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Publicado em 22/11/2016
FONTE: www.planetauniversitario.com
As energias renováveis, como a solar, a eólica, a hidrelétrica e a proveniente de biomassa, como o etanol e outros biocombustíveis, representam uma oportunidade de integração energética dos países latino-americanos em razão da complementaridade de suas matrizes, hoje fortemente baseadas na produção de energia hidrelétrica. Para atingir esse objetivo, contudo, será preciso superar barreiras para a produção de energia proveniente de recursos naturais em países da região, como a Argentina. A avaliação foi feita por Carina Guzowski, professora do Departamento de Economia da Universidad Nacional del Sur da Argentina durante palestra na FAPESP Week Montevideo.
Organizado pela Asociación de Universidades Grupo Montevideo (AUGM), a Universidad de la República (UDELAR)
e a FAPESP, o simpósio, que ocorreu entre os dias 17 e 18 de novembro no campus da UDELAR, em Montevidéu, teve
como objetivo fortalecer as colaborações atuais e estabelecer novas parcerias entre pesquisadores da América
do Sul nas diversas áreas do conhecimento. Participaram do encontro pesquisadores e dirigentes de instituições
do Uruguai, Brasil, Argentina, Chile e Paraguai.
“As energias renováveis representam uma oportunidade
para a integração energética dos países latino-americanos porque podemos aproveitar as complementaridades
dos nossos sistemas energéticos e importar regionalmente e exportar energia proveniente de fontes intermitentes”,
avaliou Guzowski.
“Mas, para isso, será preciso que países como a Argentina consigam se livrar
de bloqueios tecnológicos que impossibilitam que tenham um desempenho comparável ao do Brasil e do Uruguai,
por exemplo, em matéria de produção de energia renovável”, apontou.
De acordo
com a pesquisadora, a matriz energética da maioria dos países latino-americanos está baseada em hidreletricidade
e no uso de energias fósseis, principalmente gás.
Os países da região com maior participação
das energias renováveis na geração de eletricidade, segundo dados apresentados por ela, são o
México, seguido do Brasil e Uruguai.
Já a Argentina está muito longe de atingir esse objetivo,
comparou Guzowski. “A Argentina está muito abaixo da média de participação das energias
renováveis na geração de eletricidade na América Latina e muito aquém do Brasil e do Uruguai”,
afirmou.
A matriz energética do país é eminentemente fóssil e composta por gás
natural (com 51% de participação) e 33% por gás que, como não produzem, precisam importar de outros
países.
As energias renováveis têm uma participação de menos de 1% na potência
instalada (a capacidade de geração de energia elétrica) do país, enquanto que o Brasil e o Uruguai,
por exemplo, têm uma matriz energética muito mais diversificada, com expressiva participação de
energia hidrelétrica, eólica e proveniente de biomassa.
“A Argentina depende quase que 80%
de energia proveniente de fontes fósseis. Isso é resultado de bloqueios tecnológico e cultural de dependência
de petróleo e gás para o abastecimento energético que precisam ser superados para conseguirmos promover
a integração energética de países da América Latina”, avaliou.
Na opinião
da pesquisadora, algumas das vantagens da integração energética dos países latino-americanos por
meio das energias renováveis seriam a geração de economia de escala (vantagens em temos de custos obtidos
pela expansão) para atrair investimentos, além do aproveitamento das complementaridades entre os recursos renováveis
dos países da região.
Outra vantagem seria a minimização do problema de intermitência
no fornecimento de energia em países como a própria Argentina, avaliou.
A forte queda dos custos
de geração elétrica por meio de tecnologias de produção de energias renováveis representa
uma oportunidade para os países da região que, ao estimular a produção desse tipo de energia,
poderiam diminuir sua dependência energética externa, assegurar o abastecimento energético e diversificar
seu mix de geração de energia, hoje fortemente baseado em hidrelétricas, que são vulneráveis
a fenômenos climáticos, ressaltou.
“Dispor de fontes de energia intermitentes que ajudem e complementem
a geração de energia hidrelétrica e térmica é uma opção muito importante
para os países latino-americanos”, avaliou.
A palestra de Guzowski fez parte da programação
de uma sessão sobre Energia realizada na FAPESP Week Montevideo. Também integraram a sessão Heitor Cantarella,
pesquisador do Instituto Agronômico (IAC); Luís Augusto Cortez, professor da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp); Natalia Raffaeli, professora da Universidad Nacional de La Plata, da Argentina; e Cláudia Laureo, professora
da Universidad de La República (UDELAR). Cantarella abordou os progressos na quantificação das emissões
e no entendimento dos processos que ocorrem em áreas cultivadas com cana-de-açúcar no Brasil. E Cortez
apresentou algumas oportunidades na área de bioenergia no país.
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