrados em novembro. O indicador, que está 9,4 pontos abaixo do de dezembro de 2014, mostra que o pessimismo está disseminado em todos os setores da indústria.

A falta de confiança é maior entre as grandes empresas. Nesse porte de indústria, o Icei caiu de 37,7 pontos em novembro para 35 pontos em dezembro. Com a queda de 2,7 pontos, o indicador alcançou o menor nível da série histórica que começou em 1999, e ficou abaixo da média nacional. Nas médias indústrias, o indicador permaneceu em 35,1 pontos. Nas pequenas, o Icei aumentou pelo segundo mês consecutivo e passou de 35,3 pontos em novembro para 36,9 pontos em dezembro.

Mesmo vozes mais otimistas projetam 2016 como um ano difícil, ainda que esperem uma certa recuperação da economia. O economista e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Marcio Pochmann, presidente da Fundação Perseu Abramo (FPA), que é ligada ao PT, espera que a inflação seja menor e que haja maior expansão das exportações em comparação às importações, e que as contas públicas se mostrem mais equilibradas. "Ou seja, 2016 será o ano em que o Brasil estará melhor preparado para poder retomar a recuperação econômica", declarou o professor.

Em que pese o otimismo de Pochmann, um dos poucos indicadores que se mostram positivos é o de exportações em geral. Conforme o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) a balança comercial do ano de 2015 apresentou superávit de US$ 19,681 bilhões, o melhor resultado desde 2011, revertendo o déficit alcançado em 2014 de US$ 4,054 bilhões. Para 2016, a expectativa é que o saldo comercial da balança alcance o patamar de US$ 35 bilhões.

Segundo o secretário de Comércio Exterior, Daniel Godinho o atual cenário terá um impacto bastante positivo para as exportações de produtos manufaturados. "Em 2015 tivemos uma redução significativa no déficit da balança de manufaturados, que passou de US$ 109,5 bilhões em 2014 para US$ 71,9 bilhões em 2015. Como resultado, os industrializados responderam por quase 52% da pauta de exportações brasileira", afirmou.

O secretário destacou ainda o crescimento das exportações de automóveis e a expectativa positiva em relação ao setor para o 2016. "Tivemos um crescimento de 75,5% em unidades nas vendas para o México, de 5,8% para a Argentina e de 12,8% para o Uruguai. Com os acordos automotivos firmados com esses países e o câmbio como facilitador, acredito que teremos resultados positivos em 2016".

A indústria de bens de capital mecânicos, porém, ainda não experimenta aumento no volume de exportações. Pelo contrário, de janeiro a outubro de 2015 houve redução de 20,4% em comparação ao mesmo período de 2014, de acordo com dados mais recentes divulgados da Abimaq. O volume de exportações nos primeiros dez meses de 2015 foi de US$ US$ 6,426
bilhões.

Parte da queda nas exportações de bens de capital mecânicos pode ser explicada pela carência de financiamentos à exportação,
combinada com volatilidade cambial. Além disso, é possível que as empresas brasileiras tenham desmobilizado suas infraestruturas para atender ao mercado externo durante o longo período de real sobrevalorizado. Com o dólar custando cerca de R$ 4 as empresas do setor tendem a buscar mais o mercado externo, embora remontar a infraestrutura de atendimento ao mercado externo e retomar a confiança do cliente no exterior possa demandar algum tempo, principalmente quando o consumo de máquinas mostra-se fraco praticamente em todas as partes do mundo.

Conforme a Abimaq, os principais destinos de exportação de bens de capital são, pela ordem, América Latina, Europa e Estados Unidos. As exportações para a América Latina, incluindo o Mercosul, em 2015 ganharam participação relativa quando comparadas com o ano de 2014 mais em função da queda da Europa do que pelo seu crescimento - as exportações para a Europa recuaram 33%, passando de US$ 1,896 bilhão no período de janeiro a outubro de 2014 para US$1,260 bilhão no mesmo período de 2015.

Para a América Latina, a queda foi menor. As exportações dos dez primeiros meses de 2015 foram de US$ 2,789 bilhões contra os US$ 3,131 bilhões do mesmo período de 2014 - uma redução de pouco menos de 11%.

Para os EUA, a participação relativa mantém uma trajetória
crescente justificada principalmente pela retomada da atividade
industrial, segundo a Abimaq. Porém, a variação negativa foi de mais de 18%, passando de US$ 1,535 bilhão de janeiro a outubro de 2014, para US$ 1,256 bilhão no mesmo período de 2015.

O consumo aparente nacional registrou no mês de outubro de 2015 crescimento de 9,5%. Porém no acumulando no ano houve queda de 5,7% apesar da desvalorização superior a
47,3% da moeda nacional em relação ao dólar (jan-out
de 2015), o que infla o valor em reais dos bens de capital
importados. Desconsiderando o efeito cambial, ou seja, com câmbio igual ao mesmo período de 2014, o resultado apurado para o consumo mostra queda de 19,9% no ano de 2015. (Franco Tanio)

Fonte: Ipesi

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