"A política de descontos chega a seu limite. Os clientes querem agora qualidade e preferem ter uma rede móvel de dados e pagar um pouco mais. Isso já ocorre na Itália e chegará ao Brasil também", disse Marco Patuano, presidente da Telecom Italia, que detém a TIM no Brasil.
"O tema do preço ainda vai continuar importante [para uma parcela de consumidores]. Na Europa, pela crise, e no Brasil, pela classe de renda menor. Mas a trajetória é [de busca por] qualidade na rede de dados", acrescentou Patuano que esteve em Brasília na semana passada.
"No Brasil, há esse conceito de comunidades. O cliente da TIM tem uma tarifa para chamar clientes da companhia e outra tarifa [além de outros celulares] para falar com números de outras operadoras. Isso se reduziu muito na Europa."
Para ele, voz continua a ser um negócio importante.
"Na Europa, as pessoas falam muito mais que no Brasil e ainda aumenta", disse. No Brasil, onde cresce muito pouco, o segmento ainda representa 75% da receita. A demanda por dados, porém, é a que se expande mais.
Patuano esteve com o ministro Paulo Bernardo (Comunicações) na quarta-feira passada (28). Na pauta, entre os temas da telefonia, entrou a governança da empresa.
"Tivemos nos últimos meses uma grande discussão sobre o papel dos acionistas majoritários da Telco (dona de 22,4% da Telecom Italia e controlada pela Telefónica). O posicionamento do Cade teve muita influência no grupo", disse. O órgão considerou em dezembro passado o caso como de participação cruzada, multou a Telefónica e deu 18 meses para a empresa buscar uma saída.
"Hoje dez em um total de treze membros do conselho são independentes", disse.
A escolha dos conselheiros em abril ocorreu depois de muita tensão entre a Telco e grupos de acionistas comandados pela Findim, de Marco Fossati, que alegam conflitos de interesse entre a Telefónica e a Telecom Italia. Nenhum dos candidatos de Fossati entrou para o conselho.
Quanto à possibilidade de venda da TIM Brasil, Patuano reiterou mais uma vez que "esse não é o desejo da companhia. Já disse entre 40 e 50 mil vezes que o Brasil é a nossa segunda casa e queremos continuar a investir aqui".
Reconheceu, porém, que em negócios é impossível dar certezas. "Há preço para tudo, mas quando se trata de uma ativo essencial, não se busca vender. O investimentos neste ano no Brasil é de R$ 4 bilhões, fora o 4G."
Antenas em postes de luz
Para driblar a dificuldade em conseguir locais para as antenas e para obter licenças, a TIM criou no Brasil um modelo que deverá ser levado depois para a Itália.
São antenas pequenas, colocadas em postes de iluminação nas ruas, um pouco abaixo da fonte de luz. O projeto irá, de início, para Curitiba, onde chegará neste mês. A companhia afirma ter levado a ideia a outras prefeituras, entre elas a paulistana.
"As mesmas antenas poderão captar informações sobre o trânsito e a segurança nas ruas, com possibilidade de conexão com a polícia", disse Marco Patuano, presidente da Telecom Italia.
"Trocaremos os postes, que ficarão mais bonitos. É uma patente brasileira da TIM. Ainda não fechamos um número total de antenas", disse o executivo.
A empresa por ora não divulga o investimento total nesse novo projeto. Cada site deverá custar cerca de R$ 150 mil, segundo a companhia.
"A inovação demorava a chegar de quatro a cinco anos ao país", lembrou Patuano, que trabalhou no Brasil de 2002 a 2004. "Hoje vem em menos de dois anos." A empresa vai focar os investimentos em regiões metropolitanas. "Sem descuidar da cobertura de área rural, que é da nossa responsabilidade."
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