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Indústria pede gás para retomar competitividade

Publicado em 13/08/2013

A Empresa de Planejamento Energético (EPE) projeta que em 2021 o gás ocupe 15,5% da matriz.

O Brasil está diante de uma grande oportunidade de revitalizar sua indústria e ganhar competitividade internacional. Basta ser capaz de criar um plano de ação que intensifique a exploração e o uso da matéria-prima que é insumo industrial, disponível em abundância: o gás natural. A defesa dessa ideia foi feita com contundência por Marco Tavares, CEO da consultoria Gas Energy, durante o 14º Encontro de Energia realizado na semana passada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Para isso seria preciso uma série de medidas que quebrassem barreiras que tornam o gás brasileiro caro e insuficiente, diz Tavares. A primeira delas seria acabar com o monopólio da Petrobras no segmento. "Todos os países que avançaram nessa área quebraram barreiras e monopólios e abriram seus mercados", afirma. Segundo ele, Alemanha e França são exemplos bem-sucedidos.

O momento é de aproveitar que a estatal deseja amealhar recursos para a exploração de petróleo no pré-sal e propor que ela se desfaça de parte de seus ativos no gás. A Petrobras tem participação acionária nas distribuidoras estaduais de gás e é dona dos gasodutos em operação no país. Os investimentos para o pré-sal são de US$ 22 bilhões.

Tavares acha que o Brasil deve se mirar no exemplo dos Estados Unidos, onde a indústria "renasceu" nos últimos cinco anos a partir da exploração do gás de xisto. Ele ressalva que as condições não são as mesmas, mas o país poderia reduzir o custo do gás para a indústria, que oscila entre US$ 14 e US$ 18 por milhão de BTU.

A perda de competitividade da indústria brasileira tende a se acentuar se nada for feito, diz Lucien Belmonte, superintendente da Associação Brasileira da Indústria do Vidro (Abividro) e diretor da Fiesp. "Os Estados Unidos só fizeram até agora um acordo de transferência de tecnologia de shale gas [gás de xisto], que foi com a China", diz Belmonte. "A China tem as maiores reservas do mundo. Se conseguir gás barato para a indústria, a indústria brasileira perderá de vez a condição de competir".

Para Tavares, falta uma política de governo para o gás. "O país tem um enorme potencial. Só as reservas do pré-sal podem produzir quatro vezes mais que o gás extraído hoje na Bacia de Campos". Segundo ele, o gás do pré-sal tem a vantagem adicional de estar associado à produção de petróleo, o que representaria um custo de produção marginal de "praticamente zero", desde que houvesse incentivos para extraí-lo e transportá-lo. O Estado deveria pensar de forma estratégica os insumos, regulamentar o setor, acabar com a verticalização (produção transporte, distribuição, comercialização na mão de um player único), afirma Belmonte.

Quem também defende o uso do gás para acelerar o desenvolvimento industrial é André Gohn, diretor da Solvay Energy Services (Grupo Rhodia) para a América Latina. Ele citou a perda de competitividade da balança comercial, em especial na industrial, o uso da capacidade instalada, estacionado em torno de 82% há dez anos, e o baixo nível de investimento, em média, de 0,73% do faturamento líquido da indústria, com um pico de 0,91% antes de 2008. "É preciso senso de urgência. A indústria nacional está em situação difícil". Gohn lembrou que a participação do gás natural na matriz energética do país também estagnou há cinco anos na faixa de 10%, enquanto a média mundial é de mais de 20%. A Empresa de Planejamento Energético (EPE) projeta que em 2021 o gás ocupe 15,5% da matriz.

Se quiser manter a competitividade nas indústrias energointensivas o Brasil precisa oferecer gás a preço competitivo (abaixo de US$ 12 por milhão de BTU, em valores de hoje), pondera Edemar Fagundes, professor do Instituto de Economia da UFRJ.

Os industriais reclamam que a baixa competição no setor de gás é um dos problemas que fazem o preço do insumo custar US$ 13 a US$ 14 o milhão do BTU, enquanto nos EUA o gás de xisto chega aos consumidores entre US$ 2 a US$ 3 por milhão de BTU. Estudo da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia (Abrace), ainda em fase de elaboração, está analisando o ambiente técnico e regulatório do mercado de gás natural em vários países e observando as melhores experiências.

A discussão envolve também governos, como o de São Paulo, que vem reclamando da existência de dois preços para o gás natural, sendo um o explorado em campos nacionais e o outro formado pela cotação do insumo importado da Bolívia, que chega a custar US$ 1 a mais que o nacional. Empresas de São Paulo, Paraná e Santa Catarina seriam as mais afetadas.

Esse ponto também é criticado por empresários. "Isso cria a existência de duas classes de consumidores que pagam preços diferentes e têm custos diferentes de energia. É essencial que não haja discriminação e que o gás nacional e o importado tenham o mesmo tratamento, assim como é no diesel ou na gasolina, em que há isonomia de tratamento", diz Cavalcanti. Segundo ele, desde 2011, a Petrobras concede desconto sobre o gás nacional vendido às distribuidoras. Com essa política, o preço do gás natural caiu 32%. "Por outro lado, o gás boliviano continuou vinculado à variação do dólar e da cesta de óleos, o que aumenta o desequilíbrio em relação ao gás de origem nacional", destaca.

O contrato de renegociação do Gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol), que expira em 2019, também é objeto de preocupação. "O Brasil precisaria ter condições de renegociá-lo para que os preços pudessem cair", diz Marco Tavares, da Gas Energy. Com as reservas do pré-sal e a expectativa positiva em relação ao leilão de gás não convencional, o governo espera acréscimo relevante da oferta do insumo nos próximo cinco a sete anos, o que daria musculatura para o governo reduzir o preço do gás da Bolívia.

Informação de: Valor Econômico; Valor

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