Simadi
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. - 23/11/2011

Setor florestal do PR atrai investimentos de R$ 6,1 bi

Fabricantes de papel e celulose e painéis de madeira investem em expansão da produção

O setor florestal vive uma nova onda de investimentos no Paraná. Pelo menos sete empresas instaladas no estado – Klabin, Arauco, Masisa, Ibema, Berneck, Iguaçu Celulose e Santa Maria – têm planos de expansão de atividades, com recursos que podem chegar a R$ 6,1 bilhões, segundo estimativas de mercado.

Os projetos estão concentrados na região dos Campos Gerais, onde estão 85% das florestas plantadas no Paraná e a maior parte das indústrias do setor, que geram, somente nesses municípios, 40 mil empregos, segundo levantamento realizado pela consultoria Consufor.

Os investimentos estão sendo puxados pelos setores de papel e celulose e painéis de madeira usados na fabricação de móveis. A Klabin, com fábrica em Telêmaco Borba, estuda a instalação de uma nova planta de celulose, com capacidade para entre 1,3 milhão e 1,5 milhão de toneladas por ano na região. Os aportes, junto com os ativos florestais, podem chegar a R$ 5,8 bilhões, segundo informações de mercado.

A fabricante chilena de painéis de madeira Masisa planeja a construção de uma nova fábrica que pode custar R$ 180 milhões. Segundo Jorge Hillmann, diretor da empresa no Brasil, a companhia estuda se vai construir a nova unidade em Ponta Grossa, onde está sua fábrica no Paraná, ou em Montenegro (RS), onde está a outra unidade industrial da empresa no Brasil.

Em Ponta Grossa, a Masisa ocupa hoje 100% de sua capacidade produtiva, de 300 mil metros cúbicos de painéis de madeira por ano. A também chilena Arauco, sua concorrente, anunciou um investimento de cerca de R$ 270 milhões para aumentar a capacidade de produção de placas de MDF em Jaguariaíva, de 315 mil metros cúbicos para 815 mil metros cúbicos por ano, e para produzir 280 mil metros cúbicos de MDF revestido.

Crescimento

Os setores de celulose e painéis de madeira vêm crescendo no Brasil e se beneficiam de uma estrutura forte e competitiva de produção, diz Ivan Tomaselli, diretor da STCP Engenharia de Projetos. “A alta produtividade das florestas brasileiras, que chega a ser seis vezes superior à de regiões da Escandinávia e do Canadá, vem provocando a transferência de linhas de produção do Hemisfério Norte para o Sul”, acrescenta Ederson de Almeida, diretor da Consufor.

A demanda mundial por celulose deve crescer entre 3% e 4% ao ano na próxima década e, ao tomar lugar de outros polos produtores, o Brasil caminha para estar entre os três maiores fabricantes globais. Hoje o país é o quarto maior produtor, com 14 milhões de toneladas por ano.

Embalado pelo mercado imobiliário, o setor de painéis de madeira vem apresentando ta­­xas de crescimento de 10% ao ano, em média. O consumo de MDF no mercado brasileiro passou de 1,4 milhão de metros cúbicos por ano em 2005 para 3,2 milhões de metros cúbicos em 2010, segundo dados da Associação Brasileira da Indús­­tria de Painéis de Madeira (Abi­pa). Para Tomaselli, da STCP, o mercado deve crescer entre 5% e 8% ao ano – o que, no médio prazo, vai demandar novas ampliações do parque fabril.

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“Apagão” de madeira e crise desafiam projetos

A crise financeira internacional ainda não comprometeu os planos de expansão das empresas do setor florestal, mas especialistas admitem que, se houver um agravamento do quadro internacional, poderá haver adiamento de alguns projetos no Brasil.

A Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa) estima que o novo ciclo de expansão do setor receberá investimentos de US$ 20 bilhões em dez anos. A cifra inclui ampliação da base florestal em 45%, para 3,2 milhões de hectares; da produção de celulose em 57%; e de papel, em 30%. Segundo a entidade, por enquanto os projetos estão dentro do cronograma e nenhum foi cancelado.

A indústria de painéis de madeira programa investimentos de US$ 1,2 bilhão entre 2010 e 2014 no Brasil, segundo a Abipa, que representa as fabricantes. “Estamos quase na luz amarela. Acredito que a maior parte das empresas do setor está monitorando atentamente o comportamento do mercado e dos preços internacionais”, diz Ivan Tomaselli, presidente da STCP Engenharia de Projetos.

Além da crise global, alguns analistas voltaram a falar da possibilidade de um “apagão florestal”. Levantamento da consultoria Pöyry Silviconsult aponta para um déficit mínimo da ordem de 1,3 milhão de hectares plantados até 2020. Caso todos os projetos sejam implantados, o déficit de área plantada chegará a 2,3 milhões de hectares. A situação deve gerar um desequilíbrio na oferta de madeira, principalmente no Sul e no Sudeste, e reforçar a migração de projetos para as regiões Centro-Oeste e Norte.

Parceria multinacional

A possibilidade de escassez e de encarecimento de preços no futuro vem acelerando a compra de terras por empresas e fundos florestais. Uma tendência é a associação entre companhias nacionais e estrangeiras. Foi o que fizeram a Klabin e a chilena Arauco, que recentemente compraram uma área florestal de 107 mil hectares, por US$ 473,5 milhões, para fazer frente a seus projetos de expansão.

Para as empresas estrangeiras, essa é uma forma de driblar a restrição à compra de terras por capital estrangeiro imposta pela Advocacia-Geral da União (AGU) no ano passado. Empresas que não têm pelo menos 51% de capital social nacional passaram a ter restrições na compra de áreas no Brasil.

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Ibema adia fusão e abertura de capital

A Ibema, fabricante de papel-cartão que tem sede em Turvo, na região central do estado, adiou a fusão que pretendia concluir com a paulista Papirus até o fim do ano e a abertura de capital, antes programada para 2012. “Surgiram alguns pontos de discussão na fusão e eles ainda estão sendo avaliados. Teremos um atraso de seis a oito meses nesse processo”, diz o presidente da empresa, Nei Senter Martins, sem dar maiores detalhes. Juntas, Ibema e Papirus esperavam obter receita de R$ 600 milhões em 2011. A ideia era ganhar corpo para concorrer com Klabin e Suzano. A oferta de ações também deixou de estar no radar da Ibema, pelo menos para o próximo ano, por causa do atraso na fusão e da crise internacional.

Mesmo assim, a empresa está colocando em prática um plano de investimentos de R$ 15 milhões para ser autossuficiente em pasta mecânica, usada na fabricação do papel-cartão, e estuda aplicar R$ 40 milhões na expansão de 30% na produção, hoje em 8 mil toneladas de papel cartão por mês. O aumento será direcionado principalmente para exportação.

Empresas têm planos para o Centro-Sul e também para Santa Catarina

A Berneck, que tem sede em Araucária, na região de Curi­tiba, planeja aumentar em 10% a capacidade de produção de MDP no Paraná e está investindo R$ 350 milhões em uma fábrica em Curitibanos (SC), que produzirá 450 mil metros cúbicos de MDF e 700 mil me­­tros cúbicos de MDP por ano.

A fábrica catarinense, que sofreu atrasos por causa de suprimento de energia, deve ser inaugurada entre março e abril de 2012. Segundo Daniel Ber­neck, diretor industrial da empresa, a meta é crescer entre 30% e 35% no próximo ano. O projeto deve estar completo em cinco anos.

Santa Maria

A Santa Maria, de Guara­­puava (Centro-Sul do Paraná), vai investir na ampliação da produção de celulose. A informação foi confirmada pelo secretário municipal de Indús­­tria e Comér­cio, Mauro Cláudio Temochko. “Ela está procurando parceiros para o fornecimento de madeira, e sabemos que há muitos produtores expandindo suas reservas”, comenta.

Segundo o presidente do Sin­dicato das Indústrias de Papel e Celulose do Paraná (Sinpacel), Rui Gerson Brandt, a característica do setor no estado é o foco na produção de papel. “Assim como a Santa Maria, muitas empresas têm origem papeleira e procuram otimizar as reservas florestais investindo na produção de celulose para exportação”, explica.

Iguaçu

A unidade da Iguaçu, do grupo Imaribo, em Piraí do Sul (Campos Gerais), faz o oposto: já tem produção de celulose e fibra, mas pretende fabricar papel. Segundo o secretário municipal de Indústria e Comér­­cio, João de Barros, o grupo procurou a prefeitura em agosto deste ano para anunciar o interesse em investir na unidade. Hoje a capacidade produtiva da fábrica é de 108 mil toneladas por ano.

Cristina Rios e Maria Gizele da Silva, da sucursal de Ponta Grossa

Fonte:  Gazeta do Povo

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