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Geração de energia solar recebe investimentos que passam de R$ 24 milhões em Santa Catarina

Publicado em 23/05/2016

Santa Catarina tem contribuído para a geração de energia fotovoltaica, uma tendência economicamente viável e sustentável. A gigante Engie Tractebel Energia firmou, em abril, parceria com a Araxá Energia Solar

FONTE: Notícias do Dia

AutorA energia solar se destaca como uma alternativa economicamente viável e de baixo impacto ambiental, mas ainda tem mínima participação no setor elétrico brasileiro. Segundo dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica Nacional), a atuação desse tipo de energia em todo território nacional é de apenas 0,02%, considerando dados de até dezembro de 2015. E a previsão para aumentar essa participação no SIN (Sistema Integrado Nacional) é somente para 2018.

Na contramão dos indicativos nacionais, Santa Catarina tem ajudado a impulsionar o setor a partir de institutos e empresas instaladas na região. A gigante Engie Tractebel Energia, por exemplo, firmou em abril uma parceria com a Araxá Energia Solar, uma das líderes no mercado brasileiro de geração solar distribuída, para a geração solar de forma descentralizada, em residências e edifícios. Com a parceria, a Engie detém agora 50% da GD Brasil Energia Solar, que passou a se chamar Engie Solar, com sede em Florianópolis. O valor investido pode chegar até R$ 24 milhões.

O diretor-presidente da Engie Solar, Rodolfo Souza Pinto, não tem dúvidas de que a fotovoltaica seja uma tendência para os próximos anos. Além das questões ambientais que estão cada vez mais evidentes, ele destaca a viabilidade econômica desse tipo de geração de energia. “O mundo inteiro vem utilizando energia solar fotovoltaica nas últimas duas décadas. Já é um produto comercialmente consolidado. Nos últimos anos, os custos caíram brutalmente e isso garante a viabilidade do ponto de vista econômico”, diz.

“Nosso país tem uma matriz energética renovável muito focada nas hidrelétricas. Se você fizer uma análise um pouco mais técnica do setor elétrico, você percebe que novos projetos hidrelétricos têm uma dificuldade muito grande de se viabilizar porque eles estão todos na bacia do Rio Amazonas, que tem questões ambientais e logísticas muito complexas”, acrescenta.

Possibilidades de investimento

De acordo com o diretor-presidente, em aproximadamente seis anos é possível recuperar o investimento inicial feito à vista por um consumidor para a captação de energia solar em sua residência, sendo que depois isso, é cobrada somente uma tarifa para a distribuidora. A vida útil do sistema gerador é de, pelo menos, 25 anos.

“O que estamos tentando viabilizar como Engie Solar é conseguir criar produtos financeiros que venham com solução. Para que o usuário, em vez de pagar à vista, pague uma mensalidade. Por exemplo, usar o FGTS, fazer isenção ou redução do IPTU para quem usa energia fotovoltaica. Aí você precisa ter benefícios do Estado e das instituições financeiras, fundos de investimento focados em energias renováveis, energias alternativas. O grande momento do setor hoje não é mais a questão tecnológica, é a questão do modelo financeiro. Mas se você não tiver o modelo financeiro, a partir do sétimo ano você tem energia com um custo extremamente barato para quem puder fazer o investimento inicial”, explica.

Rodolfo Souza Pinto atenta que, dependendo das características físicas de um imóvel residencial, a energia solar é capaz de suprir 100% de suas necessidades. E se a preocupação do consumidor for em relação aos dias nublados, o sistema gera uma espécie de “reserva de energia”. “Todo excesso de geração vai para o sistema na Celesc, no caso de Santa Catarina. E fica lá disponibilizado por um período de até três anos”, informa.

Energia sustentável

Para o diretor-presidente da Engie Solar, a energia fotovoltaica é uma das fontes mais sustentáveis que existem, já que não emite gases. “Talvez seja a mais democrática porque basta você ter acesso ao sol, diferentemente das demais fontes. Obviamente, a hidrelétrica, você precisa estar no rio. A eólica tem lugares muito específicos onde há viabilidade, e a biomassa, você tem que ter matéria-prima disponível. Na solar, você tendo acesso direto ao sol, tem energia”, argumenta.

Rodolfo Souza Pinto ainda destaca um projeto de pesquisa e desenvolvimento liderado pela empresa em uma usina de Tubarão, no Sul de Santa Catarina, em que prevê a implantação de novas tecnologias no Brasil. “Esse talvez seja o maior estudo do Brasil com objetivo de ‘tropicalizar’ o que é de uso no mundo inteiro para as características brasileiras, como temperatura, condições de chuva e assim por diante”, acentua.

“O estudo visa o conhecimento efetivo do que tem, em termos de tecnologia, no mundo. São tecnologias com disponibilidade comercial. Já estamos podendo ter uma visão muito clara do que funciona melhor aqui e esse estudo está permitindo fazer uma avaliação muito consistente do que vai acontecer no Brasil quando se massificar o uso da energia solar”, argumenta.

UFSC oferece mão de obra qualificada

Se muitas empresas estão voltadas a produzir e a oferecer o melhor tipo de energia sustentável e eficiente a seus clientes, o Centro de Pesquisa e Capacitação em Energia Solar Fotovoltaica, da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) está envolvido na formação científica e direta de profissionais inteligentes e aptos a trabalhar nesse mercado.

O Fotovoltaica é um dos centros em energias renováveis atendidos pelo INEP (Instituto de Eletrônica e Potência). Atualmente, cerca de 80 pessoas, entre alunos dos cursos de Engenharia, em iniciação científica, mestrandos e doutorandos, trabalham em pesquisas sobre o processamento de energia solar fotovoltaica no setor. De acordo com o supervisor do INEP, professor Denizar Cruz Martins, o centro tem o objetivo de estudar todo o processamento eletrônico com que esse tipo de energia é oferecido.

“Não fazemos painéis solares, isso é coisa do pessoal da Física. Nossa intenção, aqui, é estudar os mecanismos de seu funcionamento. Por exemplo, em uma casa em que a principal fonte de energia é a solar, pensamos em uma geladeira, que precisará ser mantida ligada durante todo o dia e a noite, independente de o tempo estar nublado, escuro. Nosso estudo abrange como fazer com que essa mesma geladeira mantenha o seu funcionamento normal nesses períodos em que não há sol, analisando todo o seu processamento”, explica o professor.

Os estudos desenvolvidos no departamento já foram assunto de diversas publicações, inclusive internacionais. Os projetos práticos, de maneira geral, são elaborados em parcerias com instituições ou empresas, como a Petrobrás, a Eletrosul, a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), entre outras. A gigante EngieTractebel investiu R$ 1,7 milhão em um projeto do INEP que desenvolveu um sistema elétrico de propulsão para barcos de pequeno porte à base de energia fotovoltaica. “Foi uma pesquisa de três anos que incluiu todo o desenvolvimento elétrico de um barco, movido exclusivamente a energia solar, uma tecnologia inovadora”, comenta o supervisor.

Obra no Sapiens Parque

Um dos projetos fora da área científica do Centro de Pesquisa e Capacitação em Energia Solar Fotovoltaica é a mudança para um espaço de 500 metros quadrados no Sapiens Parque, em Canasvieiras. É no local onde deverá funcionar o Laboratório de Propulsão Elétrica do departamento e o terreno já foi conquistado, mas agora o que falta é a construção do prédio.

Denizar Martins estima que seriam necessários de R$ 1 milhão a R$ 2 milhões para a obra. O valor já havia sido conquistado com o apoio da Finep, mas, por causa da morosidade burocrática, acabou sendo perdido. Agora, a intenção é tentar novamente o investimento, com a própria Finep, com o governo do Estado ou com o CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

Falta de incentivo

Na opinião do supervisor, o grande problema enfrentado pelo setor é a falta de incentivo na área. “O problema é que não temos uma política séria e consistente preocupada em estimular o desenvolvimento de nossos próprios painéis. Há uma falta de incentivo muito grande nesse setor, não de capacidade. Em junho, por exemplo, vou levar estudos daqui para o maior congresso de energia fotovoltaica do mundo, no Canadá. Levar novidades, e olha que nem fabricamos as placas”, comenta.

Ele lembra que a primeira dissertação de mestrado sobre essa tecnologia foi elaborada entre 1994 e 1998 no Inepe foi sobre um sistema de bombeamento de água por meio de energia solar, que, entre outras possibilidades, poderia ser empregada em cidades do Nordeste brasileiro, onde há grande falta de água. “Naquela época fizemos um estudo sobre bombas vibratórias submersas, que poderiam pegar a água de lençóis d’água que sabemos que existem embaixo da terra. Se naquela região o que não falta é sol, imagina como esse sistema contribuiria para os moradores”, afirma.

Eficiência energética em universidades

A Celesc assinou na segunda-feira (9) um termo de convênio com o governo do Estado para executar seis projetos de eficiência energética aprovados em chamada pública para o desenvolvimento elétrico na área de sua concessão. Entre eles, está um de energia fotovoltaica.

Segundo a empresa, dois projetos serão desenvolvidos nessa modalidade em Santa Catarina, sendo um na Unochapecó, no Oeste, e outro na Unisul, em Palhoça. Somente na universidade da Grande Florianópolis, a estimativa é de gerar 55,02 MWh/ano, com economia anual de R$ 18 mil. Na outra instituição, a geração deverá ser de 70,54MWh/ano, gerando economia estimada de R$ 27 mil por ano.

A energia gerada será injetada na rede interna das próprias universidades e, quando exceder o consumo, poderá ser injetada no sistema elétrico da Celesc. “Foi a primeira chamada de Eficiência Energética que contemplou esse propósito, no âmbito das distribuidoras”, ressaltou o presidente da Celesc, Cleverson Siewert.

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