Em artigo publicado pelo jornal Gazeta do Povo, presidente da Fiep comenta a
Não restam dúvidas de que uma política de valorização salarial, que contribua
para a melhor distribuição de renda no país, é benéfica para o
desenvolvimento econômico e social do Brasil. Todo empresário - como deve
ser da natureza de um legítimo empreendedor - quer que seus trabalhadores
alcancem ganhos que contribuam para a melhora de sua produtividade, de
sua qualidade de vida e do aumento de seu nível de consumo, o que é
fundamental para movimentar toda a economia.
Acreditamos, porém, que essa política de valorização deve ser resultado de
um amplo debate entre os principais atores envolvidos na questão -
empresários e trabalhadores - com o governo e o Legislativo fazendo a sua
parte, já que por eles inevitavelmente passam as normas que regem as
relações trabalhistas.
Para a Federação das Indústrias do Estado do Paraná, uma política de
valorização salarial não deve focar apenas na elaboração de índices de
reajustes que aparentemente representem ganhos para o trabalhador, mas
que no fim acabam onerando o setor produtivo e colocando empregos em
risco.
Hoje, o custo do trabalho no Brasil já é bastante elevado devido aos pesados
encargos trabalhistas que incidem sobre as folhas de pagamento. No Paraná,
com a aprovação de um reajuste de 10,32% no salário mínimo regional para
este ano, teremos um aumento significativo dessa obrigação. Apesar de não
incidir diretamente sobre boa parte dos setores industriais - que possuem
pisos definidos por convenções coletivas de trabalho -, o índice reflete
diretamente nas negociações entre empresários e empregados, dificultando o
acordo entre as partes. Com isso, a indústria paranaense terá de arcar com
um custo adicional de aproximadamente R$ 1 bilhão no total de sua folha de
pagamentos este ano. Desse valor, 45% serão absorvidos por micro e
pequenas empresas, que são mais de 90% de nossas indústrias e respondem
pela geração de 300 mil empregos no Paraná.
No caso da política adotada no Paraná para definição do salário mínimo
regional, há um equívoco. O projeto do governo do estado, aprovado pela
Assembleia Legislativa na semana passada, determina, de maneira
antecipada, o índice (inflação mais 5,1%) que será aplicado no reajuste do
piso estadual em 2013. Extremamente preocupante. Uma medida tomada
com tanto tempo de antecedência desconsidera as mudanças que podemos
ter no cenário econômico até o próximo ano.
As entidades empresariais desaprovam este cálculo veementemente.
Acreditamos que não é papel do Estado interferir tão diretamente na relação
entre empregadores e empregados. Na questão salarial, deve prevalecer a
livre negociação. Essa interferência, ao estabelecer índices distantes da
realidade de cada setor econômico e de cada região do Paraná, é um
obstáculo para a liberdade de negociação entre os sindicatos empresariais e
laborais.
Corremos sério risco de que, em 2013, vários setores da economia estadual
tenham de arcar com reajustes superiores à sua real capacidade. Isso
compromete o poder de investimento da iniciativa privada, a competitividade
de nossos produtos em relação aos de outros estados e países e, em última
instância, coloca em risco a geração de empregos e a distribuição de renda
no Paraná.
Edson Campagnolo
Presidente da Federação das Indústrias do Paraná
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